1. Manhã Solitária

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Os dias começavam um pouco amargos no outono japonês: céu coberto de nuvens, ventos frios e inquietantes, acompanhados até de garoa ou chuva algumas vezes. Em Okazaki, aquela manhã não foi diferente e o termômetros marcavam 15° graus pela cidade, cujas ruas estavam ligeiramente pacatas como de costume naquele horário das sete e pouca.

Numa região razoavelmente afastada do centro da cidade, viviam Suiran e Kouhiro em uma casa branca e marrom de arquitetura simples com dois andares. Suiran se encontrava dormindo em seu quarto com a porta encostada. A luz do dia atravessava as cortinas escuras, clareando um pouco do cômodo de decoração discreta, mas elegante, de paredes azuis-escuras e brancas com um guarda-roupa branco, uma escrivaninha bege — da qual sobre ela havia um notebook com um mouse conectado ao lado, um porta-caneta e uma câmera fotográfica —, além de uma pequena estante branca com livros enfileirados e uma cama box onde o garoto repousava.

O sono profundo de Suiran estava prestes a fazê-lo perder a hora de se levantar e ir para a escola, se não fosse pelo despertador de seu celular — próximo ao seu travesseiro — que o fez acordar a tempo. Seus olhos permaneceram entreabertos por alguns segundos e ele encarou um pouco do quarto escuro a sua frente, enquanto lidava com a sonolência remanente, sob o som da música calma e melancólica que o aparelho reproduzia. Quando finalmente conseguiu alcançar o celular e desligar o despertador, Suiran empurrou o edredom e se levantou, ficando sentado na beirada da cama.

Olhando para o celular em sua mão, ele viu na tela de bloqueio que havia recebido uma notificação de algumas mensagens de seu irmão, nas quais diziam: "Bom dia Sui. Tive que sair mais cedo hoje para adiantar um trabalho com meu pessoal na faculdade. Deixei seu café da manhã pronto na cozinha. Coma, se arrume e não se atrase para escola, te vejo mais tarde".

Desbloqueando o telefone, Suiran visualizou as mensagens e respondeu: "OK. Tenha um bom dia também, Kou-nii".

Nii: irmão mais velho.

"Não sabia que a faculdade dele abria antes das oito", Suiran pensou, levantando-se da cama em seguida e calçando suas pantufas. Ao andar um pouco, ele sentiu uma sensação familiar lhe incomodar em suas estranhas e ficou estático por um momento.

— Hmm — suas sobrancelhas franziram quando ele olhou para baixo em direção a sua calça de pijama azul-escura — em par com uma blusa de mangas longas da mesma cor. Sua fralda se encontrava escondida por debaixo de suas vestes inferiores, estava limpa e seca — do jeito que ele a colocou no anoitecer do dia anterior —, no entanto, aquele estado não iria durar muito.

Era incomum aquilo acontecer com ele logo cedo. Suiran sabia que não poderia evitar aquela situação, mas permaneceu calmo, "Bom, melhor agora do que depois na escola. Eu já ia ter que tomar banho de qualquer jeito, então tudo bem", pensou ele, expressando um sorriso discreto, mas pretensioso. Fazer um bom uso daquela fralda ao invés de descartá-la limpa na hora do banho não era uma má ideia, afinal era o propósito dela e Suiran sabia bem disso.

Sem perder tempo, ele colocou o celular sobre a escrivaninha e ali mesmo em pé — próximo da cama —, Suiran começou a se concentrar. Suas sobrancelhas franziram novamente e seu corpo se inclinou levemente. Com seus punhos fechados, Suiran fez um pequeno esforço inicial e um pum que se abafou dentro da fralda anunciou o que estava por vir.

Para quem estava acostumado, não havia segredos ou surpresas, era só deixar acontecer naturalmente. E assim, entre grunhidos e suspiros baixinhos, Suiran começava a se aliviar na fralda sem a menor preocupação, já que ele estava sozinho em casa e não corria o risco de ser pego no flagra por seu irmão. Além do ambiente agradavelmente escuro de seu quarto, Suiran se sentia confortável de ser algo que ele estava fazendo propositalmente, ao invés de ser um acidente inconveniente.

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⏰ Última atualização: Feb 05 ⏰

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