O doce veneno do vinho bordô

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História foi escrita em parceria com o projeto PurpleGalaxy_Project , betada com muitos resmungos pela doce MegNovis e com o design de bygoldenart

Tenham uma boa leitura S2

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Águias são aves que ocupam o topo dos céus. Sanguinárias, vaidosas e traiçoeiras. Estar na presença desses animais era como ter um pequeno bilhete de advertência que constantemente dizia "perigo" colado às costas. Hoseok sempre achou que o clã Jung era como as águias, poderosos, influentes e tão altos quanto o nível do próprio sol, fazendo jus ao brasão da família, mas ele sempre se considerou inferior, mesmo estando entre eles.

Era um bem-te-vi em um ninho de águias. Apenas um enfeite indesejado do casarão antigo.

Hoseok sempre soube que ele não era como seus irmãos e primos, sequer como aqueles que eram chamados de agregados, ou mesmo como os servos que eram tidos como de confiança. Ser um ilegítimo no clã das águias era um pecado mortal, uma doença contagiosa que se alastrava pela carne com o primeiro respiro de vida e somente se dissiparia com o último bater do seu coração ilegítimo; até lá, ele continuaria sendo atormentado pelo resto dos seus dias, apenas por ter ousado nascer filho de quem era.

Acolhido pelo clã apenas por insistência de Jung Sukyeon, os primeiros anos foram como o inferno na terra. Ele era alimentado com o básico e se aquecia com tecidos frios, todos do clã rezavam para que aquela criança desaparecesse entre as paredes do casarão e a paz fosse restaurada, mas o destino sempre pareceu ter uma ideia melhor para o trêmulo garoto.

A criança assustada foi substituída rapidamente por um homem leal e ambicioso, lutando contra as águias para ocupar seu lugar de direito até que o clã encontrasse sua queda.

Com a morte da antiga líder, facções foram criadas em meio ao clã da fartura, ocasionando uma grande perda com a decisão ambiciosa de depor quem fosse escolhido junto ao rei.

E assim como os Jung ficaram conhecidos por sua ascensão desmedida, foram conhecidos por sua descida vergonhosa.

Os boatos, maldosos e descabidos diziam que era culpa da criança ilegítima, que por ser fruto de um adultério, também era um filho de fada, uma aberração; assim como a mulher que tinha lhe dado a luz.

Hoseok já tinha ouvido aquilo antes. Que a mãe era fada e tinha a beleza que nenhum ser, humano ou não, era capaz de resistir, e que, ao deixar uma criança como ele ali, marcava a família com um sinal de tormenta. E como se sua origem fosse o suficiente para culpar o garoto, os Jung transformaram aqueles boatos em verdade.

Hoseok agora era o culpado da ruína do clã Jung.

Considerado indigno de títulos e do direito de herança, o homem foi destituído do que antes era o único tipo de amor que ele conhecia.

— Jovem mestre está tão calado hoje — Amanai anunciou de repente, os olhos monótonos mais interessados em esfregar canela nas janelas.

Hoseok apertou o nariz levemente, desgostoso com o cheiro de canela que subia a cada movimento vigoroso do pano contra a superfície de madeira, mas não emitiu nenhum comentário. Naquela época do ano, era comum que as casas fossem limpas com canela, alecrim e outras especiarias para afastar os maus espíritos e outras coisas não ditas.

— Apenas aproveitando o começo do silêncio noturno.

Amanai balançou a cabeça enfeitada por tranças, esfregando com mais afinco o pó marrom nas entradas do escritório. Hoseok quis tomar o pano das mãos da serva e mandá-la embora, assim como tinha feito tantas vezes desde que perdeu o que sequer pôde ter, mas ele tinha certeza que a garota retornaria na manhã seguinte com flores a tiracolo e pão fresco.

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