Capítulo - 2

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Natallie


Em dois dias tive tempo de organizar tudo que eu preciso para o meu trabalho. Criar uma vida nova, objetos minúsculos de escuta, câmeras de segurança imperceptíveis, estudar bastante a rotina do meu alvo e uma ótima dose de coragem ( vinho ).

Sr Kim - Como foi dito, não vamos poder fazer contato, então precisa ser cautelosa.

-- Sim senhor. - falo firme

Depois de um aperto de mão saio do prédio confiante de que agora tudo vai realmente mudar.

Vejo no meu relógio que está na hora de entrar em ação. Entro no táxi e peço para me deixar na cafeteria perto de onde o Damom sempre vai.

Peço um café gelado ansiosa e com medo do que pode acontecer.

Garçonete - Parece nervosa, manhã difícil?

-- Por aí - sorrio sem mostrar os dentes

Pago pelo café e atravesso a rua esperando o carro dele aparecer. Não demorou muito.

-- Pontual. - ando em sua direção fingindo estár com pressa, e ele por sorte não está reparando em meu corpo que está quase perto do seu.

Esbarro nele e " sem querer " acabo derramando café no seu terno.

-- Ai meu Deus, me desculpa - ele está processando o que acabou de acontecer - Nossa eu, eu sinto muito mesmo.

Damom - Devia olhar por onde anda moça. - ele fala passando a mão na mancha de café gelado como se fosse resolver alguma coisa

-- Olha me desculpa mesmo, se quiser eu posso te dar o dinheiro pra lavanderia - abro a bolsa

Damom - Não, não precisa - ele põe a mão no bolso - Toma, compra outro café.

Me entrega uma nota de vinte dólares e sai.

Ok, isso foi um pouco inesperado, achei que seria um pouco mais ignorante. De toda forma já tinha concluído que ele não se apaixonaria de cara, afinal essa coisa de amor a primeira vista é totalmente idiota.

Quebra de tempo

Em meus estudos sobre Damom, descobri que ele vai para a mesma boate todas as noites, um esquema de lavagem de dinheiro talvez? Bem, descobrirei futuramente, pois no momento estou tentando fazer uma maquiagem que me caia bem.

Não sou do tipo de que se arruma com frequência, muito menos do tipo de mulher que faz uma verdadeira obra de arte no rosto, mas, dou o meu jeitinho.

Vejo no celular que faltam vinte minutos para meia noite e saio. Ao entrar na boate caminho um pouco para tentar vê-lo.

Infelizmente falhei, não consegui nada além de alguns pisões nos pés.

Vou até o bar e vejo que Damom está sentado de costas tomando alguma coisa. Ando rápido e me sento em dois bancos depois dele.

-- Um drink de morango por favor. - falo alto para chamar atenção

De longe pude perceber que ele me olhou, deve ter se lembrado de hoje mais cedo. Começo a retocar a maquiagem tentando chamar atenção para os meus lábios. Homens gostam desse tipo de coisa.

Barmam - Seu drink senhorita.

-- Obrigada - dou um sorriso gentil

Com o drink em mãos aproveito para dar uma olhada ao redor. Aqui é bem agitado.

Damom continua no mesmo lugar, mas agora está concentrado no celular. Melhor encará-lo e puxar papo.

Antes que eu avance um passo uma mulher se aproxima dele e deposita um beijo próximo a boca.

Merda.

Enquanto tomo o drink  disfarçadamente vejo os dois conversando, e com muita intimidade.

--Melhor ir embora - falo pra mim mesma

Pago a conta e vou para o lado de fora. E para a minha infelicidade algum idiota furou o pneu do meu carro.

-- Táxi! - dou a mão mas o motorista não para - Ah vai a merda!

Damom - Precisa de ajuda? - tomo um susto ao ouvir a sua voz

-- O pneu do meu carro furou - viro de frente pra ele - Ei, eu te conheço? Esbarrei em você hoje de manhã, lembra? - dou um sorriso

Damom - Claro, impossível esquecer, era um café bem gelado e não se vê muitas ruivas em Nova York. - brinca

-- Pois é, hoje não está sendo o meu dia, primeiro o café, meu carro, nem mesmo consigo pegar um táxi.

Damom - Se você quiser eu posso te dar uma carona. - como se eu já não esperasse por isso

-- Mas eu nem te conheço - provoco

Damom - Tem razão, você assinou sua sentença quando derramou café em mim - rio - Damom, só, Damom

Me oferece a mão

-- Natallie Romanov - aperto a sua mão com um sorriso - E eu seria muito grata se você me desse uma carona

Ele me leva até o seu carro.

-- Hmm, um conversível de sessenta e quatro.

Damom - Entende de carros?

-- O suficiente para reconhecer um clássico. - entro

Fala sério, noventa por cento de chefões de drogas tem carros clássicos absurdamente caros.

Falo meu endereço e fomos todo o caminho sem dizer uma palavra. Provavelmente ele não vai pedir o meu telefone, então vou ter que dar um jeito.

Devagar começo a tirar a minha pulseira. Impossível ele não saber que é minha, a não ser que ele conheça outra Natallie.

-- É aqui - ele para em frente a minha casa - Obrigada Damom

Damom - Não foi nada.

Saio do carro deixando a pulseira lá, esperando que ele não repare nisso agora. Ando sem olhar pra trás e só ouço o seu carro dar partida quando eu fecho a porta.

-- Primeira fase concluída - respiro fundo

Preciso de um banho.

Good Lies (boas mentiras)Onde histórias criam vida. Descubra agora