My life

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Quem eu era antes de vir parar neste inferno? Agata Fox, nascida e criada em Sarasota, Florida. O meu pai era dono de uma empresa de arquitetura conhecida por Deus e o mundo. Já minha a mãe trabalhava com medicina forense. Acontece que isto pode ter mudado com o tempo que se passou.

O que mais posso dizer? Bom... Desde pequena, eu sempre dancei de tudo um pouco e também colecionava pedras. As pedras entraram na minha vida numa viagem de férias ao Brasil com meus pais, quando eu tinha uns 12 ou 13 anos. Desde então, eu realmente me apaixonei, fiquei tão encantada que decidi me dedicar a esta área no futuro e não à dança, mas nem tão cedo larguei as sapatilhas.

A parte triste? O que me fez chegar até aqui? Meus sonhos começaram a se perder quando eu tinha apenas 14 anos, porque meus pais já não tinham mais tempo pra mim, quem já passou por isso sabe o quanto é complicado, por mais que pareça besteira. Eles não tinham nem tempo para me ouvir, é pior do que você imagina...

Com uns 15 anos, prestes a fazer 16, arranjei um namorado, foi aí que ao menos o meu pai arranjou algum tempo para mim e se você pensa que foi para conversar, me apoiar e dar carinho, está errado. Ele só pensava em me vigiar e dar broncas. Ele sabia da existência do namoro, mas não reclamava, porque meu namorado era um cara tranquilo pra ele. Sua maior preocupação eram meus amigos: Jeff e Jane. Na verdade, eram eles que mais me protegiam.

Pode lhe parecer a coisa mais clichê do mundo, mas eu mesma optei por me manter virgem até encontrar o cara certo que, com certeza, não era meu namorado tarado que sempre tentava "esquentar" as coisas. Eu acho que só fiquei com ele para não decepcionar meus pais, e por pensar que podia torná-lo melhor. Na verdade, ele era um monstro pior do que eu imaginava, a pior pessoa com quem eu já compartilhei meus segredos e logo você entenderá isto.

Terminei o ensino médio aos dezesseis anos, porque sou adiantada. Me lembro que estava tudo certo, parecia que as coisas estavam começando a dar certo na minha vida. Eu ia para o Texas fazer faculdade de geologia e moraria por lá. Ganhei meu primeiro apartamento e ficaria namorando à distância, não sei como Albert, meu até então namorado, concordou. Também sei a razão pela qual não acabei com tudo logo. Eu tinha, e ainda tenho uma mentalidade muito estranha.

Lembro muito bem que depois do meu baile de formatura, meu pai convidou Albert pra dormir na minha casa, porque seus pais estavam viajando. Acontece, que estavam reformando os dois quartos de hóspedes que temos, minha mãe insistiu e Albert acabou dormindo no meu quarto, na mesma cama que eu, e o mais estranho é que ele não tentou nada. Era bom demais pra ser verdade. Eu disse ERA, porque quando acordamos de manhã, Albert começou a me agarrar. Eu pedia que Albert parasse, mas ele não respondia e ficava cada vez mais agressivo. Não era brincadeira, ele não ia só me beijar até eu ficar sem fôlego e eu não queria nada. Logo caiu a ficha: Eu estava prestes a ser estuprada pelo meu namorado.

Entrei em desespero. Era terrível, eu me debatia na cama e gritava, pedia socorro, mas ninguém ouvia. Albert já havia se livrado da minha blusa e dizia que meu corpo era minha única qualidade, mandava eu me calar ou ele me machucaria muito. Ele disse também que se eu contasse pra alguém, ele faria todos acreditarem que eu era louca, porque sabia das coisas que eu andava pensando em fazer.

Quando ele ia abrir meu sutiã, ouvimos batidas na porta e eu dei graças a Deus. Era o meu pai chegando na hora certa ao menos uma vez na vida. Albert jogou minha camisa em cima de mim, furioso e eu me vesti apressadamente. Ele foi abrir a porta com o sorriso mais cínico do mundo e eu tratei de secar as lágrimas. Meu pai perguntou o qual era a razão dos gritos e Albert se desculpou dizendo que estava fazendo cócegas em mim. Sim, meu pai acreditou na pior desculpa do mundo e eu fui boba por não protestar. Passei o resto do dia chorando e pensando em como deveria agir.

Foi a gota d'água para mim. Exatamente uma semana depois, escrevi uma carta, peguei um monte de remédios, cacos de vidro, CDS, garrafas de bebida e levei pro meu refúgio. Lá, enquanto eu ouvia música, cortei meus punhos, bebi uma garrafa de vinho inteira, tomei remédios até tudo ficar escuro. Eu só esperava a morte, mas acordei dias depois no hospital. Meus pais haviam me salvado e meu rosto era capa de revistas e destaque em jornais.

Depois de passar um tempo ali, voltei pra casa. Conversamos muito e meus pais resolveram me internar num hospital psiquiátrico em Nevada. Concordei tranquilamente, mas eu sabia que não era louca e aquele lugar só me faria pior. Eu passei cerca duas semanas lá, praticamente dopada e posso dizer que um enfermeiro tentou até abusar do meu estado.

Numa noite aparentemente comum naquele lugar sombrio, me deram um remédio mais forte do que o normal, então adormeci com facilidade. Quando acordei, eu havia sido traficada e estava num avião clandestino, rumo a um bordel luxuoso na Rússia, que é onde eu ainda estou até hoje, só não sei até quando vai durar.

Não estou me prostituindo, porque sou virgem, então, me vender num futuro não tão distante, por um bom preço pra alguém é mais lucrativo. Eu apenas danço nos shows e me enchem de injeções de sabe-se lá o que, para acabar com minhas energias. As vezes eu faço um tipo diferente de trabalho, os caras pagam pra que eu os acompanhe em eventos, mas é só isso, se eles tentam algo a mais e o cafetão fica sabendo, pode dar até morte.

Eu já tenho 19 anos e até hoje meus pais devem pensar que eu fugi do hospital. Eu não entendo como uma mente humana pode trabalhar tão bem e dar um sumiço numa pessoa sem deixar rastros.

Nunca sei o que vai acontecer comigo e sempre estou sendo vigiada. Andei ouvindo algumas pessoas dizerem que minha hora de ser vendida está chegando e que pagarão muito pra me ter.

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