London Fields

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P.O.V. Ágata

A única coisa que sei fazer neste momento é chorar. Um único beijo nunca me machucou tanto. Por que, Depp? Por que logo ele fez isto? Desde que passei a confiar neste homem, me tranquilizei pensando que não fosse encostar um dedo em mim e também não fosse permitir que ninguém fosse fazer isto. Agora ele me beijou. Não foi com carinho, pareceu algo sujo. Foi forçado.

Estou me sentindo usada. Ainda corro o risco dele querer algo a mais no hotel. E se Depp quiser algo, eu vou ter que aceitar. Ele está sendo agressivo comigo. O braço que ele agarrou ainda dói.

Será que toda essa história de me tratar bem e querer me fazer feliz era só pra me levar pra cama sem ouvir muitas reclamações e choro?

- Ágata, por favor, não chore.- Ele diz enquanto entramos no carro.- Eu sei que fiz merda. Por favor, fala comigo!
- E-eu não consigo...- Digo em meio aos soluços.

O resto da viagem até o hotel é em silêncio. Mas este silêncio é só no carro mesmo, porque minha mente está barulhenta. Se ao menos fossem coisas boas...

Eu quero voltar no tempo, fazer tudo da forma certa, morrer e não estar aqui hoje. Nem sei porque ainda luto pela minha vida. Medo de morrer não é. Penso que as pessoas não tem medo da morte e sim de não conseguir realizar seus sonhos antes da vida chegar ao fim. Meus sonhos já estão perdidos mesmo. E hoje, percebi que não vou ter uma vida feliz ao lado de Depp. Talvez o beijo que ele me deu estivesse cheio de intenções e sem nenhum sentimentos. Confesso que da minha parte, mesmo que eu não tenha retribuído, eu sinto algo por ele. Isso tudo me deixou muito confusa. Tanto que agora só sei chorar e pensar merda.

Chegamos ao hotel, saímos do carro e pegamos o elevador. Amanhã as fotos de Johnny me beijando vão estar disponíveis para o mundo inteiro e não é muito comum alguém agarrar sua assessora.Se meu pai ver as fotos e me reconhecer, já era. Ele me procurar querendo saber a verdade. A verdade pode ferrar muita gente.

Assim que chegamos na suíte, eu nem me troco. Vou logo pegando meu diário e me sento na cama pra escrever e tentar me acalmar. Infelizmente, eu não consigo controlar minhas lágrimas. Acho que senhor Depp está na sala. Pois é... Estou nervosa a ponto de chama-lo assim.

Logo termino de escrever e guardo meu diário. Fico olhando pra porta e pensando que qualquer rastro de inocência que ha em mim, pode ser arrancado hoje assim que senhor Depp entrar no quarto.

A maçaneta gira, a porta se abre e eu entro em desespero. Senhor Depp entra no quarto tirando seu terno e sua gravata. Ele se senta na cama e eu abaixo a cabeça, mas ele mantem seu olhar fixo em mim.

- Olhe pra mim.- Soa como uma ordem e eu logo o atendo.
- Por favor, faça o que quiser comigo. Apenas não me machuque e nem brigue comigo se não for como você imagina.- Eu peço chorando.
- Ágata...- Ele me abraça, parando de ser frio comigo e depois me solta.- Por favor, pare de chorar.
- Estou tentando. Eu juro!- Rimos juntos.
- Me desculpe, por favor.- Ele passa uma mão pelo meu rosto enquanto coloca a outra em minha cintura.- Como você deve ter percebido, a Winona estava lá, ela me provocou, eu não soube me controlar e...
- Tudo bem...
- Olha eu sei que você só tem 19 anos, e é meio estranho, talvez até... nojento um cara de 51 anos me beijar, mas me desculpe!
- Por favor, Depp... Não pense assim. Eu não sou assim.
- É que eu estou com tanto medo da sua reação, e do que você está pensando de mim agora, quanto você está com medo do que pensa que eu vou fazer.- Ele se embola.
- Você quer saber como eu me sinto?
- Sim! Se quiser, pode bater em mim. Só não me mate.
- Certeza?
- Sim!

Respiro fundo e o encaro com raiva.

- Por mais que você ache confusa a minha explicação, eu vou fazer você entender tudo no final. Eu odiei o que você fez, mas gostei ao mesmo tempo.

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