PARTE II.

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Yeonjun não imaginava que, depois do tratamento frio que havia dado para o príncipe, este parecia mais interessado em se aproximar, mesmo dando todos os sinais de que deveriam se afastar e não ter contato um com o outro.

Durante a parte matinal, Beomgyu entrava no subsolo para lhe desejar bom dia, contava sobre as coisas que havia acontecido na noite anterior e depois subia para tomar café, não se importando com a falta de interação ou respostas do dragão.

À noite, ele esperava Yeonjun voltar de sua rotina noturna, esperando-o sentado nas escadas do castelo com uma água quente, panos e curativos, para que lhe ajudasse a fechar as feridas quando era preciso. As vezes, ele também levava um prato de comida, Yeonjun pegava e levava para as masmorras, sequer agradecendo ou trocando palavras com o mais novo.

De qualquer forma, haviam se acostumado com aquela rotina. Beomgyu não se importava em fazê-la, muito menos na falta de interesse de Yeonjun em trocar algumas palavras, saber que a criatura não o rejeitava quando decidia cuidar de suas feridas, ou aceitava suas refeições, deixava o príncipe com o coração aquecido.

O dragão não entendia o porquê de tudo aquilo, mas sempre chegava exausto demais para reclamar. De certa forma era bom, por mais que não admitisse, ter alguém à sua espera para cuidar de si, já que não havia ninguém que tenha feito aquilo durante todos os seus anos até ser preso no castelo.

Essa noite seria mais uma em que Beomgyu se esgueirava de seu quarto, olhando para os lados dos corredores extensos, temendo ser pego por alguém até que pudesse ir à entrada do castelo, esperar pela chegada de Yeonjun.

Em suas mãos, havia uma pequena cumbuca com água morna tirada direto da torneira, um pano seco estava pendurado em seus ombros e no outro estava uma pequena bolsa de couro com materiais suficientes para um curativo.

Ele andou na ponta dos pés em direção a porta, o coração acelerando de forma estranha enquanto via o céu estrelado ao longe, uma animação correndo suas veias e um sorriso brotando pequeno no rosto de forma involuntária.

No entanto, sua ansiedade foi interrompida quando, passos do portão de entrada, Joohyun apareceu com os braços cruzados.

Ela era uma bruxa, e talvez por isso tinha uma aparência tão jovial e bonita, mesmo durante todos aqueles anos. Seus cabelos eram longos e pretos, os olhos amendoados brilhantes, sua boca era pequena mas carnuda, as bochechas altas num tom rosado natural. Ela vestia um conjunto vermelho de veludo, próprio para dormir, e tinha os braços cruzados.

Encarava Beomgyu atenta, fazendo o menor resetar e encolher o corpo.

— Onde está indo, Beomgyu? — Ela perguntou, um tom sério.

O príncipe encolheu mais ainda, por mais que soubesse que a bruxa não iria brigar consigo.

Joohyun nunca havia lhe proibido de nada, por mais que reforçasse tudo que Beomgyu deveria ou não deveria fazer. Mesmo falando que não era próprio para que ele se encontrasse com Yeonjun e que, no caderno, estava escrito que eram proibidos de interagir, ela nunca realmente havia chegado e falado alguma coisa sobre isso.

Mas, mesmo assim, Beomgyu não podia deixar de se sentir envergonhado com sua atitude. Afinal, ele não escondia nada de Joohyun.

De alguma forma, sentia que aquilo deveria ser um segredo. Mas era um segredo bom, não sabia o porquê.

No entanto, havia sido pego. Não adiantava nada esconder.

— E-Eu... — Iniciou, sem encarar a mulher. — Noona... Eu... Eu vim me encontrar com Yeonjun-ssi.

Ao levantar os olhos para olhá-la, ela pareceu analisar sua face, para descobrir se era mentira ou verdade o que estava falando.

Por mais que fosse apegada a Beomgyu, tinha medo dele ter contato com outras pessoas de fora do caminho. Era seu dever fazer com que o príncipe ficasse vivo até completar a maioridade, pessoas de todos os reinos querem interromper o curso natural da história para que haja guerra. Sua cabeça seria cortada e queimada viva caso Beomgyu não estivesse inteiro até o dia de seu salvamento.

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