Ela partiu para o céu

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…Vovó feche os olhos e

 deixe-me brincar nos

 teus lindos sonhos

Ela partiu para o céu 

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Ela partiu para o céu 

Crescentina sentia na sua atmosfera algo pesado e seu corpo reflectia toda a dor acumulada durante anos de sua vida, não era mais a mesma rapariga que corria pelo campo imerso de sua casa na região centro, nem a mesma que varria todos os dias no quintal enorme de sua terra natal logo que o galo cantava, nem aquela que corria de um lado para o outro em sua aldeia. Seu rosto carregava cicatrizes que o tempo deixou e sua luta marcou, suas mãos tremiam mas sempre mantendo seu agora pequeno sorriso porque é assim que ela cresceu aprendendo que a alegria mudava o mundo tornando o menos pesado e que o matendo diminuia a dor própria como a alheia.

Hoje estavam todos reunidos com ela e para ela porque a sua neta Xana avisou a toda família que nada estava bem e que a cocuana da casa estava indo para o céu.

— talvez seja hora de repousar _ brandou ela encolhendo os ombros

— vó o que diz? Ainda não só mais um pouco _ Xana segura a mão de sua avó e deixa as lágrimas cairem

— oh minha netinha eu só vou dormir um pouco e em breve estaremos juntas _ fala com dificuldade 

O ar gélido que passou dentro de sua pequena morada que era um mero improviso de zinco, faz frio ou calor o lugar termico era torturante, seus filhos falaram sobre isso mas ela queria passar os últimos dias de sua vida na sua aldeia onde seu coração sempre esteve gravado. Cada filho foi despedir se dela e agradecendo a menina por ter cuidado da matriaca por ter sido a única a deixar o conforto da capital com uma vida boa e com a vida facilitada para ficar numa aldeia onde para se ter água potável tinha que andar durante umas duas horas e por vezes não chegar a tempo ou por vezes encontrar uma bicha cheia. Ela ia ao campo acompanhada de sua avó mesmo doente, o que seria dos nossos avós sem os seus netos e o que seria de nós sem amor ou sem eles.

A avó, mãe, irmã, filha, mulher, Crescentina era a mulher que ouvia a todos e dava conselhos a todo mundo, ela é ainda uma sage pois no meio de tanta escuridão sabia desvendar e laminar uma alma. Todos eles não iam esquecer de acordar e orar, caminhar orando, antes e depois da refeição orar e antes de deitar continuar orando pois ela ensinou que o amor de Deus é maior e que ele estaria olhando para eles e para seus antepassados hoje e pelo resto da vida

— vai demorar muito tempo _ a sua outra neta Bernadete chega chorando com seus dois irmãos e os cinco primos

— não não estaremos juntos um dia mas agora vocês tem que viver porque tem muito que fazer nesse mundo mas olhem para mim estou fragil e acabada e está na minha hora _ suspira

— pedimos sua abenção vovó _ diz um dos netos

O que seria de nós sem as bençãos dos nossos ascendentes nada seria de nós. Todos receberam as bençãos e agora ela é que é a criança recém nascida mas nesse caso estava na hora dela partir.

— lembram de choriro_ Bernadete pergunta

— sim lembro _ diz um dos irmãos

— esse é o nosso choriro _ diz a avó

As meninas seguram as lágrimas e o José um dos netos leva livro choriro e lê em voz alta desde o início até que trocasse com o outro primo ou irmão até que todos dormiram com boa noite e obrigada de sua amada avó.

A morte chama nos todos os dias mas não era o dia quando ela enfrentou o veneno de uma cobra em seu organismo ou quando a casa caiu por cima dela, nem quando deu luz os seus filhos. Mas agora tinha chegado o dia.

Todos acordaram com grito de dor e choro e sim ela havia partido.

— ela se foi _ diz Tiago o mais novo

— para onde?_ pergunta José ainda acordando

— ela partiu para o céu

A morte é início de uma nova vida ao qual nós vivos ainda desconhecemos.











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