Coragem.

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Elizabeth Wilson🍂
📍EUA - Dezembro, 2019

A neve caia levemente sobre minha cabeça enquanto eu andava com certa dificuldade sobre ela com meus pés se afundando cada vez mais na imensidão de branco. As muitas camadas de roupa me protegiam do frio e minha cabeça enfrentava uma guerra.

Eu realmente terei coragem de fazer isso?

A questão é que hoje é o último dia de aula do ensino fundamental, o último dia do 9°ano e consequentemente a última chance de confessar meus sentimentos para Adam, o menino da minha escola pelo qual eu tenho uma leve queda.

Eu venho tentando contar sobre esses sentimentos desde setembro mas toda vez que eu olho para ele meus pensamentos param e eu não consigo formular uma frase decente sem parecer uma estranha.

Mas hoje precisava ser diferente. Eu precisava ser corajosa e lutar contra o frio na barriga para realizar minha vontade de dizer o que eu sinto. Sempre achei que o amor que sinto por ele é lindo demais pra ficar escondido.

E sinceramente, não aguento mais esconder. Então ontem a noite enquanto eu encarava o teto do meu quarto criei alguns cenários fictícios do que eu poderia fazer para falar com ele e como uma adolescente romântica incurável que sou decidi escrever uma cartinha.

Escrevi a carta com todo amor do mundo mesmo achando que tudo poderia dar errado. Coloquei em palavras um pouco do que eu sentia por ele e isso me deu uma ponta de esperança.

E bom, aqui estou eu adentrando o colégio e indo em direção aos armários ainda com um certo receio, o plano era colocar a cartinha no buraquinho do armário dele, que com o passar dos dias eu havia percebido ficar bem próximo do meu.

Olhei para os dois lados e coloquei o papel disfarçadamente no armário. Respirei fundo sentindo um peso sair das costas.

-Agora já era Elizah, seja o que Deus quiser. - Falei para mim mesma em voz baixa e sai dali indo para minha sala que tinha só um pingo de gente por hoje ser o último dia.

[...]

Depois de ter que suportar o professor de matemática tentando explicar alguma coisa para aquele pouco de gente, o sinal finalmente tocou anunciando o fim das aulas, e o mais importante o último dia de aula.

-Aí graças a Deus, estamos livres!- Minha melhor amiga, Luna, fala enquanto guarda seus materiais de qualquer jeito e de forma violenta na mochila. - O que você acha da gente passar no Starbucks para comemorar o fim do ensino fundamental?

-Eu acho...- Estava prestes a dizer que sim quando me lembrei da cartinha. Adam sempre ia para o armário no fim das aulas e eu precisava ter certeza de que ele viria a cartinha. - Acho ótimo, só preciso ir no armário antes, vai indo na frente que eu te encontro lá no portão.

Luna me encarou confusa devido ao meu nervosismo repentino mas foi sem reclamar enquanto eu voltava para o corredor de armários. E como eu esperava, ele estava lá, destrancando seu armário. Abri meu armário para fingir que não estava espionando e me vi nervosa com a possibilidade de saber sua reação ao ler a cartinha.

Mas o que eu vi foi que Adam nem sequer abriu a carta, ele apenas pegou todos os papéis possíveis que estavam jogados no seu armário e os levou até o lixo com um semblante triste, depois ele pegou seus materiais e os colocou na mochila a levando para as costas e fechando o armário em seguida.

Ele saiu andando de cabeça baixa e com ele levou uma parte do meu coração. Eu sabia que ele não tinha culpa, não tinha como ele saber que existia uma carta de uma garota que ele nem conhecia direito lá dentro, mas mesmo assim eu fiquei chateada.

Suspirei derrotada e fechei o armário também. Fui ao encontro de Luna me sentindo decepcionada. Eu só não sabia que aquela não seria a única decepção do meu dia. Quando eu cheguei em casa recebi a notícia de que meu pai havia sofrido um acidente grave de carro, e infelizmente, ele não resistiu.

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