Amor Inesperado

Decisão Difícil

Passei a semana, totalmente mal humorada, além de está em um hospital, a noticia da gravidez me deixou com muitos pensamentos. Não queria me olhar no espelho, pois não queria ver minha barriga e saber que ali estava um ser, totalmente inesperado.

Não ficava sozinha por nenhum segundo, minha família estava com medo que eu fizesse alguma besteira. Eu sabia que alguns deles achavam que eu não tinha coração com esse bebê. Mas somente eu e Deus sabíamos como isso foi um desastre pra mim.

Sempre quis ter filhos, mas não dessa forma. Queria ter com alguém que eu amasse, planejado. Esse bebê é fruto da minha vergonha. Eu não queria que fosse assim. Queria ama-lo, mas isso eu não consegui. Várias vezes, me peguei pensando em como seria se eu conseguisse ama-lo. E o mesmo tempo eu sabia que quando olhasse pra ele, seria impossível não lembrar do que aconteceu.

Estava decidido, eu iria entrega-lo para adoção. Chamaria Rodrigo para que ele me ajudasse com os papéis, ele era pai e eu esperava que ele entendesse.

Recebi muitas visitas durante as duas semanas hospitalizada, amigos, familiares e de Fred.

-Oi Lara, posso entrar?- Fred perguntava com toda sua gentileza.

-Pode sim.-quem estava comigo era a Camila, na hora ela pediu licença para comer alguma coisa, não queria que ela fizesse isso, pois não queria ficar a sós com Fred e explicar minha situação.

-E aí, você está melhor?

-Apesar das circunstâncias, me sinto bem sim. E a propósito, muito obrigada pela ajuda, se não fosse você, nem sei o que teria acontecido.

-Não tem o que agradecer, não poderia deixar você na situação em que estava. Se você não se importa, seu pai me disse o que aconteceu e fico muito triste em saber que a situação em vez de ser algo comemorativo, tornou-se algo triste.-ele disse, deixando-me totalmente a vontade com ele naquele momento, ele parecia alguém legal e gentil.

-Tudo bem, afinal de contas daqui a pouco não vou conseguir esconder de ninguém. Não é algo fácil, mas vou superar.

-Sei que nos conhecemos a pouco tempo, mas queria que você contasse comigo para o que quiser.

★★★

Recebi alta, mas com muitas restrições, não poderia fazer muito esforço e teria que tomar os remédios certinho, para não voltar para o hospital.

Alguns dias se passaram... Na sala da casa de Lara estava toda família reunida para saberem sua decisão.

-Minha filha, pense mais um pouco, não deixe seu desespero falar mais alto. Apesar de tudo é o seu filho. Não faça isso. Não o entregue para a adoção. Você não sabe quem vai adota-lo ou se um dia alguém o adotaria.

-Mãe, está decidido. Eu não vou conseguir ama-lo. Eu não vou ser capaz de ser uma boa mãe a essa criança. Assim que ele nascer, entregarei e não aceito que nenhum de vocês tire o direito que eu tenho sobre essa criança. -entre soluços e lagrimas eu falava, mas pude perceber que essa decisão não só me afetaria, mas a toda minha família.

Todos choravam em saber a minha decisão. Já estava com a barriga grandinha e evitava olha-la. Passava longe de um espelho.

Depois de horas em que todos tentavam me convencer do contrário e eu relutante enquanto a isso. Eu queria me convencer, mas não conseguia.

No dia seguinte a minha decisão, resolvi que era hora de voltar a minha vida normal, me amar mais e não me acusar tanto, seria difícil, mas iria tentar. Acordei cedo e fui para academia, faria bem. Lá encontrei Fred, sempre super atencioso ficou ao meu lado. Sem contar que tenho que ficar sempre com uma "babá" do lado, dessa vez foi Lola. Eles achavam que eu cometeria uma loucura.

-Meninas, vocês gostariam de ir na minha festa de aniversário? Será nesse sábado, vai ser intimo só para os amigos. -Fred convidou.

-Eu acho...-comecei, mas Lola me interrompeu.

-Claro que sim, vamos com certeza, não é mesmo Lala?

Ai que saco, porque ela faz isso comigo? Logo para o Fred, ela me paga!

Para não parecer mal educada afirmei não parecendo animada.

-Lara, faz um esforço, você vai gostar. Te prometo! Caso você não se divertir, faço questão de recompensa-la.-Fred fala com toda sua simpatia.

-Ta bom, ta bom eu vou.

A semana passou bem,continuei a tomar os remédios necessários e não estava tão apreensiva com os espelhos.

Um dia, em meu quarto, me peguei apreciando e acariciando a minha barriga, estava deitada e senti uma leve mexidinha. No começo fiquei assustada, mas logo pensei que era normal.

-Ai bebezinho, o que será de você hein. Quem vai cuidar de você, quando eu te deixar. Espero que cuidem bem de você, estarei...

Ouvi batidas na porta do meu quarto.

-Pode entrar.-De repente vejo um mini furacão passar por mim e ir direto para minha cama.

-Oi titia Lala.-Pedro é filho do Rodrigo, tem 3 anos e estava na Suíça com seus avós, a avó estava mal e a mãe dele decidiu que ficaria lá para cuidar dela. Ele era o pequeno da família e era totalmente mimado.

-Oi meu amor, que saudades a titia estava de você. E aí se comportando? -fui abraca-lo.

-Sim titia, me comporto como um super herói. Titia você engoliu um melão, você ta gorda. Eu comi um melão, mas não fiquei com essa barriga.

Ai meu Deus, como explicar para essa criança?.

-É a titia engoliu um melão inteiro.- eu disse.

-Não Pepe, a titia tem um bebê na barriga.- o Ro disse e eu fechei a cara para ele.-E logo esse bebê vai nascer.

-Nossa titia, um bebê pra brincar com o Pedro, que legal!

-Na verdade, ele não vai...-Eu comecei, mas Rodrigo fez questão de me interromper.

-É filho, o bebê da tia Lala vai brincar muito com você!

-Oba, a titia Lala vai ter um bebê lalalala.- Pedro saiu gritando pela casa.

-Você me paga. Você fez isso de propósito.

-Lara, ele é só uma criança, imagina falar que o bebê vai embora, ele vai pirar.

-Depois eu invento algo para ele. -Eu disse.

-Você quem sabe, lembre-se que o Pedro é muito inteligente, não se esqueça disso.

-Falar nisso, quero que você providencie os papéis da entrega para a adoção. -falei rápido.

-Se você está contando comigo para isso, esquece. Eu não seria capaz de fazer isso.

-Eu pensei que você fosse o advogado da família. E meu amigo.

-E sou. Mas para isso, não. E sim, sou seu amigo, e ainda mais, te aconselho a ama-lo e ficar com seu bebê, ele é seu. Não o entregue, te ajudarei no que for preciso, pode ter certeza.

-Ok. Procurarei outro advogado.

-Ótimo! Faça isso, você é muito teimosa. -Ele diz saindo do quarto.

- Sai daqui!- bati a porta na cara dele.

Ai que raiva, ninguém me entende. Ai bebê o que faço para eles me entenderem, quero te proteger de mim mesmo.