CAPÍTULO TRÊS
No dia seguinte, o clima não estava dos melhores. Acordei mais cedo que de costume e caminhei em silêncio até a cozinha, deslizando os dedos suavemente pelo copo de vidro, apanhando na geladeira uma garrafa de uísque. Despejo o líquido no copo, virando tudo de uma vez e engulindo com rapidez.
Me sinto tenso,cansado e inquieto. Não consegui dormir direito,e tudo culpa da amiga de Saiury. Respiro fundo e me debruço sobre o balcão.Será que ela tem razão?
Balanço a cabeça negativamente, afastando aquele pensamento. Reviro os olhos e me preparo para o trabalho. Olho o relógio: 06:17.
Vou até o quarto e lembro que hoje é domingo. A oficina não abre hoje.Merda. - xingo baixinho.
Acabo acordando Saiury que dormiu no quarto de Megumi. Ela me olha sonolenta e resmunga.
Que foi? - Ela se virou de um lado pro outro na cama.
Nada. - Disse ríspido e saí do quarto, voltando pra cozinha com ela em meu encalço.
'Tá chateado por ontem? Ai,Toji. Ela sabe essas coisas. A Emma é muuuuuita inteligente.
Aquela mulher é uma sem noção,isso sim. - Olho sério para minha irmã. - Pare de se meter na minha vida.
A vida é sua, mas o Megumi não é só seu,Toji! O menino precisa de ajuda! Para de agir feito idiota!
Cala a boca, porra! Você não tem o direito de dizer como eu devo criar o MEU filho,Saiury.
Você é orgulhoso demais, Toji! Isso vai prejudicar o menino! Não percebe? Sua esposa ficaria chateada e decepcionada com isso. Não vê que tem negligenciado o Megumi? - Desvio o olhar, sabendo que ela está certa. Suspiro e deslizo as mãos por meus cabelos.
Tudo bem. Eu vou conversar com a sua amiga. - Dou-me por vencido, sentando no sofá.
Vou ligar pra ela mais tarde, ver se a gente pode sair. Assim vocês podem conversar.
☆☆☆
Fico surpresa com a ligação de Saiury. São oito da manhã. Deslizo o dedo pela tela, aceitando a ligação.
Bom dia, Say. - Digo sorrindo na ligação.
Bom dia, Emma!!! Conversei com meu irmão, acredita? - Eu franzo a testa, um pouco chateada pelo incidente do dia anterior.
E então?
E ele tipo, aceitou! Você pode explicar pra ele o que acha e recomendar um fonoaudiólogo e psicólogo, essas coisas,sabe? - Sua empolgação é evidente, então eu assinto.
Tudo bem.
Então tipo, eu tava pensaaando. Será que a gente pode sair hoje? Daí tipo, você pode conversar com ele sobre o meu pequenino.Rio pela sua felicidade e assinto.
Claro, vai ser um prazer.Deslizo o dedo, encerrando a ligação. No fim da tarde, procuro uma roupa para sair com eles. Abro o closet enquanto observo minhas roupas. Opto por um vestido solto e verde, um coturno marrom e um sobretudo de crochê. O dia estava frio, então tudo parecia adequado.
Por volta das sete, um carro preto estaciona. Sorrio ao ver o pequeno Megumi pular do carro e me abraçar sorridente. Eu o coloco no colo e o pai do pequeno sai.
Arfo ao lhe ver se aproximando, o seu Invictus inundando meu nariz, sua postura impecável e seus olhos intensos.Oi, Emma. - Ele estendeu a mão, sua voz rouca me fazendo sentir coisas consideravelmente indecentes.
Sorrio positivamente, com o filho dele me abraçando.
Oi,Toji. Tudo bem? - Ele sorri de canto e sinto meus pêlos eriçados. Que homem.
Ele abre a porta do carro pra mim e eu me sento, então vejo Saiury no banco de trás,mas Megumi quer continuar no meu colo.
Emmaaa! Toji, a gente pode pôr Taylor Swift?
Não aguento mais, Saiury. A gente ouviu isso o caminho todo. - O homem diz com calma, mas firmeza, seus olhos fixos na estrada quando ele deu partida.
O caminho seguiu tranquilo,e quando chegamos, tudo corria perfeitamente bem. Saiury brincava com Megumi enquanto Toji e eu conversávamos e comíamos pizza italiana.
Não é do meu feitio ficar atraída facilmente, mas era impossível não se sentir tentada por esse homem.
Ele é alto, musculoso, os cabelos úmidos caindo em seu rosto, uma pequena cicatriz adornando seus lábios, aqueles olhos intensos e cinzentos,além disso, uma postura impecável e extremamente cuidadoso com o filho.
Isso é demais até para mim.Eu nunca pensei que meu filho pudesse não ser mudo. - Sua voz é tranquila e ele engole outro pedaço de pizza. - Acha que terapia o faria falar?
Bem, eu creio que a probabilidade é alta. Acredito que o Megumi possa ter sofrido muito com a perda...- Eu o olho, observando se é seguro continuar o assunto, sua mão pareceu ficar rígida ao falar sobre o luto, então mudo o rumo da conversa. - Bem, então,a terapia pode ser a melhor opção para o Megumi.
O resto da noite seguiu tranquila, então Toji e eu conversamos sobre Megumi e sobre suas pessoalidades,buscando entender melhor o pequeno.
No fim, tudo pareceu melhorar,e agora, Toji Fushiguro estava na minha lista de contatos.
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As Linguagens Do Amor
FanfictionToji Fushiguro, é um homem viúvo que vem lidando com o luto da sua amada esposa e com a complexa tarefa de cuidar de um menino aparentemente mudo. Emma Almeida, no auge dos seus 28 anos, estava satisfeita, buscando concluir o seu doutorado e dese...