Não Vou Esquecer

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Mal se levantaram, Aesop puxou Morgana para se esconderem nos arbustos mais próximos. Antes que ela pudesse sequer entender o que se passava, Aesop fez-lhe um pedido mudo de silêncio. Apontou para a estrada adiante de onde vinha um quarteto de goblins armados. Conversavam alguma coisa entre si, mas àquela distância não lhes era possível ouvir.

Os goblins não só seguravam grandes e robustos machados como vestiam brilhantes armaduras e elmos. Atravessaram a ponte sobre o rio e avançaram para dentro da Floresta Proibida.

Morgana olhou de relance para Aesop.

– Devem ser aliados do Ranrok. – Viu-o concordar com um balanço positivo da cabeça. – Vamos segui-los?

– Fora de questão. – Morgana rolou os olhos. – Iria se estivesse sozinho. E não faça essa cara: não deveria estar aqui, não é seguro; para não falar que está a atrapalhar o meu trabalho. A sua segurança é minha responsabilidade.

– Oh, por favor. Vamos discutir isso outra vez, professor?

– Não estou a gostar da sua insolência, Malfoy, como já deveria ter reparado. Não teste a minha paciência.

Morgana respirou fundo e soprou um pedido de desculpas.

– Salvei-o agorinha. Não é prova suficiente de que não vou atrapalhá-lo?

Aesop não conteve o riso trocista.

– Não. Queimou o meu casaco.

Morgana levantou-se. Aesop apressou-se a fazer o mesmo.

– Compro um novo para si. Problema resolvido.

Tomou a frente e caminhou rumo à Floresta. Na falta de som de passos às suas costas, virou-se, sem parar de andar, e gesticulou para que Aesop a seguisse.

– Não vem? Vou sozinha. A minha segurança é sua responsabilidade. – Morgana não escondeu o quanto se estava a divertir, apesar de ver o desagrado estampado no rosto de Aesop.

Sem outra alternativa, e porque também queria descobrir o que goblins estavam ali a fazer tão perto de Hogwarts, Aesop seguiu-a.

– Tenho uma condição, Malfoy.

Aesop travou-a ao segurar-lhe o pulso.

– Todas as que quiser.

– Afinal vão ser duas. – Expirou com profunda impaciência. Já sentia o arrependimento formigar e a prometer tomar conta de si. – Vai seguir todas as minhas ordens; todas, Malfoy. Se eu mandá-la correr sozinha, vai correr sozinha. E sem piadas. Estamos entendidos?

Morgana não conseguia conter a animação que sentia.

– Com certeza, senhor professor. – Bateu continência. – É assim que fazem no exército muggle, não é?

Aesop soltou-a e retomaram a caminhada. Por momentos, parecia um passeio de péssimo gosto pela Floresta Proibida, em vez de uma investigação.

– Sabe muito sobre muggles para alguém que vem de uma família que os despreza.

– Aprendi com a minha mãe sem o meu pai saber. – À menção da sua família, o entusiasmo de outrora dissipou-se. Porém, Morgana não queria ficar em silêncio, por isso mudou de tema. – Os Inferi... O Bardolph Beaumont descreveu que foram criados; e ele próprio tornou-se num. Como conseguem?

O professor hesitou em dar-lhe uma resposta.

– Nas Artes das Trevas existem outras vertentes além das que são comummente conhecidas. Necromancia é uma delas.

Masquerade (Morgana Malfoy x Aesop Sharp)Onde histórias criam vida. Descubra agora