Memórias.

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"Já fazem dois anos desde que isso aconteceu"- a paciente de cabelos pretos disse.

"Ainda é difícil falar sobre?" -a psicóloga pergunta seguidamente de uma anotação em seu caderno.

"É. Sinto que nada foi real."

"E não foi real, Misa. Você cortou sua própria mão de propósito."

O silêncio desconfortável foi a única coisa mais alta daquela pequena sala, 23 segundos, o que parecia uma eternidade. Misa, que olhava de forma insegura para a doutora, finalmente pôs se a falar.

"Se tivesse sido de propósito, eu não estaria aqui, não é?" -Misa falou logo dando um sorrisinho sarcástico "Não sei se tenho escolha de guardar isso de você. Venho aqui justamente para esquecer o que aquilo fez comigo. Tudo bem, vou falar."

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28.02.16

Uma tarde, por meio das 17:00 horas da tarde, eu andava pelas ruas após sair da escola. Lembro de estar específicamente em uma lojinha de conveniência, tentando comprar algo para comer.
Depois de alguns minutos, eu peguei um salgadinho de uma marca qualquer e levei para o caixa para pagar.

"Somente?" -a atendente me perguntou.

Senti meu estômago revirar de nervosismo, não sou boa em interações sociais e nem gosto de fazê-las. Respirei fundo, segurando o embrulho que se formava dentro de mim e respondi:

"Somente." -disse.

Saí da loja levemente ofegante, eu não sabia que poderia ficar tão nervosa com uma simples interação.
Andando para fora da loja, vejo um gato preto, um animalesco de pequeno porte, ele miou para mim.

"Meow!" -o felino caminhou até mim e se esfregou em minha perna, de forma manhosa miou novamente "Meoow."

"Hã?" -falei espantada. Eu tenho medo de gatos, medo deles me atacarem se eu fizer um movimento brusco.

Percebi que não adiantaria ficar paralisada ou tentar ignorar o gato. Lentamente me abaixei, o suficiente para poder fazer carinho na cabeça do gato, ele se inclinava ainda mais para... Pegar carinho? Posso dizer assim? Levantei e logo em seguida voltei a andar em caminho para minha moradia.
O gato, que parecia um carrapato, não parou de me seguir até eu chegar em casa.

Não percebi que eu era um imã do animal que eu mais tenho medo, Cruzes!

Me encontro destrancando a porta de casa e convidando o gato a entrar. Entrei, e o pequeno felino continua a andar atrás de mim como um espírito... Talvez esse tenha sido meu erro, deixá-lo entrar.

Tem Alguém Na Minha CasaOnde histórias criam vida. Descubra agora