02

596 98 19
                                    




Natália piscou uma, duas vezes, tentando focar no casal a sua frente. Os cliques de sua própria câmera e o burburinho dos convidados lhe causavam tontura. Todos felizes, alheios ao quão canalha o noivo era. Alheios a Carol chorando no banheiro poucas horas antes. Queria bater no irmão, gritar com ele, acabar com esse casamento. Nem mesmo Helena, que não era lá flor que se cheire, merecia estar casada com Bruno. Mas algo a impedia de dar voz a todos esses pensamentos.

— Natália, tá tudo bem? Você parece distraída. — Jonas, seu assistente de filmagem, perguntou quando a sessão de fotos final acabou. — Não deu um único sorriso em todas as fotos. Até parece que não tá feliz com o casamento do seu irmão.

— Tá tudo bem, eu só tô me sentindo meio cansada. — deu um sorriso falso, que não pareceu convencer o homem. Ele conhecia Natália o suficiente pra saber que ela falaria com ele quando quisesse falar.

— O pessoal tá indo pro salão de festas, você não vem?

Ela acena com a cabeça.

O salão estava cheio, muito mais do que a Igreja. Ela reconhecia alguns rostos da época da escola e alguns amigos de Bruno aqui e ali, mas a maioria eram pessoas que ela nunca havia visto na vida. Caminhou até o bar e pediu uma bebida. Observou Bruno em um canto aos beijos com Helena e teve ainda mais vontade de estapeá-lo. Mas ela sabia que não era a melhor coisa a se fazer, então pegou seu copo e saiu o mais rápido que pôde daquele lugar. As fotos da festa também estavam inclusas em seu presente de casamento para o irmão, mas ela sabia que Jonas faria um bom trabalho caso ela não estivesse por perto. Precisava de um tempo.

A noite era estrelada e estranhamente quente. Haviam muitos carros estacionados e a música alta lá dentro era apenas um ruído distante aqui fora.

Sentou-se no meio fio, bebendo em um só gole o restante do whisky em seu copo.

— Não vai aproveitar a festa? — Uma voz chamou sua atenção. Natália se virou para ver Carol, ainda com o mesmo vestido azul, o mesmo cabelo cacheado e os os mesmos olhos inchados.

— Carol? — perguntou. — O quê você tá fazendo aqui? Achei que tivesse ido embora.

A mulher caminha vagamente, sentando-se ao seu lado.

— Eu tentei. Mas não consegui.

Um silêncio se estabelece enquanto Natália observa a mulher, tentando decifrar o que se passava em sua mente naquele momento.

— O Bruno é meu irmão. — Ela diz. Vê o rosto de Carol se virar e seu olhos a questionarem, confusos.

— Por isso eu não consegui ficar lá dentro. — ela aponta com a cabeça para indicar o salão de festas logo atrás delas. — Eu sei que eu deveria ter te contado aquela hora, lá no banheiro, mas você tava tão triste, tão sensível. Eu só não consegui.

Carol permanecia parada, sem tirar os olhos de Natália por um único segundo.

— Eu sinto muito pelo que o meu irmão fez com você.

Natália espera uma reação, qualquer reação. Raiva, gritos, choro, ou que ela simplesmente fosse embora. Mas em vez disso Carol diz:

— Você gosta de dançar? — e olha para Natália com os olhos mais verdes que ela já viu.





[Capítulo mais curtinho só pra dizer que não vou abandonar essa fic, apesar da demora pra atualizar. Ainda tô em dúvida de pra onde ela vai, mas meio que tô gostando de como tá]

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 01 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Enchanted | au narolOnde histórias criam vida. Descubra agora