𝕽𝖊𝖉 𝖇𝖑𝖔𝖔𝖉, 𝐋𝐞𝐯𝐢 𝐀𝐜𝐤𝐞𝐫𝐦𝐚𝐧

V: Feitiçaria

Você.

29 de agosto de 1880.

Miche é, como todos os outros membros do reconhecimento que você conheceu até agora, uma pessoa estranha. Treinar com ele revela-se uma experiência igualmente peculiar.

Depois de sair do Quartel General da tropa de exploração, vocês dois vão para a floresta ao redor da área, onde seu treinamento acontecerá.

Um país das maravilhas sagrado espera por você nesta caminhada. O ar aqui é denso e frio, a grama coberta de musgo e as vinhas de ervas daninhas fascinantes e selvagens. As sombras parecem engolir cantos da folhagem. Um zumbido silencioso ecoa pelo ar, quase uma música própria, como se seres místicos estivessem escondidos entre plantas e madeira. Os galhos das árvores gemem e balançam com os caprichos do vento, e em mais de uma ocasião você jura que os vê inclinar-se em sua direção. Sua imaginação deve estar pregando peças em você.

Você abraça sua capa com mais força.

Se Miche percebe seu desconforto, ele não comenta. Na verdade, o homem permanece em silêncio durante a caminhada, sem dar nenhuma indicação da distância que o espera. Você começa a ouvir seus calcanhares esmagando folhas mortas e a água escorrendo para algum lugar.

Uma pequena clareira logo aparece e, com ela, seu destino. Os campos de treinamento do reconhecimento.

No centro ergue-se um grande castanheiro, iluminado pelo único local onde o sol pode passar. As raízes grossas da árvore se projetam acima do solo, como veias na pele. Irradia história, suas folhas estendendo-se até o céu, como se estivesse rezando. Enquanto isso, o resto do espaço parece estar bem abastecido, com uma área cercada e uma série de equipamentos colocados ao lado da grade – manequins, equipamentos de ginástica e até ferramentas de esgrima esperando para serem usados.

Um campo de treinamento em uma floresta encantada. Que apropriado para um exército de matadores de monstros. Um pequeno sorriso surge em seu rosto.

"Pare de ficar boquiaberto. E venha aqui", uma voz áspera acena para você de volta à realidade.

Você alcança Miche, que já entrou na clareira. Ele segura um galho em uma das mãos. Ao se aproximar, você percebe que ele está usando a vara para estender o alcance do braço, esculpindo desenhos estranhos no solo.

Você reconhece vagamente esses... símbolos . Eles lembram tudo que você encontrou no último dia - tanto os símbolos de Levi para queimar o corpo de seu pai quanto os símbolos na porta que leva ao laboratório de Hange.

"O que você está fazendo?" você pergunta, com os olhos colados nas formas que se formam, admirando a forma como o galho desliza no solo úmido.

"Estou preparando um feitiço", responde Miche, franzindo as sobrancelhas enquanto se concentra em ligar dois símbolos. "Você vai usá-lo para praticar."

"Um feitiço", você repete calmamente, um sentimento de confusão totalmente diferente se manifestando dentro de você. Você inclina a cabeça com curiosidade, um dedo apoiado no queixo enquanto tenta entender essa informação. "Isso é parecido com os símbolos na porta que leva ao laboratório de Hange?"

"Então, você percebeu. Garota esperta", diz ele, zombando. Suas bochechas aquecem sob o elogio dele. "Sim, todos esses símbolos pertencem à mesma coisa. Eles nos permitem usar feitiçaria *. Magia."

"magia", você repete a palavra em voz alta, deixando-a rolar na sua língua.

Uma palavra tão sinônima de contos de fadas, histórias de druidas celtas e mística... e ainda assim algo que você de repente precisa perceber que é real.