CAPÍTULO TRÊS
Menino-TitãERA, DE FATO, UM MENINO.
Um cadete comum, desses que se encontra aos montes nos centros de treinamento; desses que mal dá para diferenciar dos colegas, tendo em vista a aparência tão mundana; desses que teriam uma vida curta, já que, segundo o que contava o rumor, queria se juntar ao Reconhecimento depois da formatura; e que passariam sua curta vida completamente despercebidos.
Era um pré-requisito, no entanto, para viver uma vida curta e despercebida, que a pessoa não tivesse a inexplicável capacidade de, de alguma forma, converter a si mesma em um titã de quinze metros de altura. E Eren Jaëger não cumpria este pré-requisito.
Nós chegaremos a quem é Eren Jaëger em algum momento; por hora, cabe ao leitor a necessária explicação de que no momento em que Maria alcançou um dos pátios de treinamento do QG, onde encontrava-se o menino-titã, ele era apenas um menino no centro de um círculo de cadetes e policiais militares.
O fim da tarde se aproximava, e o sol estava prestes a dar lugar à noite; apesar disso, mesmo com as lamparinas de iluminação noturna ainda apagadas, Maria pôde vê-lo com clareza. De pele levemente bronzeada e cabelos castanhos e lisos. Ela não soube, no entanto, a cor de seus olhos neste primeiro momento, uma vez que estes encontravam-se fechados.
- É esse aí? - Sussurrou Maria para Levi, apontando o garoto com o queixo.
- O próprio. - Confirmou o capitão.
Ele estava desmaiado.
As reações das pessoas ao redor do garoto desmaiado deixaram Maria ainda mais confusa, embora já não houvesse mais espaço em seu cérebro para confusão naquele dia: o dito menino-titã estava, então, desmaiado no chão, com a cabeça amparada pelo colo de outra cadete, de cabelos pretos e curtos. Junto a eles encontrava-se ainda um terceiro cadete, de cabelos loiros, dono dos olhos azuis mais desesperados que Maria já havia visto desde a vez em que vira os dela própria no espelho depois de sua mãe ser presumida como morta.
Salvo esses dois, que pareciam alarmados com algum mal grave que acometia o menino-titã, no entanto, ninguém mais no cerco parecia se importar com o que quer que estivesse acontecendo. Era fato que os outros cadetes presentes aparentavam confusão, com um respingo de medo, mas nenhuma outra emoção era visível nos rostos dos que estavam ali para guardar a então possível salvação da humanidade. Era também fato que os policiais militares costumavam não ter muitos escrúpulos, mas o garoto no chão parecia irresponsivo, e, fosse este o caso, era estranho, até para a polícia militar, se negar a prestar socorro.
Incerta de onde estava se metendo, Maria sentiu-se subitamente tão assustada quanto os cadetes no recinto pareciam estar. A cena absurda que presenciava e a tensão latente naquele pátio a faziam desejar poder se recusar a prestar serviços ao Reconhecimento, devolver as botas de Levi - que, diga-se de passagem, ainda estava descalço - e correr para casa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝑴𝒂𝒓𝒊𝒂 | sɴᴋ
FanfictionMaria nunca teve intenção de juntar-se ao exército. Vendo seu mundo ser dilacerado pelos titãs, no entanto, ela viu-se obrigada a fazer algo a respeito. Designada para a tarefa de estudar a improvável existência de Eren Jaeger, o menino-titã, ela m...