Henry Abbott estava furioso com a decisão do diretor, mas mais furioso estava com Aesop Sharp por ter-se intrometido. Além disso, Evangeline Bardsley evitava-o de todas as formas. Fugia sempre que o via, nunca estava sozinha e dirigir-lhe a palavra era impensável. Boatos começaram a correr em Hogwarts sobre os motivos pelos quais tinha sido expulso da equipa de Quidditch, e desconfiava que tinha sido Evangeline a espalhá-los.
Revoltado com a perspetiva de um último ano em Hogwarts envolto em monotonia e, principalmente, de reputação manchada, decidiu que tinha de fazer algo. Se não fosse mudar para melhor, pelo menos poderia divertir-se e, sobretudo, vingar-se.
Com a ajuda de Ernest Brenton, Henry começou a espalhar o caos. Enfeitiçavam comida no Salão Principal e faziam-na voar de uma ponta à outra, incluindo terrinas de sopa a ferver que salpicavam quem estava ao redor. Graças a isso, alguns alunos precisaram de visitar a Ala Hospitalar para tratar queimaduras ligeiras. Utilizavam feitiços maliciosos para fazer os colegas tropeçarem nas escadas ou terem dificuldades a controlar as vassouras durante as aulas de voo e os treinos para o campeonato. Sabotavam os caldeirões nas aulas de Poções, fazendo-os explodirem quando adicionados os ingredientes errados. Este último dava a Henry um gosto especial, pois afetava diretamente Aesop. No entanto, envolver um antigo Auror nas suas travessuras tinha o seu preço. Pontos foram retirados à casa de Slytherin e detenções atribuídas uma atrás da outra.
Numa manhã, um gritador enviado pelos seus pais chegou. Os avisos foram ignorados, e Henry canalizou toda a sua fúria para Aesop. Marchou atrás dele depois do pequeno-almoço e alcançou-o na escadaria principal. Esperou-o descer os primeiros degraus, os cochichos dos alunos ao seu redor não passando de um ruído distante.
O momento perfeito tinha-lhe sido presenteado pelo universo e não iria desperdiçá-lo.
Os lábios rasgaram-se num sorriso vitorioso ao tirar a varinha do bolso da sua capa. Apontou-a para Aesop, o corpo a regozijar-se em júbilo pela eminência de concretizar a sua vingança.
O feitiço estava na ponta da língua. A varinha brilhou ao canalizar para ela a sua magia.
Pela visão periférica, soube que os olhares estavam presos em si.
— Depulso!
O sibilo cortou o ar e uma explosão branca atingiu as costas de Henry. Foi projetado para a frente, completamente desamparado. O mundo girou diante dos seus olhos, desorientando-o. O seu grito desesperado ecoou e silenciou as conversas paralelas.
Aesop virou-se na direção do som, a mão a caminho da sua varinha guardada no casaco. A sua reação foi rápida: um feitiço não verbal impediu que o aluno descesse a escadaria até ao fundo em queda livre; uma queda da qual não sairia vivo, era certo.
Com uma maestria invejável, Aesop pousou o corpo trémulo de Henry dois lances abaixo, onde ficou encolhido e imóvel.
Levantou o olhar para a origem do feitiço — e de onde veio o som de uma varinha a cair. Encontrou Morgana, pálida e estática, os olhos esbugalhados presos nos seus. O burburinho voltou a preencher o vazio do silêncio, as atenções centradas nela. O seu coração acelerou, tão forte que escutava-o nos ouvidos.
Aesop começou a refazer o caminho até ela o mais rápido que a sua perna lhe permitia, mas Morgana deu-lhe as costas e correu na direção oposta.
Para trás, deixou a sua varinha esquecida no chão.
☾ ―――――― ☪ ―――――― ☽

VOCÊ ESTÁ LENDO
Masquerade (Morgana Malfoy x Aesop Sharp)
Fiksi PenggemarA vida é como um baile de máscaras. Escondemos quem somos, o que somos. Dançamos ao som da música: por vezes a nossa, por vezes a dos outros. Nesta dança, Morgana Malfoy descobre que não só ela, mas também todos à sua volta vestem uma máscara para e...