Eclipse

Primeiro Encontro

O som de cascos dos cavalos galopando pelo bosque ficava cada vez mais alto. Ao perceber que não estaria mais sozinho, Felix se escondeu atrás do tronco de uma árvore centenária torcendo para não ser os guardas do castelo.
Mais cedo, o jovem príncipe havia saído sorrateiramente do castelo com a ajuda de seu único verdadeiro amigo e confidente: Jisung, o filho de seu treinador de esgrima. Por anos Felix suspirava pelos cantos da prisão que chamava de lar. A ideia de fugir — temporariamente — veio de Jisung, cansado de ver seu melhor amigo confinando naquele castelo velho, analisou o comportamento dos guardas e bolou um plano de escape. Seria apernas por uma tarde, mas sentir o gosto da liberdade, mesmo que limitada, significaria o mundo para um homem que apenas podia sair de casa para socializar com outros monarcas.
Então, quando o relógio registrou onze horas da manhã, os dois garotos se direcionaram ao estábulo para pegarem o cavalo do príncipe. Foram se escondendo para perto do portão dos serviçais do castelo, estava na hora de colocar o plano em prática. Jisung saiu do esconderijo e foi em direção ao guarda que estava vigiando a saída.
“Senhor Park! Acho que vi um homem tentando subir o muro do jardim!”
Tirando sua espada da bainha, o guarda Park correu na direção que Jisung apontava e ao ver que o homem estava longe o suficiente, Felix subiu em seu cavalo e galopou em direção ao bosque mais próximo.
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Felix estimou que apenas duas horas após sua saída haviam passado, entretanto, já tinha sido encontrado. Bom pelo menos era o que parecia.
Já conformado com seu destino, o príncipe espiou por trás do tronco e ele não viu os guardas do castelo, porém ele viu o homem mais belo de todo o universo. Montado num cavalo de pelagem preta, — que se igualava as madeixas longas do desconhecido — o sujeito percebeu que Felix estava espiando detrás da árvore e, consequentemente, fizeram um longo contato visual. Nenhuma das partes queria cometer o sacrilégio de quebrar aquela intensa troca de olhares.
Porém, não estavam sozinhos, um dos acompanhantes do desconhecido achou estranho seu mestre estar encarando algo e, seguindo a linha de seu olhar, percebeu Felix escondido al.
“Ei! Quem é você? Se apresente para a Sua Alteza, o príncipe herdeiro do Reino Lunar!
“Changbin!”
Em tom de desaprovo, o príncipe chamou atenção daquele servo. Todavia, o príncipe escondido apenas conseguia pensar que havia entrado numa bagunça. Como, de todas as pessoas que ele poderia encontrar, ele se deparou com o príncipe do reino inimigo? Aquele que se escondia com tanto terror nos olhos era justamente o príncipe do Reino Solar.
Há muito tempo, os dois reinos eram amigos e viviam em harmonia. Mas, um mal-entendido acabou com aquela amizade tão fervorosa. Um mal-entendido que provocou mortes e quebra de promessas.
Algum nobre da corte Lunar, com ciúmes daquela ligação entre os dois reinos, acreditava que a parceria entre ambas partes enfraqueceria o poder da nação. Então, cheio de inveja e rancor, espalhou boatos pela corte e pelo reino — com a ajuda de seus subordinados -— que o rei Solar estava planejando quebrar uma promessa de anos. Segundo a mentira, o rei Solar estava se preparando para atacar o Reino Lunar. Aquele rei do sol se aproveitaria da amizade para tomar a liderança de todo reino da lua para si.
Ao ouvir esses boatos horríveis, o rei questionou seu velho amigo sobre. Porém, o rei Solar, ficou bastante aborrecido por existir algum sentimento de desconfiança no coração do outro. A história conta que houve uma briga por exatas duas horas, o palácio do Sol chacoalhou com os altos gritos. Assim, no calor do momento, toda a amizade entre esses dois reinos foi desfeita.
Felix estava tremendo, olhava para todos os cantos, mas não conseguira planejar uma fuga pois eram muitos homens montados em seus cavalos. Com um rápido pensamento decidiu que seria mais inteligente mentir sobre sua identidade e fingir que não era de nenhum dos dois reinos inimigos.
“Sinto muito que não reconheci Vossa Alteza..., mas não sou dessas terras. Estava apenas procurando um local apaziguado para espairecer.”
Seguida a falsa apresentação, se ajoelhou. Aqueles homens abaixaram um pouco a guarda, talvez o rosto de medo estampado no rosto dele ajudou a vender sua desculpa.
“Se não é dessas terras, deve estar perdido. Se você me permite, podemos ajudar-te a voltar para sua casa. Não deve ficar muito longe daqui.”
Foi aquele belo príncipe que ofereceu tamanha bondade. Entretanto Felix sabia que se aceitasse se enfiaria numa confusão pior que a de agora, então tramou de deixar claro para o príncipe que já conhecia a área e era um caminho que ele fazia periodicamente.
Ao ouvir aquela afirmação o príncipe Lunar deixou os ombros caírem em decepção, queria muito ficar mais tempo com o outro de tamanha beleza que desafiava Afrodite. Desceu de seu cavalo e decidiu chegar mais perto daquela beleza, mais tarde o pintaria. Chegando perto de seu destino, ele estendeu sua mão para o desconhecido.
“Meu nome é Hyunjin. Você me daria a honra de me dizer seu nome?”
Corando, Felix completou o aperto de mão e decidiu rapidamente em dar um nome falso.
“É Yongbok Vossa Alteza.”
Contente de poder dar um nome aquela bela face, Hyunjin, se sentindo com bastante confiança, deciciu perguntar para Yongbok se ele gostaria de participar de um baile de máscaras tradicional de seu reino. O outro arregalou os olhos e estremeceu. Um baile? No reino Lunar? Felix seria louco de aceitar, porém... aquele príncipe possuía um charme de outro mundo e estava completamente enamorado.
“Não posso dar certeza, mas darei o meu melhor para comparecer...Vossa Alteza.”
Com um grande sorriso, Hyunjin beijou a palma da mão que ainda segurava e a soltou. Deram seus adeuses e quando a cavalaria estava longe, Felix subiu rapidamente em seu cavalo e voltou para o reino. Sabia que tomaria um esporro não só de seus pais, mas de Jisung também.