𝐑𝐔𝐌𝐎𝐔𝐑 𝐇𝐀𝐒 𝐈𝐓³ | 𝙀𝘾𝙇𝙄𝙋𝙎𝙀

CHAPTER THREE

ALGUNS DIAS HAVIAM SE PASSADO. Tínhamos descoberto que minha tolerância à sede era menor do que a dos outros. Eu precisava me alimentar mais vezes e em maiores quantidades. Além disso, eu havia testado se conseguia ou não dormir, mas garanto que não foi uma experiência muito boa. Assim que a escuridão me abraçou, minha mente fez questão de me mostrar tudo que eu havia passado com Victoria no fatídico dia, e eu sentia a dor da transformação novamente. Acordei ofegante e assustada. Não desejava essa dor nem para o meu pior inimigo. Desde então, eu sabia que poderia dormir, mas eu não queria nem ao menos fechar os olhos com medo de sentir tudo aquilo de novo.

Meus olhos continuavam da mesma cor, um vermelho vivo assombroso. Eu tinha aprendido a conviver com eles, mas não quer dizer que eu gostava. Muito pelo contrário, mesmo tendo ficado perfeita, eu sabia que aquilo era só uma forma de atrair vítimas, e meus olhos só me mostravam o quão cruel eu poderia ser, assim como minha criadora. Sabia que até minhas iris ficarem douradas levaria algum tempo.

Paul mantinha a sua promessa de me ver todos os dias. Ele havia me informado que quil havia sentido o cheiro de Victoria e tinha se transformado, e que Leah contou tudo a Angela, agora, a garota sabia da minha situação atual. Finalmente, o triângulo entre Leah, Sam e Emily havia se encerrado. Seth não desistia de tentar escutar minha voz de algum jeito. Eu sabia o quão egoísta estava sendo, mas se eu acabasse o machucando, nunca mais me perdoaria.

Os Cullen haviam se mostrado uma verdadeira família, sempre me acolhendo em tudo. Esme e Carlisle pareciam uma espécie de avós para mim, Edward, Emmett e Rosalie tios, e então tinha Jasper e Alice, que me tratavam como a filha deles. Eu podia sentir o que eles sentiam quando estavam comigo, era o mesmo que Carlisle e Esme sentiam quando estavam com seus filhos adotivos.

E tinha Bella. Sentia uma saudade absurda da garota. Eu podia ver na mente de Edward o quanto a mesma implorava para me ver, porém o culen nunca permitia, seria perigoso, como foi com Jasper. Foi aí que eu descobri o que havia acontecido naquele dia. A swan havia se cortado, e Jasper perdeu o controle. Edward não mediu suas forças enquanto afastava Bells e acabou a machucando mais ainda.

Estremeci com as memórias que não eram minhas e me coloquei naquela situação. Só de pensar em machucar alguém que amo me fazia sentir uma angústia absurda. Fiquei pensando em uma situação hipotética: se eu tentasse machucar Angela, Leah nunca me perdoaria. Talvez nem eu mesma fizesse isso. Teria que conviver com a dor para sempre. Nessas horas, eu percebia que ficar longe era a coisa certa a se fazer.

Eu caminhava floresta adentro, era de tarde e eu apreciava o meu momento sozinha, perdida em pensamentos, quando percebi já estava na linha do tratado, observando o outro lado. Meu coração se aqueceu ao lembrar de todos os momentos bons no lugar de onde eu vim. Eu sentia falta da normalidade da vida, arrancada de mim brutalmente. Sorri suavemente pela ironia do destino, para alguém que dizia que não queria se envolver em nada disso, eu agora estava afundada até o pescoço.

Me virando para correr em direção à minha casa, ouvi passos rápidos vindos do outro lado. O cheiro do sangue me fez parar de respirar. Não poderia correr o risco de cair em tentação. Me virando, pude ver um Embry ofegante parado olhando em minha direção. Sua expressão mudou para uma surpresa ao me observar. Certamente era completamente diferente do que eu era antes. Mas o fato de eu não estar respirando e nem piscando deixava tudo mais anormal.

"ESPERE!" ele gritou quando eu me virei para ir embora mais uma vez.

Não era necessário, já que agora eu podia escutar tudo anormalmente bem, mas eu sabia que seria difícil se acostumar com tudo isso.

"Eu preciso pedir desculpas, não pude proteger você, Júlia, e isso está me matando por dentro," eu sabia que sim, sentia a angústia vindo dele.