2-O Destino

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  –Você é meu pesadelo? Ta de brincadeira né?– Eu disse rindo ironicamente enquanto Josh quebrava as coisas do outro lado da porta.
  –Você não viu nada ainda, coelhinha.– ele respondeu levantando a faca e apontando para mim me fazendo tremer de medo.
  –Vai pegar ou não?– ele perguntou.
  –Por que eu pegaria?
  –Para matar esse desgraçado.– ele disse com um sorriso piscicótico no rosto enquanto olhava no fundo dos meus olhos, como se observasse minha alma.
  –matar? Eu não posso fazer isso...
  –Eu sei que você quer isso docinho. Esse merdinha tornou sua vida um inferno durante todo esse tempo. Você não acha que ele merece uma lição?
 
  Ele tinha razão. Por todo esse tempo eu fui maltratada mesmo o tratando bem. Quando ele se machucava eu tentava cuidar dele e ele rejeitava. Eu me arrumava para sair com ele e sempre ouvia ele dizer que nao queria sair com uma puta feia como eu. Em troca de tudo oque eu fazia por Josh eu recebia tapas no rosto e xingamentos desnecessários. Ele tentava abusar do meu corpo e quando eu o rejeitava, recebia murros até desmaiar.
Senti meu sangue ferver de ódio e tudo começou a ficar embaçado. Eu escutava várias vozes cochichando em meu ouvido:
  –mata ele.
  –ele não faz falta
  –ele não merece viver
  –mata
  –pega a faca

Quando percebi eu já estava com a faca em uma mão e a outra na fechadura da porta.
  Minhas mãos começaram a tremer mas algo dentro de mim me fazia querer mata-lo. Isso era errado! Eu não seria presa?
  Ouvi uma voz rouca sussurrar em meu ouvido:
  –Ou você mata ele ou sua avó ficará infeliz pelo resto da vida.
 
  Assim que escutei isso um ódio que eu nunca havia sentido me consumiu e tudo oque ela havia passado estava presente em frente aos meus olhos.
  Rapidamente abri a porta e avancei no escroto. Não sei como mas montei em cima de frente para ele, que estava deitado no chão, segurei sua mão e joguei sua garrafa para longe.
  –CALMA GATA,PODEMOS CONVERSAR, ERA SO UMA BRINCADEIRINHA!.– Josh gritava praticamente implorando pela sua vida mas, nesse ponto, eu já não enxergava mais nada.
  Por um momento eu parei e olhei em seus olhos, mas lá não havia nada, nem se quer remorso. Vi que ele estava tentando recuperar a garrafa quebrada que eu havia arremessado, então eu disse:
  –Eu sinto nojo de quem você se tornou.
  Eu cravei a faca em sua barriga e ele gritou de dor.
  –isso é por todas as vezes que você me socou na barriga!
Depois passei a faca pelo seu rosto.
  –isso é por todos os roxos que você já deixou no meu rosto!
Em seguida cravei a faca em seu peito e finalmente disse:
  –Aproveita sua viagem grátis direto por inferno, seu demônio.
  Ele morreu em frente aos meus olhos. Vi seu brilho sumindo aos poucos. Eu estava toda ensanguentada em cima de um cadáver e foi quando eu me lembrei do homem que estava no meu quarto. Olhei para traz e o vi parado me observando, enquanto ria.

  –Demônio? Aí você me ofende, garotinha. –Ele disse logo depois fazendo uma falsa reação de medo –Pensei que você era doce como um coelhinho!–
O homem colocou a mão na cabeça para formar orelhas de Coelho e fez beicinho.
  –Coelhinhos podem ser lobos as vezes.– ele fez como se fosse sorrir mas logo disfarçou passando a mão no cabelo e ficando com uma feição séria. Eu não estava estranhando toda aquela situação pois vovó já havia falado que ele apareceria um dia, só não sabia que seria hoje e muito menos o porque dele estar ali.

  –Aliás, meu nome é Ethan– Ele disse engolindo seco.
  –Ana– Respondi enquanto saía de cima do corpo de Josh.
–O que vamos fazer com ele?– perguntei.
  –Não se preocupa, isso é comigo. Acho que você deveria tomar um banho se não quiser ficar fedendo a cadáver, coelhinha.
  – Da pra parar de me chamar assim? Não sou sua e muito menos um animalzinho– eu disse me sentindo constrangida com toda aquela situação. Ele sorriu.
Nunca havida sentido isso antes, ou já? Eu não sei porque mas eu me sentia estranha perto de Ethan. Parecia que eu o conhecia a bastante tempo.

  Enquanto eu tomava banho eu comecei a sentir um peso no meu coração e então caiu a ficha. Eu havia matado alguém, eu era um monstro! Me ajoelhei, sentindo culpa e então as lágrimas começaram a escorrer. Fiquei lá por horas.

  Finalmente consegui sair do banheiro e a casa estava limpíssima, como se nada tivesse acontecido. Procurei por Ethan mas ele não estava em lugar nenhum. Fui para meu quarto e me deitei, pois já era tarde, mas em momento algum consegui dormir.
  –Me sinto culpada e sozinha– Eu desabafei com a parede – Porque você fez isso Ana? Você está louca, não está? Como você, a pessoa com uma "alma de coelhinho" conseguiu matar alguém? Eu só posso ter enlouquecido!

  –Era o seu destino.– alguem sussurrou em meu ouvido com uma voz rouca enquanto passava a mão em meu cabelo, oque me fez arrepiar por completo.
  Me virei e lá estava Ethan, deitado em minha cama e olhando em meus olhos. Nos encaramos por um momento, oque me fez ficar um pouco envergonhada.
  –Tá envergonhada, coelhinha? Você tá vermel- –Não esperei ele terminar de falar e o empurrei com toda a força que eu tinha para o chão.
  –Nossa, como você é fortinha. –ele disse debochando e me deixando mais vermelha. Me escondi em baixo das cobertas e fechei meus olhos para tentar me acalmar.

  Havia um cara que eu nunca tinha visto em meu quarto e por incrível que pareça isso não me incomodava.
  –Bem, já vou indo.–disse Ethan.
  –fica mais um pouco...–eu chochichei embaixo das cobertas e, após perceber oque eu havia falado fiquei torcendo para ele não ter me escutado e desejando que aquilo não tivesse saído da minha boca.
–ah, você quer que eu fiquei? Que coelhinha mais safada.– rapidamente saí debaixo das cobertas e sentei na cama, encarando ele furiosa. Lá estava ele rindo baixinho com a mão tatuada sobre a boca.

  Foi ai que reparei que ele tinha muitas tatuagens estranhas em seu corpo, mas fiquei calada.
  De um minuto para o outro sua feição mudou.
  –Eu vim pois precisava te contar algo.

Ele disse ficando sério e eu fiquei em choque quando ele começou a falar...

Minha Pura AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora