Depp?!

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Passo o dia inteiro ensaiando para esta noite. É praticamente minha rotina. As vezes, tenho que ajudar na limpeza ou na cozinha, mas não ligo muito. Acho até bom, porque aprendo aqui mais do que aprendi em casa. Ainda me lembro dos primeiros dias neste bordel. Eu ainda não tinha um quarto, então dormi com as prostitutas. Passei as noites jogada no chão, chorando baixo até que conheci Diana. Conversávamos e acabei criando um vínculo com ela e as outras garotas.

Quando chego no meu quarto pra me arrumar, dou de cara com uma sacola de loja em cima da minha cama. Me sento, a pego, abro e vejo dentro uma lingerie azul-marinho, muito bonita e cara por sinal. Sei que só ganhamos lingeries em ocasiões especiais então, é motivo para espanto.

Corro para a sala onde minhas amigas se arrumam e vejo que todas já estão vestidas com roupas que já usaram em outras noites. Considerando a lingerie e que hoje o cafetão me analisava enquanto conversava com o gerente do bordel, estou encrencada. Por favor, meu Deus... Me diga que não é hoje, isto não está acontecendo! Não, não pode ser verdade!

- Alguém ganhou figurino novo?- Pergunto um pouco desesperada.
- Não.- Minhas amigas respondem juntas.
- Não ganhamos lingerie nova há uns dois meses, Agata.- Diana diz se aproximando de mim.
- Uhum...
- Não vai se arrumar?- Diana pergunta acariciando meu rosto.
- J-já vou...
- Você ganhou figurino pra usar hoje?- Samanta pergunta.
- S-sim...
- E você foi a única...- Samanta comenta espantada.
- Eu estou muito preocupada, hoje George e o gerente ficaram me analisando e conversando, como se planejassem algo.
- E ainda andam dizendo que está chegando sua hora.- Cassey diz levando uma mão até sua testa, demonstrando estar preocupada.- Agata... Me desculpe, mas tudo indica que você vai ser vendida hoje.- Cassey diz com lágrimas nos olhos.
- E-Eu já imaginava...

Começo a chorar e minhas amigas me abraçam. Eu tenho que ser forte, uma hora vou ter que aprender a conviver com tudo isso. A verdade dói, mas não quero mentir para mim mesma, porque sei que não vai adiantar. Não tenho mais família, não sei se um dia vou voltar para casa, não sei se vou viver como alguém normal um dia, ou se poderei me apaixonar por alguém como acontece com a maioria das pessoas.

Logo, a porta se escancara me fazendo deixar os pensamentos melancólicos de lado. George, nosso abominável cafetão, entra no camarim com seus homens. Eu e as outras garotas nos separamos, secando nossas lágrimas o mais rápido possível. Ele apenas nos analisa e tenho medo do que veio fazer, porque sei o que acontecerá esta noite.

- Posso saber o motivo das lágrimas?- George pergunta.
- Você sabe muito bem o motivo!- Eu o enfrento e ganho um tapa tão forte em meu rosto que me faz cair no chão fraca.
- Então todo mundo já percebeu que Agata vai ser vendida hoje?- Ele ri irônico e seus homens sorriem junto.- Anda logo! Temos que conversar, Agata.

Diana me ajuda a levantar do chão e me deseja sorte. Eu retribuo tentando sorrir, mas não consigo. Logo sou arrastada pelos corredores, até sala de George, ficando sozinha com ele. Está tudo perdido. Eu vou ser vendida esta noite e não tenho ideia de quem pode ser meu futuro dono, mas sei bem o que tal pessoa vai querer comigo. Alguém me diz o que eu fiz pra merecer toda essa merda na minha vida?

- É o seguinte, quero que você se arrume muito bem hoje, se esfregue naquela barra como se fosse sua última dança e não faça gracinhas!
- Tudo bem. Você pode ao menos dizer quem vai me comprar?
- Agata, Agata... você faz perguntas demais. Eu só vou te responder porque você se comportou bem durante o tempo que ficou aqui.
- Obrigada!- Desde quando eu devo agradecimentos a este babaca?
- É bem provável que um Sheik velho e nojento te compre, mas ainda não tenho certeza.- Eu abaixo minha cabeça, sentindo as lágrimas surgirem.- Prepare-se para se tornar uma escrava sexual, Agata.- Ele levanta minha cabeça, fazendo com que eu o encare.- Vão abusar muito de você.- As lágrimas começam.- Seque estas lágrimas!- Faço o que ele manda.- Tenho certeza que você vai fazer de tudo entre quatro paredes só pra não apanhar do seu dono.- Ele rapidamente toma meus lábios, invadindo minha boca com sua língua, mas eu não retribuo.
- Não George...- Digo me afastando mas ele repete seu ato e eu continuo não retribuindo.
- Não vai me beijar, Agata?- Faço cara de nojo que é exatamente oque estou sentindo.- Ou você se comporta, ou eu te dou um belo tapa, que vai deixar sua cara marcada, não te vendo nem hoje e nem nunca, vou te corrompendo aos poucos até te colocar pra trabalhar nos piores lugares que eu puder.
- Vou me comportar...- O puxo pela lapela, mas ele me dá apenas um beijo suave.
- Você me estressou demais. Agora eu quero mais que isso!

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