I

0 0 0
                                    

A luz da Grande Lua era suficiente para iluminar a noite naquela floresta.

O som de um galho se partindo sobre o peso do pé daquele homem espantou os poucos pássaros que ainda estavam por ali. O homem, que vinha de uma longa viagem do norte, atravessava a floresta a passos largos e rápidos. Seu corpo começava a pedir por um descanso, foram longos dois dias viajando sem parar, mas ele não podia deixar de atender o que vira.

Ele parou por um segundo e esquadrinhou o horizonte entre as árvores, procurando a mesma fumaça que havia visto antes. Quando localizou, partiu em disparada novamente. A cada metro, a floresta fugia dele e de seus barulhos. Os animais que dormiam acordavam assustados, os que espreitavam suas presas, saíam do caminho, claramente incomodados com o estranho.

O homem, em torno dos seus 25 anos, acelerava o passo agora, seguindo a fumaça escura que subia acima das árvores. Não sabia o que era, mas assumira um compromisso há muitos anos de ajudar aqueles mais necessitados, independente dos meios necessários.

Já podia ver no horizonte o fim da floresta e o campo aberto que se seguia. Quando alcançou, após alguns minutos, olhou para os lados a procura da origem daquela fumaça e mais afrente, isolada da cidade ao longe, mas não na orla da floresta, estava uma casa, pequena, uma plantação e um estábulo formavam o conjunto completo. O homem correu com todos os seus músculos, respirando pesadamente até alcançar seu objetivo. A casa pegara fogo há algumas horas e as grandes chamas já tinham se extinguido, mas ainda existia pequenas fontes de fogo nos móveis, paredes e mantimentos que estavam mais afastados do ponto inicial do incêndio.

Aquilo que o homem temia havia acontecido. Ele não precisou ver nada, apenas o cheiro de carne e cabelo queimados foi suficiente para ele saber que não havia chegado a tempo. Deixou-se cair no chão, em partes pelo cansaço, mas também pela frustração de não ter conseguido salvar as pessoas que moravam ali. Quando havia desistido e já se preparava para ir embora, ouviu ao longe um choro, vinha do Sul, direção em que ficava a cidade. Prontamente se levantou e apressou-se a seguir o som. Não muito distante dali pode ver a figura parcialmente carbonizada de uma mulher caída no chão. Alguns metros à frente um bebê. O homem se aproximou e pegou a criança que chorava, tinha partes de suas roupas queimadas, mas fora isso estava intacto, sem ferimentos aparentes. Ele segurou a criança na sua frente e tomou a única decisão possível.

- Calma, minha criança, nós iremos cuidar de você.

O Caminho de um AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora