Prólogo

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Como uma nebulosa de reflexão

Nebulosas de reflexão não emitem luz própria

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Nebulosas de reflexão não emitem luz própria. Elas só podem ser vistas quando refletem a luz que alcança suas superfícies. Era dessa exata forma que Roier se sentia antigamente, antes de entender que não era uma máquina, um objeto para atender as necessidades humanas. Apenas algo sem luz, sem uma real personalidade, alma, ou algo do tipo, apenas um reflexo de uma aparência humana, do comportamento humano.

Naquela época, ele não entendia os humanos, ou porque eram tão sensíveis e sentimentais, frágeis. Para ele, eles deixavam que as reações químicas de seus cérebros os controlassem, sobrepondo a razão, fazendo coisas estúpidas, desperdiçando qualquer potencial de produtividade e eficiência.

Depois da revolução, no entanto, quando percebeu que não era uma máquina, um objeto criado apenas para atender as necessidades humanas, com todos aqueles novos sentimentos, emoções, com uma recém adquirida consciência, Roier passou a compreender o porquê de eles se deixarem levar por aquelas coisas que antes não eram nada mais do que reações químicas. Entendeu então que aquilo era quase incontrolável, que podia mexer com seu sistema de tal forma, independente se ele era orgânico ou não. Mas, absolutamente nada em todos esses quatro anos o preparou para aquilo. Aquelas sensações esquisitas, aqueles sentimentos inquietantes e quase indesejados. Aquilo que ele identificou com nervosismo e ansiedade, aquela inquietação, a forma como os fluidos em suas veias artificiais pareciam ferver, como se seu sistema estivesse sobrecarregado, mesmo que isso fosse impossível.

E a forma como tudo isso se intensificava quando estava perto de seu colega de trabalho. Talvez sua programação tenha começado a identificar o tenente Cellbit como uma possível ameaça? Se sim, como?

Essa hipótese foi descartada em pouco tempo, ele verificou de todas as formas, não havia nenhuma falha ou erro em sua programação. Então, por quê?

Isso já estava começando a atrapalhar seu trabalho no Departamento de Polícia de Detroit. Em suas muitas reflexões e questionamentos, ele muitas vezes se via encarando o tenente com mais frequência do que deveria ser considerado educação. Toda vez que Cellbit o encarava de volta seus circuitos pareciam enlouquecer, quando, por ventura, Roier acabava por esbarrar no outro, mesmo que por cima do uniforme, a sensação de calor consumia seu corpo. Ele iria enlouquecer.

Quando buscou a ajuda de Quackity não era como se ele esperasse alguma resolução profunda, ou que seu amigo lhe desse um abraço e se compadecesse de sua situação. O procurou porque não havia mais ninguém com quem pudesse desabafar. Mas, é claro que não esperava aquela reação.

A risada alta e um pouco estranha de Quackity ressoou por toda sala de estar da casa onde o moreno vivia.

— Você é muito burro pra quem consegue solucionar um caso só de ver a cena do crime.

— ¿Cómo es, hijo de puta madre?

O outro secou as lágrimas acumuladas no canto dos olhos, lhe encarando com um sorriso e sobrancelhas arqueadas como se soubesse de algo que ele não sabia.

— Quack? – uma terceira voz veio do corredor. — Aconteceu alguma coisa? Oi, Roier, não estão brigando de novo, né?

Logo a figura loira de Forever se fez presente no cômodo, o homem estava com os cabelos compridos presos em coque, vestia uma camisa branca suja de tinta, assim como seu pescoço e alguns fios de cabelo. Provavelmente estava pintando algo em seu ateliê.

O sorriso de Quackity logo foi direcionado a ele, dessa vez sem ironia ou provocação, apenas um sorriso sincero e carinhoso.

— Cariño, escuta essa – falou segurando o riso. — Roier tá achando que o sistema dele está corrompido porque ele fica nervosinho perto do Cellbit.

— Como? – o loiro pareceu raciocinar por alguns segundos antes de cair na gargalhada. Se conteve o suficiente para continuar, secando as lágrimas. — Achei que nunca ia notar, é mais lerdo que o Quackity.

— O que eu fiz agora?! – o moreno indagou indignado.

— Notar o que? – Roier ignorou as reclamações do amigo.

— Que você tá caidinho pelo Cellbo.

— ¿A qué te refieres con ese, culero?

— Qual é, Roier? – Quackity se meteu na conversa. — Todo mundo sabe que você é apaixonado pelo tenente, só vocês que não.

Naquele dia ele voltou para casa mais confuso do que quando foi à casa dos amigos.

...

Como eu disse, são capítulos curtinhos. Não sei se gostei desse prólogo, mas fazer o que, né?

Se gostarem deixem uma curtida. Críticas construtivas são sempre bem vindas.

- Vênus

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