A Vida Leva

Capítulo 2

Acho que foi o olhar, ou o sorriso, ou o conjunto de tudo que me fez ficar encantada. Mas talvez o que me chamou mais a atenção foi o jeito, o jeito como ele fazia todo mundo se sentir bem, sempre querendo ajudar mesmo quando não podia. Confesso que demorei pra perceber as inúmeras qualidades dele e me apaixonar, só que quando dei por mim já estava com um sorriso bobo no rosto só de ouvir a voz dele pelo telefone.
Foi aí que o coração começou a disparar toda vez que o via, de o pensamento ir longe sempre tendo ele como motivo pensando no futuro, no nosso futuro.
A primeira vez que o vi, não sei explicar mas, alguma coisa se ascendeu, se iluminou dentro de mim e eu logo pensei "esse garoto vai mudar minha vida". E mudou mesmo, pelo menos por um tempo.
Era um dia ensolarado no mês de Janeiro, eu estava de férias então estava tranquila sentada de frente ao portão olhando o movimento na rua (à quatro anos eu não era tão antenada, não tinha celular e nem internet, então, sim eu ficava sentada sem fazer nada olhando a rua) quando ele apareceu, nunca tinha o visto por perto e presumi que fosse da nova família que havia se mudado para o bairro no fim de semana. Ainda não tinha conhecido ninguém, não tive tempo mas talvez meu pai soubesse de alguma coisa.
Fiquei alguns instantes admirando aquele ser, estatura média, magro, cabelo cortado bem curto, não consegui ver os olhos (uma pena, amo olhos) mas presumi que também deviam ser castanhos. Na hora que ele ia virar eu sai correndo, não sei o que deu em mim só sei que eu precisava fugir, acho que não aguentaria ver os olhos dele, pelo menos naquele momento.
Foi assim, nada de tão interessante mas foi profundo e mesmo ele nem imaginando a minha existência eu sabia da dele e isso pra mim já era suficiente. Ele poderia ser a pior pessoa do mundo mas naquele instante que o vi eu me senti diferente, mas um diferente bom. Só que eu nem imaginava o que viria pela frente.