Qual a probabilidade?

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Qual a probabilidade?

Segunda-feira, 6:23

Albert acordou, abriu os olhos, respirou fundo, lembrou que dia era e o que teria para fazer nele, sentou na beira da cama rezou um pai nosso e checou o aparelho móvel. Havia algumas mensagens da mãe, amigos e grupos; ele respondeu todos. Foi quando lembrou de Aly, foi até o contato dela, abriu a galeria e enviou uma foto com fundo preto e a seguinte frase: “Não vejo nenhuma contradição entre ciência e fé: pertencem a duas esferas diferentes. Nós, cientistas, seríamos muito ambiciosos e arrogantes se imaginássemos que podemos explicar a origem do mundo.” Fabiola Gianotti, Diretora do CERN. Em seguida, ele mandou um:

— Oi, aqui é o Albert. Tomou um banho, arrumou a mala pela última vez e ficou na sala esperando Charles. Não demorou muito; ele apareceu.

— Bom dia, irmão! Disse Charles.

— Grande dia!

— São 6:41, Miami, lá vamos nós! Disse Charles empolgado.

— Olha o que chegou! Disse Albert, apontando para duas caixas pequenas de 20cm em cima da mesinha de centro na sala.

— Não, creio! Mas já?

— Pois é, nossos amigos chegaram! Eles abriram os pacotes juntos, onde havia aparelhos semelhantes, mudando apenas as cores: um cinza para Albert e um prata para Charles. O aparelho media 7x4cm, sem tela touchscreen fixa e apenas um botão de liga e desliga. Operado principalmente por controle de voz, tinha uma fina placa de plasma dobrável, podendo ser colocada sobre a pele do braço ou segurada na mão.

Então, os dois, para não se atrasarem, pegaram um carro compartilhado e foram transferindo seus dados para o novo aparelho a caminho do aeroporto em Melbourne. Assim que chegaram, fizeram o check-in, despacharam as bagagens e ficaram na sala de espera, pois ainda faltava cerca de trinta minutos para decolarem.

Enquanto isso, como de praxe, eles passavam o tempo se distraindo com seus aparelhos móveis. Os dois haviam adquirido o modelo mais moderno até o momento, um XC5, produzido por uma empresa americana chamada Boton Zero. O diferencial dos aparelhos era uma função de insights instantâneos, onde o aparelho ouvia todas as conversas do usuário e sugeria ações e informações para uma comunicação mais assertiva entre os humanos. Essa função possibilitava a potencialização cognitiva e de comunicação de cada indivíduo, sendo chamada de "amigo móvel".

Com as novas funções de projeção de hologramas e plasma flexível capaz de expandir do tamanho de uma TV de 50 polegadas, recarregável por energia solar, e com a opção turbo drone, na qual o aparelho usava quatro palhetas finíssimas feitas de titânio e uma capa do mesmo material para proteger contra o atrito da atmosfera e radiação cósmica, o "amigo móvel" literalmente explorava o espaço e transmitia em tempo real. Não ia muito longe, mas chegava à lua em alguns dias.

Albert estava jogando com o plasma acoplado em seu pulso quando Aly entrou na sala, vestida em um macacão pantalona preto, bolsa preta no braço e uma mala dourada da Rimowa. Ele a reconheceu instantaneamente, e ela, ao vê-lo, pensou: “Droga! Esse cara aqui? Ela apenas colocou os óculos escuros e andou discretamente até uma poltrona no canto da sala, tentando não chamar muita atenção, mesmo sabendo que ele já a tinha visto.”

No entanto, ficou observando-o de longe, suas expressões enquanto jogava, seu maxilar bem marcado. Havia uma certa virilidade que ela achava atraente nele, mas rejeitava sentir qualquer sentimento de afeto por ele, um completo estranho que ela dizia ser igual aos outros. Porém, tinha uma parte dela que gostava dele e lhe intuía que era diferente. Mas, lá no fundo, queria que ele fosse de encontro a ela, pois quem não gosta de se sentir desejado?

O fim é melhor que o começo?Onde histórias criam vida. Descubra agora