Eram quatro da manhã.
Poderia parecer um pouco cedo demais, mas nosso Barman trabalhava incessantemente e, no final, ele gostava daquilo. Certo, ele poderia ser o mais "inútil" dentre seus parentes, poderia não possuir poderes inimagináveis ou uma imensa sede por sangue, mas possuía o dom da clarividência e da onisciência, o fazendo ser um belo expectador.
Tenderman vivia essa vidinha tranquila, tomando conta de seu barzinha de beira de estrada em uma deserta e pequenina cidade, cujos clientes se consistiam de motoqueiros barbudos e jovens delinquentes querendo sentir-se superiores. Seus clientes, por serem tão estranhos e variados, não se importavam com o fato do mesmo não possuir uma face.
No momento, estava apenas ele com sua própria companhia. Muitas vezes ele se encontrava só, pois não era sempre que um bando de motoqueiros atravessava aquela deserta estrada e parava em seu rústico, porém moderno estabelecimento.
Repentinamente, uma figura abre a porta estilo velho oeste de seu bar, uma figura esquisita como a maioria de seus clientes — Um homem de estatura média que utilizava calças cargo com diversos cintos e um imenso coturno, uma regata cinza que mostrava seus braços musculosos. Estava estampado em sua face um olhar de tristeza, tal olhar sendo destacado por seu olho maquiado com provavelmente um lápis de olho, sendo o outro coberto por uma franja lisa e, ao topo disso, um boné virado para trás. Ele também possuía algumas pulseiras e uma pulseira "spike" em seu braço.
Tenderman observa a figura marchando até à frente de si, sentando-se em uma cadeira e debruçando sua cabeça sob o balcão. Tenderman arqueia uma sobrancelha e para de limpar seu copo.
— Barman, me vê um corote com monster. – Disse ele, com um imenso tom de desânimo na voz.
— Nossa... O que te trás aqui, senhor? – Questionou, enquanto começou a preparar a tão requintada bebida para o rapaz. — É um pouco tarde para um simples rolê e aqui é realmente muito distante de tudo.
— Minha mina me deixou, seu Zé...
"Seu Zé?" Questionou para si mesmo, olhando aquela figura que parecia estar sendo... Um pouco dramática.
— Aí... Mas também, eu era bom demais pra ela, hah, essa mina era mó piriguete, o pai tá on!
"Mas... Que? Que caralhos?!" Se questiona Tenderman, ficando extremamente confuso com a mudança repentina de humor no visitante.
— Ah, mas pae... Ela era tão perfeita cê é louco... Nunca que eu vou ter ela de novo... Eu fui um bosta, eu sou um bosta! – Dizia melancolicamente.
— Se você quiser falar sobre isso, senhor... – Disse Tenderman, colocando a bebida misturada à frente do rapaz, que tomou tudo em quase um só gole. O mesmo se questionou como o rapaz conseguira tomar aquela bebida horrorosa, a final, não era uma combinação comum.
— Ah... Você sabe... – Disse ele, com a cabeça baixada e voz extremamente depressiva — Eu encontrei ela no hot topic... Ela era metaleira, e eu, um emo...
— Deixe eu adivinhar, ela te traiu? – Questionou, já sabendo que namorar metaleira jamais dá futuro.
— Que? Não po, tá louco, quem trairia o pai aqui? Sou mó areia pro caminhãozinho delas tá ligado?
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Tenderman e o Emo Hetero Top
FanficDiferente de seus irmãos, Tenderman apenas toca uma vida tranquila em seu bar. Entretanto, uma visita inusitada decide lhe fazer companhia... {História se passa após a triologia dos irmãos Slender.}