Echoes of Fates Foretold.

Capítulo 03.

⠀⠀⠀⠀Se existissem algumas dúvidas sobre Andras me entender sem eu falar nada acabaram assim que pousamos na enorme varanda do meu quarto e entramos em silêncio para dentro dos aposentos, o quarto era tão exageradamente enorme quanto a banheira que estava logo atrás das portas brancas à frente da cama incrivelmente macia, as paredes eram de uma cor branca trazendo mais luminosidade ao espaço, condizendo com as cortinas douradas que caiam em cascata pelas paredes onde havia janelas, para não falar claro do facto de haver uma grande vista para o céu e as estrelas – o que eu, com toda a sinceridade, mais gostava do quarto. Caramba, Rhysand e Feyre eram claramente atenciosos até com os quartos de visitas e isso só deixava saliente o tipo de feéricos que eles são. Foi a voz de Andras que me despertou daquele devaneio no meio da beleza do quarto.

⠀⠀⠀⠀— Sam voltou a morrer nessa sua visão?

⠀⠀⠀⠀Balanço a cabeça negativamente.

⠀⠀⠀⠀— Você não precisa de mentir para mim, Ella.

⠀⠀⠀⠀Não estava mentindo, eu não tinha visto Samael morrer apesar de não precisar de de o ver para me lembrar de tudo o que havia sentido. Eu via aquela cena todos os dias, fosse em pesadelos que arrancavam de mim lágrimas e gritos desesperados, fosse quando estava acordada a comer ou somente procurando pela profecia entre os livros cheios de pó na biblioteca da mansão. Eu via constantemente as minhas mãos manchadas de sangue e não sabia como desver isso, não sabia se queria já que era um lembrete do que aconteceria caso eu me distraísse e não encontrasse a porra da solução para resolver tudo aquilo.

⠀⠀⠀⠀— Me conte o que se está passando, Stella, deixa-me te ajudar.

⠀⠀⠀⠀— Não há nada que você possa fazer para ajudar.

⠀⠀⠀⠀Apesar da minha voz ter saído sem maldade eu vi os ombros de Andras se mexerem tensos em resposta à informação, desconfortáveis. Detestava que tivesse sido eu a causar aquela sensação nele, detestava.

⠀⠀⠀⠀— Elain pode fazer algo para te ajudar?

⠀⠀⠀⠀— Talvez — pondero, abraçando meu próprio corpo. — Ela é vidente.

⠀⠀⠀⠀— Sim.

⠀⠀⠀⠀Respondeu apesar de não ter sido uma pergunta.

⠀⠀⠀⠀— Vou falar com ela amanhã, ela tem a estufa aberta para o público, certo?

⠀⠀⠀⠀Andras confirmou com a cabeça e segurou nas minhas mãos, beijou delicadamente as costas das mesmas e soltou um suspiro. O calor dos seus lábios na minha pele me fez arrepiar, e não de frio. O elo que havia entre nós dois pelos vistos estava visível a todos, apesar de não revogado ainda. Ainda não era o momento certo, não me sentia preparada para aquilo. Andras não pareceu apressado e aquilo me deixava confortável, ele sabia o que havia entre os dois mas não apressar é algo que dou valor, não estava habituada a sentir algo tão… Forte, único e genuíno. Dava Graças ao Caldeirão e à Mãe por Andras ser compreensivo e mostrar que pode respeitar meu espaço, apesar de ser difícil para um macho, ele o faz por mim e faria por mais tempo se for necessário. Ele faria tudo por mim, até mesmo só permanecer no meu lado quando nada pode fazer para me ajudar neste assunto.

⠀⠀⠀⠀— Fica aqui?

⠀⠀⠀⠀Pergunto sem pensar duas vezes e os olhos dele brilharam com algo primordial, era ainda mais lindo quando aquele brilho surgia no seu olhar. Ele não precisou de responder para eu saber a resposta então não houve qualquer resistência quando o puxei para o único sofá cor da meia-noite no espaço, me aconcheguei nos seus braços e respirei fundo, estava pronta para o que se seguia? Eu não sabia, mas se eu sequer pensei em fazê-lo é porque estava minimamente pronta e isso chegava para mim.