Minha Pura Alma

1-O Começo

  Hoje é meu aniversário de 20 anos, e nesse momento estou desesperada e confusa.

  Na noite anterior meu namorado Josh teve um pequeno surto e nós discutimos, o que o levou a sair de casa e passar a noite fora, como de costume. Sempre que Josh se irrita ele me bate e grita comigo e logo depois sai para beber, porém dessa vez foi diferente. Ele não me bateu, apenas saiu, oque me deixou confusa.
  As horas passaram e eu adormeci no sofá enquanto esperava Josh chegar. Quando abri os olhos ja havia amanhecido, sendo assim o dia do meu aniversário. Eu não conseguia parar de pensar que durante todo esse tempo eu estou sendo tratada como um pedaço de nada, e tudo por conta de um cara escroto que fingia ser "o cara dos sonhos" na frente dos outros.

  Até hoje só aguentei isso pela minha querida avó. Ela dizia em todos os meu aniversários que um homem entraria na minha vida e eu seria infeliz até o dia do meu aniversário de 20 anos, porém mesmo sendo maltratada eu deveria ser doce e trato-lo bem, pois como recompensa, no dia do meu aniversário tudo iria mudar e finalmente eu começaria minha jornada rumo ao meu destino.
  Minha avó dizia que minha alma era pura e doce como um pequeno coelhinho e eu conseguiria passar por tudo isso com um sorriso no rosto, então assim eu fiz. Sempre que Josh começava a ter seus surtos eu tentava acalmá-lo mesmo fracassando e sorria o tempo todo.

   Tocaram a campainha e eu corri para abrir a porta. Lá estava o bolo que me fazia ter lembranças boas e uma carta ao lado. Rapidamente o peguei com um sorriso no rosto e entrei em casa fechando a porta e levando-o para a cozinha. Abri a carta e lá estava escrito:

"  Parabéns minha pequena! Espero que hoje você se alegre pois o destino irá bater em sua porta, ou melhor, em sua janela. Não se assuste, apenas deixe-o  entrar. Esqueça dos problemas no dia de hoje, e não deixe de sorrir! Assinado: vovó."

  Sorri e ascendi as velinhas, fechando os olhos para fazer um desejo. Assoprei e abri meus olhos. Deixei uma faca ao lado do bolo para quando eu descesse novamente corta-lo e comê-lo e então subi as escadas para ir ao meu quarto guardar a carta junto com as outras que recebi nos meus antigos aniversários. Quando estava quase chegando em meu quarto minha cabeça começou a fazer zumbidos e eu fiquei tonta. Tudo começou a ficar escuro e de repente me vi deitada no chão do corredor. Meus olhos se fecharam.
  Eu estava em um campo imenso com várias flores e ao longe vi uma silhueta alta e escura, não consegui distinguir oque era, mas tudo em sua volta estava escuro. Perguntei calmamente:
  –Olá? Você consegue me ouvir? Onde eu estou?– Ele não me respondeu.
  Tentei ir até ele porém escutei ele dizer algo.

  –ACORDA!

  Abri meus olhos assustada com seu grito e estava deitada na minha cama, oque era muito estranho pois eu não me lembrava de ter deitado nela. Me levantei e fui em direção a cozinha para comer meu bolo de aniversário porém quando estava no corredor que dava para a escada olhei a janela e vi que já era escuro. –Será que dormi o dia todo? – Eu pensei.
  Desci as escadas e fui a para a cozinha. Para a minha surpresa a faca havia sumido e o bolo estava cortado e faltando um pedaço.
  –Josh chegou...– eu pensei.
  Olhei para trás e lá estava ele sentado no sofá com algo em suas mãos. Era uma garrafa de cerveja como imaginei. Respirei fundo e me aproximei dele vagarosamente, mas não me aproximando muito. Parei e olhei para seu rosto que estava exalando todo o seu ódio naquele momento.
  –Você está bem? O bolo estava gostoso?– falei com uma voz baixa e calma e ele olhou para mim com raiva em seus olhos.
  –EU NAO COMI ESSA PORRA NOJENTA!! – Ele gritou batendo a garrafa com força no móvel que fica ao lado do sofá fazendo com que ela se quebrasse em diversos pedacinhos. Eu me assustei e virei o rosto para que nenhum pedaço de vidro voasse nele.
  –EU NÃO AGUENTO MAIS OLHAR NESSA SUA CARA DE TAPADA, VOU TE MATAR AGORA SUA VADIA, VOCÊ VAI PRO INFER-

Não esperei Josh terminar a frase. Saí correndo para meu quarto e tranquei a porta.
  Ele correu atras de mim começou a esmurrar porta e gritar me chamando. enquanto isso eu olhava para a maçaneta se mechendo desesperada. Comecei a sentir um zumbido no ouvido e ficar tonta como havia acontecido mais cedo, então fechei os meus olhos e me virei de costas encostando na porta e depois de alguns segundos o zumbido parou. Ouvi um barulho como se alguem estivesse batendo na janela e senti que algo ou alguem estava me observando, mas estava com medo demais para abrir meus olhos.
  –Quem está aí?– Eu chochichei, mas ninguém respondeu.
  Após reunir um pouco de coragem abri meus olhos e fiquei paralisada quando vi oque estava parado no canto da parede ao lado da minha cama. Ele era alto e forte. Seus cabelos eram escuros e seus olhos eram profundos e negros como a noite e ele exalava um cheiro que eu nunca havia sentido antes, só sei que era um cheiro que me seduzia e me fazia querer mais. Em suas mãos havia uma faca. Fiquei o observando paralisada por um tempo.
  –Quem é você? – Eu perguntei sentindo um arrepio por todo o meu corpo.
  Ele abriu um sorriso marcante e doentio e logo me respondeu com uma voz obscura e atraente.

  –Sou seu destino, ou melhor, sou seu pesadelo, querida.