🩰
Fazia exatamente uma semana que eu não saia do apartamento, havia procrastinando a semana toda, ignorava chamadas, mensagens e todo o mundo exterior que não envolvesse aquele quarto. Eu me sentia como um pássaro que teve suas asas cortadas, e agora não vê mais sentido para sair da gaiola.
Meu cabelo estava um nó puro, não penteava desde o dia em que voltei do primeiro dia de aula do balé e só de pensar naquele dia me causava tontura.
Passei várias e várias horas na cama deitada pensando em como se encontrava minha situação e o quanto isso estava além do que as minhas mãos poderiam alcançar. Não conseguia encontrar uma solução, mas também não conseguia encontrar forças para achar uma solução, me custava um esforço enorme só o fato de ter que levantar.
Eu tinha uma promessa a cumprir com a diretora, prometi que essa doença não significaria nada para o meu desempenho e entregaria uma coreografia perfeita, mas não tive coragem de voltar para a K-ballet no dia seguinte.
Tudo começou com uma moleza no corpo, pensei que não teria problema em não ir, e procrastei por sete dias consecutivos. Também não fui à consulta no dia. Fracassei mais uma vez.
Com muito esforço, decidi sair de casa para ir até a o mercado nas proximidades, já que não havia mais comida em casa, daqui a pouco iria a falência, não sei quanto mais meu corpo aguentaria sem ingerir uma refeição decente. O dia estava nublado, então vesti um moletom com capuz, Crocs e saí. Ao passar pela portaria, o porteiro ficou surpreso ao me ver, não disse, apenas respondi ao seu "bom dia" e segui em frente.
Antes de atravessar a rua, dei de cara com alguém que não via há um tempo, o Dr. Park. Ele estava com roupas de treino e boné, parou em frente a mim. Meus olhos se arregalaram, tentei seguir o meu caminho pela calçada onde estava, no entanto, ele não parecia disposto a me ignorar; gritou acenando e foi se aproximando até parar bem na frente dos meus olhos.
Fixei meu olhar em seus tênis, relutante em encará-lo. Apertei com firmeza o celular que havia guardado no bolso e mantive um silêncio pesado. Sua respiração ofegante ecoava no ar, as mãos repousando em sua cintura e gotas de suor escorriam silenciosamente pelo seu rosto.
Podia perceber o peso de seu olhar sobre mim, mas ele também permaneceu em silêncio. Fiquei ali parada, os segundos se arrastando como se estivessem presos no tempo, logo, Park quebrou o silêncio tenso.
-Há quanto tempo Sn - ele começou, parando para recuperar o fôlego - Como tem passado?
-Bem, no possível - respondi quase como um sussurro.
Inclinou o pescoço para me encarar, enquanto meu olhar ainda demonstrava surpresa. As batidas aceleradas do meu coração pareciam ecoar no silêncio tenso. Quando finalmente consegui encontrar seu olhar, vi seus olhos curiosos se fecharem em um sorriso caloroso.
-Estava sumida em, será que tem um tempo livre agora?
Aquele momento era estranho, meu coração continuava acelerado.
-O meu carro está logo ali no parque, vamos - propôs.
-Me desculpe Dr Park, mas eu preciso ir agora - falei instantâneamente.
Mas antes mesmo que eu pudesse seguir meu caminho, o mesmo segurou em meus ombros me impedindo de passar. Seu rosto agora exibia uma expressão séria, e sua mandíbula estava rígida.
-Sn, nós precisamos conversar.
Seu toque firme em meus ombros me fez estremecer, e o tom de sua voz indicava que ele estava determinado a falar comigo. Eu me senti encurralada, sem outra opção senão enfrentar o que ele tivesse a dizer, engoli em seco, embora já imaginava qual seria o rumo de toda a conversa.
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a Última Dança
FanfictionSn, uma talentosa dançarina, vê seu mundo desabar ao descobrir uma doença que ameaça tirar dela a habilidade de realizar o que mais ama. Até conhecer Jimin, um jovem médico determinado a ajudá-la a trazer alegria de volta à sua vida. Enquanto ele s...