Epílogo

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Naquela noite já não havia certeza de qual caminho sua vida tomaria. Tudo o que restava eram incertezas, sua mente estava coberta de dúvidas. A Lua cheia já não era tão visível, havia sido escondida pelo manto da escuridão que nuvens mais sombrias proporcionaram. O ar gélido congelava seus pulmões, e seu coração batia tão forte que sentia que a qualquer momento iria pular de seu peito.Tudo o que via era névoa e escuridão. O vento álgido soprava de sua direita, assobiando através das arvores velhas que delineavam aquela floresta.
Seus passos eram ligeiros, confusos, sabia que não podia parar em nenhum instante senão todo o seu esforço teria sido em vão. Havia sons estranhos que se elevaram a um bramido estridente conforme  dele se aproximava. Sentiu algo quebrar por perto, como se houvesse passos ao redor, respirou fundo e seguiu em direção ao desconhecido.
De repente, antes que pudesse pensar em qualquer coisa, ouviu um estrondo muito alto a sua frente, vindo de cima. Quando se deu conta, um galho enorme acabara de cair e por pouco não havia acertado sua cabeça. Cambaleou para trás e ao cair sentiu que uma de suas mãos tocara algo que parecia distante de ser o solo, parecia ser de carne e osso coberto com algo pegajoso. Seu corpo enrijeceu e seu estomago se contraiu com uma força maior do que poderia imaginar. Moveu sua não direita para o cinto que envolvia sua cintura e sacou uma adaga com cautela, no instante em que as nuvens densas acima da floresta deram espaço a uma breve greta de luz da lua cheia que ajudava a noite não ser um completo breu. Assim que a luz tocou a pele do cadáver, viu que era cervo com as entranhas dilaceradas, membros espalhados e no lugar onde deveria haver seus olhos, estavam somente buracos vazios.
Sua mão que havia tocado as vísceras do animal sentiu o sangue ainda quente. Sentiu que iria pôr pra fora tudo o que havia comido naquele dia.
Algo havia atacado recentemente aquela criatura pura e inocente que vagava pela floresta. Sabia que não havia como ajudar, então deveria seguir seu caminho, juntou forças para levantar e prosseguir.
O pensamento que não saia de sua mente era o que viria a seguir, certamente a criatura que atacara o cervo estaria vindo em sua direção, sentindo seu cheiro, seu desespero, ouvindo seus passos desesperados.
Sabia que o local estava cercado de criaturas imprevisíveis, sentia a presença de algo que nunca estivera perto antes.
Havia dor e sofrimento no ar, conforme andava o cheiro no ar ficava podre como se estivesse cercada de carniça. Ouviu os guinchos de corvos e algum outro pássaro que desconhecia pelo som.
Ouviu um grito tenebroso e cortante que rompeu até os mais profundos de seus pensamentos, correu em direção oposta.
Depois do que pareceu uma eternidade sentiu que não havia mais fôlego que aguentasse. Havia dobrado tantos caminhos que não fazia ideia de qual parte daquela floresta poderia estar, aquilo parecia um pesadelo.
Depois de muito andar, parou um instante para recuperar o fôlego, quando sentiu um cheiro familiar, era aquele cheiro! Fechou os olhos e se tentou se concentrar “é Isso, deve estar perto!” pensou.
Sentiu uma mão em seu ombro, e sentiu o corpo inteiro arrepiar-se, quando se virou deparou-se com uma face transbordando de desespero. A pouca luz que o luar proporcionava pôde ajudar naquele instante a reconhecer aquela pessoa. Sentiu seu coração palpitar e a abraçou.
Antes que pudesse dizer qualquer coisa viu a alguns metros uma figura encapuzada caminhar pelas sombras com algo que reluzia em sua mão. Deveria pedir ajuda, não conseguiria encontrar uma saída antes de ser devorada por algo naquela floresta.
Mas como aquela pessoa conduzia tão tranquilamente naquele lugar? Não estaria ouvindo os sons perturbadores? E o que era aquilo em suas mãos que reluzia como uma estrela na escuridão da noite.
Só poderia ser isso, então essa é a pessoa por quem estivera procurando esse tempo todo.
\-Deve ser ela, finalmente a encontramos.- disse a pessoa ao seu lado. As duas entraram juntas na floresta e se desencontraram durante o caminho, agora estavam juntas como no inicio. Elas tinham uma ligação tão forte que sabiam o que a outra estava pensando sem ao menos perguntar.
Seguiram a pessoa cautelosamente, e chegaram no que parecia uma caverna debaixo de onde dava início a uma montanha. A pessoa encapuzada seguiu para dentro do local. O interior brilhava, a figura encapuzada  tirou metade do capuz, e puderam ver que era um homem, só era possível enxergar um lado do rosto, neste jazia uma cicatriz que tomava conta de metade do rosto e usara um tapa olho. Estivera parado de frente para algo que era maior do que se podia imaginar, várias cores  escuras e brilhosas reluzindo, como se estivesse de frente para o mar na vertical, lá pudera ver o infinito.
Com um passo ele desapareceu.

\-É magia!! Ele deve saber as respostas para todas as nossas perguntas, vamos!- Não pensaram, deram as mãos e seguiram para o desconhecido, sentiram como se estivessem sendo sugadas para outra dimensão.
A confusão em suas mentes era indescritível. Seus pés tocaram o chão, não acreditavam no que seus olhos viam.

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