Mudança de ares

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O ano era 1988 inflação galopante na ordem de 40% ao mês, tudo que eu podia fazer era esperar, esperar um emprego que não viria ou rezar por ele, estava desempregado há 3 meses nada podia pedir, tudo que eu queria era trabalhar.

A situação em casa era crítica, a reserva de dinheiro ia toda para o aluguel e a comida, o que dava um fôlego eram os salgados que a "madame" fazia e vendia aos vizinhos e a alguns escassos comerciantes. levávamos uma vida simples, não havia sobressaltos no que se refere á vida social, mas na conjuntura do país, a falta de dinheiro poderia significar condições tenebrosas o que acabou não ocorrendo. passamos por maus bocados mas finalmente pudemos ver uma luz no fim do túnel e graças aos céus não era um trem que vinha no sentido contrário. Através de uma prima da minha esposa consegui um emprego, na época não havia empregos do Brasil, Mas Me ofereceram uma vaga para trabalhar no Iraque, Aceitei de pronto, Duas semanas depois estava com as passagens e o passaporte em mãos. Embarquei às 11:00 da manhã de um sábado em BH rumo a Bagdá.

A sensação que tive ao embarcar era de medo, um 707 Era nossa nave mãe, escolhi bem o lugar pois o avião estava vazio e a sensação que eu tinha era de estar dentro de um balão de festa cheio de ar com a cadeira no centro e a qualquer momento eu poderia sair por um buraco inexistente. Realmente não entendo a mecânica do Medo. Tudo que eu podia fazer era sentar e esperar. Após umas 2:00 Horas chegamos ao Rio e de lá para o Recife para uma escala técnica, 40 minutos depois decolamos com destino a Lisboa, foram umas 7:00 sobre o Oceano Atlântico até chegar em Lisboa. Hora local sete da manhã, após tomar um café e esperar um pouco embarcamos com destino a Bagdá o vôo durou umas 9:00 horas até Chipre que fazia um calor tão intenso que pensei: "isso deve ser a sucursal do inferno", quando chegamos em Bagdá, já eram 19:00 Pelo horário local. Como desembarcamos dentro do terminal as condições do tempo não podia ser percebido Porquê dentro do terminal o Clima era ameno, na parte externa a sensação era de estar ao sol num dia de verão. Enquanto esperava pela mala entendi porque fui orientado a não ajudar as mulheres a carregar quaisquer cargas, a cultura deles indicava claramente o que me havia dito a moça do treinamento. Encontro mulheres carregando malas pesadas e pesados fardos e os homens as aguardavam impacientes sem fazer nada. O que ocorreu foi que fiquei realmente espantado com tal Disparate.

Apanhei minha bolsa e tive que desfazê-la toda pois um guarda mal-humorado sujo e com cheiro bastante desagradável exigira, terminada a busca fui liberado, quase que em seguida chegamos numa caminhonete Que não tinha ar condicionado e o motorista me orientou a manter a janela fechada porque o ar quente poderia queimar minha pele, aquilo Para mim era o fim. Viajamos uns 500 quilômetros para o sul até chegarmos ao nosso destino. já era madrugada quando chegamos e fomos colocados em um alojamento de trânsito que além do pó nas paredes tinha uma quantidade enorme de areia no chão.

DesertoWhere stories live. Discover now