Perte 1. Fio Entre o Sonho e a Realidade (Entidade Sem Rosto)

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A sala de espera fazia um frio absurdo. Encolhi na cadeira e tentei me concentrar na novela estranha, cheia de drama e com dublagem desconexa, que passava na televisão pendurada ao teto. Com certeza era uma novela tailandesa.

Além de mim, mais duas pessoas com semblante cansado e olheiras profundas aguardavam pela consulta. Eu estava na mesma situação.

Depois que consegui um emprego e entrar no curso que tanto queria, o sono decidiu me abandonar. Trabalho pela manhã em um supermercado e estudo durante a noite. Quando finalmente chego em casa pra descansar, não existia descanso. Fico quase a noite inteira em claro.

No começo não me incomodou muito, mas depois de uns tempos pra cá, meu corpo finalmente decidiu cobrar o preço das noites mal dormidas.

Simplesmente não tenho energia pra nada, minha aparência está horrível a maior parte do tempo e comecei a apresentar falta de apetite. Tô quase assinando minha próprio carta de óbito.

O pior é que não posso largar o emprego ou os estudos. O emprego já é meio óbvio o motivo, e os estudos são por conta da bolsa gratuita que nem eu mesmo sei como adquiri. Deus finalmente lembrou dos pobres, e só ele sabe quando conseguirei uma oportunidade dessas novamente.

Passado alguns minutos na sala de espera, um paciente sai e a recepcionista sinaliza na minha direção, avisando que sou a próxima.

Levanto em um salto e adentro o consultório. Ali estava mais frio ainda que a recepção.

- Boa tarde, Srta. Mônica. Sente-se, por favor.

Pelo crachá em seu jaleco o médico chamava-se Herbert. Ele fez algumas perguntas sobre as características da minha insônia e depois começou a explicar o procedimento.

- Temos um método de tratamento único ao qual bombardeamos o cérebro com pequenas ondas eletromagnéticas. É completamente indolor e não trás riscos ao paciente.

Vim a essa clínica por recomendação do meu colega super gato do trabalho, chamado Pether. Ele procurou por clinicas e lemos sobre esse procedimento na internet. Talvez uma coisa desse nível entregue uma solução imediata.

Avisei a Herbert que li os anúncios deles antes de vim, e que estou aqui justamente por esses métodos.

- Muito bom saber disso. Siga-me, por favor.

Dr. Herbert me guia até uma porta à esquerda do consultório e pede para eu me sentar na poltrona.

A nova sala era bem limpa e iluminada. A poltrona que ele se referia era um aparelho metálico localizado no centro do cômodo. Nas costas do objeto, um braço prateado erguia-se para cima e para a frente, exibindo um capacete em sua ponta.

Fiquei um pouco resoluta quando sentei no aparelho. A coisa era realmente bizarra. Mas o que eu poderia fazer? Não ficarei pior do que já estou, não é?

O nervosismo que antecede toda seção médica instaurou-se no meu consciente. Essa sensação ainda foi ampliada quando o médico baixou o capacete. O objeto não tinha viseira, me impedindo de ver por completo.

- Está confortável? - Escuto Herbert mexer no painel atrás da cadeira.

- Sim, mas estou nervosa.

- É normal, isso não vai interferir no exame.

A máquina soltou um zumbido leve. Também senti algo estalando nos meus ouvidos.

Mal tive tempo de sentir medo. Assim que começou, já tinha terminado. Dr. Herbert já estava tirando o capacete do meu rosto quando assimilei o que tinha acontecido.

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