A Dama Que Usa Preto

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Eu estava ainda tentando entender o que a pessoa na minha frente estava tentando insinuar. Parecia um grande livro fictício, eu gostaria de acordar agora com o alarme do lado de minha cama tocando. Nada disso é real. Mesmo tentando me convencer disto, por qual motivo eu não acordo? E por qual razão o alarme não toca?

— Fique com sua máscara bem presa no rosto, isso pode impedir um pouco de sentirem seu cheiro, e de te reconhecerem, é claro.

Ela ia continuar falando, quando um homem muito bem vestido apareceu no andar de cima, perto das escadas. Todos olhares se voltaram para ele, inclusive, o meu. Ele estava um pouco distante, a máscara em seu rosto não me deixava analisar nem descrever seu físico. Apenas seus ombros largos e braços fortes o deixavam com uma personalidade forte.

— Quem é? – indaguei curiosa.

— O líder. É dele que você deve se manter distante, não acho que ele seria piedoso com uma humana. – ela disse.

Seria possível eu estar começando a acreditar nas suas palavras? Ou então eu estava sonhando ainda, mas seria um daqueles sonhos do qual tenho controle sobre como vai se desenvolver.

— Eu preciso sair daqui. – sussurrei.

— Já te disse, humana. Não há formas de você sair deste lugar, e se há, apenas uma pessoa sabe disso.

Quando o homem desceu as escadas, cada pessoa veio cercar ele com conversas, certamente babando o ovo daquele que chama tanta atenção, o seu "líder".

— Não sei para onde vou, e nem como vou me esconder destas criaturas que você tanto fala, como posso me manter viva neste lugar? Tem que haver uma saída!

— Isso pode ser tão arriscado para mim. – ela pensou consigo mesma. — Certo, só fique comigo e amanhã mesmo devo decidir o que farei, mas não pense que você terá escolha de nada.

Suas palavras me assustaram, claro que iriam me assustar, onde eu estou? A poucos minutos eu só queria ajuda e informação, agora, já não sei se atrás daquela porta é o mesmo caminho pelo qual percorria.

***

Eu me mantinha perto da mulher, com medo de cada pessoa que passava por perto, eu tentava ao máximo passar despercebida. Aos poucos cada um foi indo embora, e quando chegou nossa vez, eu me senti cada vez mais apreensiva. Nós não saímos pela porta que entrei, ao contrário, saímos por outra porta, um pouco mais distante do salão onde ocorria a festa.

O lado de fora, era totalmente diferente. As casas eram mais distantes da grande mansão onde ocorria a festa, todas eram em um modelo rústico. Eu observei aquela grande mansão antes de sair pelos portões, se aparentava muito mais com um castelo, tanto dentro como fora, seu jardim era repleto de flores com espinho, era de uma beleza enorme.

Aos poucos fomos nos afastando, as ruas estavam escuras demais, não se via uma sequer pessoa vagando por ali.

— Qual é o seu nome? – a mulher ao meu lado perguntou.

— Me chamo Annelise. Mas pode me chamar apenas de "anne".

— um belo nome.

Paramos de andar ao chegar em frente à uma das casas do bairro, acredito que seja a sua.

— Preciso saber o que vou fazer com você, a última vez que um humano veio para cá faz muito tempo. – comentou.

Ela puxou minha mão me guiando para dentro. Eu devia evitar isso, as chances de ela estar me levando para a morte são grandes, e por qual motivo estou confiando tanto nela? A resposta é clara, eu não sei onde estou, nem o que iria fazer se não tivesse algum lugar para passar a noite, seria certo que acabaria morrendo até o fim do dia.

— Eu não entendo como vim parar aqui. Quer dizer, isso realmente existe? – questiono.

— Eu sei como deve estar confuso. Nada disso parece ser real, é muito estranho você ter vindo para cá. 

A minha curiosidade em seguir a luz da lua me fez chegar aqui, maldita luz da lua! Maldita eu que acreditei nas histórias que contavam, era óbvio que só eram superstições daqueles que não tinham nada para fazer. Mas eu, como uma bela boba que acreditou por muito tempo no que se havia dito, me deixei levar, e quis descobrir para onde seria levada.

E vim parar em um outro mundo, onde eu quero acordar a qualquer momento e perceber que não passa de um mero sonho. Certamente eu sou a menos preferida do universo.

— E o que você já pensa sobre o que pode acontecer comigo? Já que eu não posso ir embora, eu vou permanecer o resto de minha vida aqui? – me desespero só de pensar nessa possibilidade.

— Na verdade... Isso só quem pode decidir é Dylan.

— Dylan?

— O nosso líder.