Capítulo único

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A melodia se iniciou enquanto Mina observava a paisagem pela janela.

O piano soava enquanto as nuvens passeavam pelo azul.

Mina, sempre foi assim.

Distraída com mundo enquanto ouvia sua música favorita no volume mais alto possível.

Voado e caindo.

Sempre se perguntando sobre a vida.

A voz eletrônica informou a estação, novamente passando seu destino e precisando retroceder.

Seus pés pularam a pequena divisória.

Degrau por degrau, uma virada para a esquerda e lá estava o outro lado da plataforma.

Sentada no banco aguardando o vagão novamente, navegava pelas telas do celular esperando os segundos passarem.

Então ele chegou.

Duas estações depois e ela estava chegando em casa.

Um novo dia se iniciava.

O caminho padronizado, aguardando a pequena mudança que se iniciava.

O escuro do túnel chegou e seus olhos foram até a janela aposta.

Aquela foi a primeira vez que Mina a viu.

Parecia aquilo que ela sempre esperou.

A voz eletrônica anunciou a estação.

A sua estação.

A garota se levantou e Mina se moveu junto.

Lado a lado esperando a porta se abrir.

Um passo para o lado e o sorriso agradecido dela foi em sua direção.

No meio da plataforma seus pés congelaram.

Seus olhos observaram os pés subirem a escada, se afastando aos poucos.

Então eles se viraram, acompanhando cada passada.

No dia seguinte ela estava lá novamente.

Seus dedos rabiscavam com o lápis em um pequeno caderno.

Um levantar, a alça segurada enquanto o vagão parava.

Os passos pela escada e seus olhos se encontraram na canaleta.

Um novo dia.

E mais um.

Novamente, novamente e novamente.

Vários dias.

E ela estava ali.

O lápis desenhando no papel enquanto os olhos de Mina se distraiam com sua imagem.

Nesse novo dia foi novamente diferente.

Seus pés pararam ao seu lado permitindo que ficássemos lado a lado.

Sua voz soou chamando sua atenção.

- Qual o seu nome?

- Chaeyoung.

- O que você tanto desenha?

O sorriso bonito que vinha sendo direcionado em sua direção nos últimos dias se fez presente.

- Isso é um segredo.

Então a porta se abriu, nosso pés seguiram para a escada, a canaleta foi girada e um acenar de despedida foi feito quando seus pés foram para placas opostas.

Então no próximo dia lá estava ela.

Me esperando.

A voz calma passou pela música baixa.

- O que você tanto escuta?

O fone direito saiu de seu ouvido, compartilhado com a desconhecida.

A melodia suave se fez presente novamente.

O acorde do piano fez a viagem se tornar mais calma.

Seus olhos passaram pela paisagem pela primeira vez.

Chaeyoung não costumava observar a paisagem, as pessoas ao seu redor eram mais interessante.

Mas dessa vez...

Seus pés se moveram juntos.

Um degrau.

Dois, três, cinco.

A canaleta foi girada e o fone devolvido.

- Até amanhã.

Um sorriso divertido e seus pés iam para a saída oposta.

Então o amanhã chegou.

E o depois até que mais um dia diferente brilhava.

- Seria estranho te chamar pra sair?

- Eu aceitaria se você pedisse.

Aquela foi a primeira vez que Mina não usou fones durante a viagem.

Um encontro.

Dois ou quatro.

- Ei, Mina!

Uma mão agitada e seus pés caminharam apressados até o seu destino.

Um sorriso bonito e uma conversa sobre o dia.

Trabalho estressante, projeto da faculdade pior ainda.

Um treinamento com o violino estava a deixando louca, o cansaço consumindo.

Então a canaleta foi girada, mas dessa vez seus pés foram juntos para a saída oposta.

- Que filme você quer ver lá em casa?

- Gosto de coisas de super-heróis.

Um beijo.

Cinco, sete, milhares.

- Quer ir à minha apresentação?

Um passo, dois degraus.

Os dedos se entrelaçando.

- O que você tanto desenha?

- Você.

Um sorriso bonito, os fones divididos novamente.

Mina sempre foi...distraída.

Já tinha meses que ela não observava a paisagem do outro lado da janela.

Ela parou de perder a estação porque Chaeyoung não perdia.

A música soava baixa no fone.

Ainda pensava sobre o mundo.

Mas estava mais interessante viver ele ao lado de Chaeyoung.

A estação certa que ela estava sempre tentando descer.

Ela não precisava mais esperar, seu destino já havia chegado.

Paradas e rabiscos • MICHAENGOnde histórias criam vida. Descubra agora