CHAPTER SIX

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SENTADA NA SACADA DO MEU QUARTO EU ME PERDIA EM PENSAMENTOS. Relembro-me como se fosse ontem quando tinha sete anos e acordei no dia seguinte após Paul levar uma surra por mim. Eu cuidava das feridas do garoto de dez anos e logo após nos dormíamos exaustos. Quando me levantei e saí do quarto, não esperava encontrar meu pai parado segurando a maçaneta da porta da sala. Ele parecia lutar contra algo, seus cabelos que batiam no ombro estavam desgrenhados e as roupas amassadas.

Eu apenas continuei parada o observando e tentando entender o que estava acontecendo. Quando o mesmo percebeu minha presença, finalmente se virou, engoli o seco, assustada, e dei um passo para trás temerosa. Ele apenas ficou me olhando. Seu olhar carregava tristeza e angústia que só depois, de alguns anos, eu pude perceber.

"Por que faz isso?" Lembro-me de toda a coragem que reuni para me dirigir a Daniel Lahote, meu progenitor. "Por que machuca Paul e eu?"

Não recebi uma resposta, ao invés disso ele engoliu o seco e travou o maxilar. Todas as vezes que o homem olhava nos meus olhos, eu via as lágrimas inundarem os seus e ficava confusa, não foi diferente dessa vez, e ele apenas abriu a porta e saiu de casa. Deixei lágrimas rolarem pelo meu rosto em silêncio e as enxuguei rapidamente voltando para Paul.

"Você se saiu bem com Bella," a voz de Carlisle me trouxe de volta para o presente.

O dia estava quase amanhecendo. Lentamente, o céu escuro era preenchido por alguns raios solares que, é claro, eram cobertos pelas nuvens carregadas de chuva.

"Eu sentia falta dela," sorri suavemente me voltando para o Cullen mais velho. "Emmett me contou que nunca provou sangue humano."

"Eu nasci na década de 1640, em Londres. Meu pai era um caçador de vampiros e quando eu tinha dezesseis, ele me colocou para caçar ao lado dele, sendo o segundo no comando," ele suspirou, se apoiando nas grades da sacada e suspirando. "Quando eu tinha vinte e quatro anos, fomos exterminar alguns vampiros que viviam no esgoto, porém eles estavam em maior número."

Suspirei incrédula ao ver as imagens que passavam na mente de Carlisle.

"Eles mataram todo o esquadrão, drenando todo o sangue, mas me deixaram com quantidade o suficiente para o veneno agir. Enquanto eu queimava, não soltei um grito sequer com medo de algum deles voltar para terminar o trabalho," arfei ao observar o Cullen se contorcendo na escuridão. "Quando acordei, senti tanta repulsa do que eu era que tentei me matar de todas as formas, até mesmo por inanição. Foi por isso que descobri que poderia me alimentar de animais. Minha sede era tanta que quando avistei um grupo de animais, os drenei. A partir daí, eu tentava conviver no mundo humano outra vez."

Ele voltou seu olhar para o meu mais uma vez, sorrindo gentilmente.

"Foi quando conheci ela, Celine Farrow, uma bruxa de quase trezentos anos, que me ajudou a ser quem eu sou hoje," por parecer memórias íntimas demais, eu deixei sua mente livre.

"Ela parece ser uma mulher bem gentil," eu falei admirada ao escutar toda a história de Carlisle.

"Ela é," o sorriso de Carlisle se tornou mais triste e seu olhar caiu. "Ela nunca foi muito comunicativa, mas sempre dava notícias... Faz quarenta anos que não tenho notícias da mesma."

"Sinto muito," lamentei verdadeiramente.

"Seu olhar me lembra o dela, e quase como se tivessem mudado apenas a cor e os colocado eles em você," ele divaga nostálgico.

"Vocês eram bem próximos", acrescentei, tentando confortar Carlisle.

"Ela era como uma irmã mais velha para mim. Às vezes, sinto como se estivesse revivendo os momentos que passamos juntos. A maneira como você se move e até mesmo a maneira como fala... é como se fosse ela de volta à minha vida."

𝐑𝐔𝐌𝐎𝐔𝐑 𝐇𝐀𝐒 𝐈𝐓³ | 𝙀𝘾𝙇𝙄𝙋𝙎𝙀Onde histórias criam vida. Descubra agora