Procurar por Carlos Hoffman estava sendo difícil.
O Dr. Herbert deixou anexado seu artigo sobre o tratamento no site da clínica e, em certo trecho do documento, deu parte dos créditos ao seu ex-colega de turma.
Com isso, soube que os dois se especializaram em neurologia na faculdade municipal. Infelizmente, não consegui achar nenhuma informação atual sobre o paradeiro de Hoffman. Nenhum endereço ou número de telefone. Eu teria que descobrir por conta própria onde ele se encontrava.
A única informação que tinha era a faculdade, então precisava começar por lá.
Antes de ir para o trabalho, pego um ônibus que leva até as proximidades da faculdade municipal.
O trajeto dura vinte minutos e percebo que cheguei ao local quando um grande prédio de tijolos vermelhos aparece no horizonte. Desço na parada mais próxima e vou andando o resto do trajeto.
O lugar estava cheio de pessoas. Alunos correndo de um lado para o outro no intuito de não perderem as suas aulas, professores carregando pilhas de papéis e zeladores passando com garrafas de café na mão.
Nas paredes dos corredores, as turmas que se formaram nos anos passados eram exibidas em placas de vidro ou de cerâmica. Não perdi tempo e procurei logo a do ano que queria.
Lá estavam eles. A foto completa da turma estava centralizada em uma lâmina de vidro. Um jovem Dr. Herbert sorria para a câmera e, do seu lado, um tímido Carlos Hoffman posava com as mãos atrás das costas.
Puxei o celular e tirei uma foto apenas do rosto de Carlos. Mesmo sendo antiga, já tinha alguma coisa para me orientar.
Volto no corredor e dobro a esquerda, onde uma grande placa de metal exibia a palavra "Coordenação".
— Bom dia — me dirijo a uma senhora sentada perto da janela de comunicação. — Estou procurando um ex-aluno, o nome dele é Carlos Hoffman. Quero falar com ele sobre um artigo no qual participou.
— Sim, eu lembro do Carlos. Ele era um ótimo aluno! Mas infelizmente ele se desligou da faculdade.
— Desligou?
— Exato. Faz anos que ele não aparece na faculdade e nem publicou mais artigos.
— M-mas, a senhora sabe onde é o paradeiro dele?
A mulher detecta meu nervosismo, levantando as sobrancelhas e me olhando de forma desconfiada. Na mesma hora, puxei novamente o celular e mostrei a capa do artigo com o nome dele como um dos participantes.
— Queria fazer algumas perguntas sobre a pesquisa dele.
A expressão da mulher se suaviza, porém ela nega com a cabeça.
— Infelizmente não temos nenhum registro atual dele, mas temos o endereço do último consultório que ele atuou. Espere um minuto.
A mulher vai até as prateleiras aos fundos da coordenação e puxa um livro grosso de registros de sete anos atrás. Ela folheia algumas página e vem andando na minha direção ainda lendo o livro.
— Achei. — Ela pega um papel, rabisca um endereço nele e me entrega a folha. — É o único registro que temos, talvez ele ainda esteja no mesmo local.
Agradeci e voltei correndo para o ponto de ônibus. Já estava atrasada para o trabalho.
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Contos Eróticos com Criaturas e Monstros
Short Story+18 - Contém cenas explícitas e temas sensíveis. Coletânea de contos com protagonistas femininas e suas experiências com monstros; criaturas; entidades ou seres mágicos. Cada capítulo é uma história única; não havendo a necessidade de ler em ordem...