Invocação Acidental (Demônio)

1K 47 4
                                    

Depois do falecimento de Judy, seus três netos foram visitar sua velha casa para fazer um inventário dos objetos e do imóvel. Eles passaram a maior parte das suas vidas naquela casa, guardando boas lembranças do local.

— Eu vou olhar o segundo andar — fala Ed, o primo mais velho — Marcus, você fica com a sala e a cozinha. Anne, você fica com o quarto de hóspede e o porão.

Todos concordaram e seguiram para suas respectivas áreas.

Judy tivera três filhos, e cada filho lhe proporcionou um neto. Anne nascera três meses após Ed, e Marcus veio dois anos depois. Os primos eram muito unidos. Brincavam juntos sempre que a familia se reunia na casa de Judy, entretanto, depois que Anne se mudou de cidade por conta do trabalho do pai e Marcus foi fazer faculdade fora do país, os três primos passarem um bom tempo sem se verem. Agora, com a morte de um parente, a família inteira pôde se reencontrar novamente.

Anne decidiu descer as escadas até o porão e começar por ele, já que era o lugar mais entulhado de objetos.

Mesmo que um facho de luz atravessasse a pequena janela no fim do porão, a maior parte do cômodo estava banhada na escuridão. Anne tentou ligar as luzes mas as lâmpadas deviam estar queimadas a anos. Decidiu que era melhor se apressar enquanto ainda restava luz do sol.

O lugar tinha três prateleiras enormes que preenchiam cada parede por completo. Cada uma apinhada de itens variados. A garota abriu dois sacos grandes e começou a vasculhar os objetos. Tinha de tudo. Vasos; revistas; pequenos eletrodomésticos, roupas velhas e ferramentas dos mais variados tipos.

Pequenos flocos de poeira subiam no ar enquanto a garota separava coisas inúteis das que poderia ser reaproveitadas. Um desses objetos que iria para o lixo era uma coleção de livros mofados. Eles não tinham inscrição e a maioria das letras estavam apagadas. Anne foi olhando de um por um na esperança de algum deles ainda possuir salvação, porém todos estavam em péssimo estado, com exceção de um pequeno livro fino que escapuliu por entre os demais.

O livro em questão possuía uma capa marrom sem inscrições. Ao abrir, o interior também não possuía identificação, apenas o texto começando de uma vez; sem títulos ou capítulos. Curiosa, Anne folheou suas páginas. Todas elas eram escritas em letra cursiva e em um idioma que a garota desconhecia. Uma das páginas havia um clipe fixado, e juntamente com o clipe, uma folha de papel estava pregada. Na folha, existia a seguinte frase escrita a mão:

Nesta minha existência parca;
Clamo por tua presença vil;
Senhor de todos os desejos insonháveis;
Entregue teu poderoso ardil;

Querido sentenciado;
Faremos um contrato;
Profira agora o teu desejo;
Ou tudo estará acabado. 

Anne releu milhares de vezes tentando buscar um significado. Imaginou se aquilo era uma parte do livro que fora traduzida ou uma espécie de poema vinda de outro lugar. Algo escrito por sua avó, talvez? Por fim, decidiu colocar o livro juntamente com a folha no saco que iria para o lixo.

Enquanto agachava-se para pegar outro objeto, a garota escutou passos vindo da escada. Virou o rosto e percebeu Ed parado no último degrau, encarando-a com um olhar predatório.

— Você não sabe o quanto senti sua falta — Ed fala, avançando a passos rápidos e puxando Anne para os seus braços.

Anne não responde, apenas sorri e puxa o rosto de Ed para um beijo.

Os dois se pegavam quando eram mais novos. Anne teve uma leve quentinha por ele no começo da adolescência, mas o encanto foi passando a medida que cresciam. Depois começou a ficar com ele apenas quando não tinha uma opção melhor. Pelo menos Ed beijava bem.

Contos Eróticos com Criaturas e MonstrosOnde histórias criam vida. Descubra agora