Maria nunca teve intenção de juntar-se ao exército. Vendo seu mundo ser dilacerado pelos titãs, no entanto, ela viu-se obrigada a fazer algo a respeito.
Designada para a tarefa de estudar a improvável existência de Eren Jaeger, o menino-titã, ela m...
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DESDE A QUEDA DE SHIGANSHINA, CINCO ANOS ANTES, Eren tinha problemas sérios para dormir. Ele tentava negar tal fato para Armin e Mikasa o máximo que podia, e sempre fingia estar bem disposto de manhã, embora houvesse ocasiões em que o sol apontava no horizonte sem que ele tivesse dormido um minuto sequer. Desde aquele dia; aquele maldito dia, Eren se colocara, ainda que inconscientemente, em modo de sobrevivência constante. Sentia-se incapaz de baixar a guarda por completo, temendo que o excesso de confiança e a tranquilidade, algum dia, custassem a vida de mais alguém importante para ele.
Quando seu corpo era incapaz de aguentar o cansaço, e ele finalmente desistia e adormecia, vinham os sonhos.
Daqueles sonhos esquisitos, que nunca sabemos se são sonhos ou se são memórias depois que acordamos. Daqueles de enlouquecer o mais são dos homens.
Os sonhos geralmente contemplavam sua mãe e seu pai. Havia vezes em que tinha sonhos tão reais de sua mãe viva, que acordava esquecido de que ela já morrera - o que era, na opinião dele, o truque mais cruel de sua mente. Em outras, sonhava com o dia em que seu pai pendurara o cordão com a chave do porão da casa de Shiganshina em seu pescoço, e essas vezes sempre carregavam seu despertar com o amargor de quem acordara de um pesadelo, cheio de medo e angústia - o que não fazia sentido, já que seu pai era o tipo de homem que não machucaria alguém nem para salvar a própria vida.
Naquele dia, no entanto, ele tivera um sonho novo.
O novo sonho em questão contemplava uma conversa muito longa, e muito sem sentido, com uma garota da idade dele. Quando começou a despertar naquela noite, com as memórias do sonho frescas em sua mente, Eren pensou que a garota com quem sonhara era Mikasa. Mas não poderia ser; ela tinha cabelos compridos e olhos azuis, afinal.
Fez um esforço para lembrar-se de detalhes do que os dois haviam conversado, pois o assunto esvaía-se de sua mente conforme ele se tornava mais desperto. Mas aí veio a dor; um pulso dolorido, daqueles mais insuportáveis, que pareceu fazer seu cérebro ter um espasmo. Ele foi incapaz de conter um gemido de sofrimento.
Pensou que nunca mais abriria os olhos novamente, já que aquela dor o mataria em menos de cinco minutos. Foi, no entanto, obrigado a fazê-lo, quando sua mente se tornou finalmente desperta ao som de uma voz estranhamente familiar:
- Ah, aí está você! - Ela dizia.
Era a garota de seu sonho.
Eren sabia que era a garota de seu sonho porque apesar de as palavras por eles trocadas durante o dito sonho não possuírem muito sentido, e ser necessário um esforço enorme da parte dele para se lembrar de qualquer uma delas, ele reconheceria aquela voz a qualquer distância e em qualquer lugar.
