Ele & Ela

Parte 4

Eu estava em casa, havia acabado de chegar da escola, estava tomando café da tarde, já era tarde, quando Mateus me manda mensagem.
- Oi mocinha..tudo bem?- perguntou.
Fiquei contente por ele ter me chamado, fazia meses que não havia nos falado, acho que aquela era a oportunidade para a gente voltar a se falar como antes.
Se falamos por muito tempo. Semanas, meses se passaram e fomos conversando diariamente.
Até que um certo dia estávamos conversando, e ele me perguntou algo que mexeu comigo.
- Faria uma loucura comigo?
Mesmo ter mexido comigo aquilo, eu disse sim, até mesmo sem saber do que se tratava, pois acho que quando confiamos verdadeiramente em alguém, devemos nos entregar inteiramente a essa pessoa.
- Sim. - respondi.
- Ficaria alguns dias na praia comigo?
- Sim.
A minha própria resposta mexeu comigo, mas para uma pessoa tão especial, a gente não recusa um convite como esse pois ele pode ser a porta de uma certa felicidade.
Dali a duas semanas passaria os dias em uma casa com Mateus. Os dias tão sonhados.
As duas semanas passaram devagar, certamente porque eu almejava que chegasse aquela viajem.

****Um dia antes da viajem*****

- Como estão os preparativos para a praia? - perguntei a ele.
- Prontos, só falta arrumar a mala. Estou esperando minha mãe chegar pra me alcançar ela. E os seus? - respondeu, rapidamente.
- Tudo em ordem, arrumando a mochila. - falei.
Falamos um pouco sobre quem levaria shampoo, lençóis e discutimos para ver quem dormiria no sofá e quem dormiria na cama.
- Estou acostumada com sofá, pode ficar com a cama. - disse.
- Seria muito bom isso mas não vou deixar você dormir no sofá. - ele disse.
- Você trabalha e vai estar cansado, merecendo uma boa noite de sono, eu não. - retruquei.
- Durmo na cama mas quando você pegar no sono eu te coloco na cama e ponto final. - disse, se achando o vencedor.
- E eu te empurro da cama! - gargalhei.
- Então vamos acabar com esse problema, eu deixo você dormir na cama comigo. - falou sério.
- Rummmm! - retruquei de volta.
- Não se preocupa, não farei nada que você não queira. - Mateus.
Sorri mas pensei seriamente naquilo.

E o dia da viajem chegou. Os preparativos estavam todos prontos. Peguei o ônibus em cima do laço, porém, cheguei no local combinado antes dele. No meio do caminho ele me ligou:
- Oi Ana, onde tu tá?- perguntou ele.
- Oi Mateus, eu tô no ônibus a caminho, e você?
- Acabei de chegar do serviço mas já estou indo pro ponto de ônibus. - disse ele.
- Ok, como você tá? - perguntei.
- Bem e você?
Bem..quando pensei em responder os créditos dele tinham terminado e eu como não tinha, o jeito era esperar nos encontrar mesmo. Passei da hora marcada, trinta minutos depois eu estava no local combinado, com uma mochila gigante, ao som de katy perry e charlie brown, mas ele ainda não havia chegado. Não tínhamos comprado as passagens, a rodoviária ficava distante dali, e sim, tínhamos apenas trinta minutos pra isso acontecer, caso ele não se atrazasse mais.
Fico impaciente, e tento procurar ele, quando o vejo vindo em minha direção com uma enorme mala, cabelos cacheados e olhos claros filtrados a mim. Fez sinal com as mãos para que eu fosse até ele, e eu apenas fui.
- Oi, como tá? - perguntei.
- Oi, não temos tempo pra papo furado, então só me segue. - disse Mateus.
Peguei na mão dele para mim não me perder, e logo sem perceber, estávamos de mãos dadas. Foi difícil passar em meio as pessoas, no escuro, até mesmo por medo de sermos assaltados. Quando alcançamos uma ponte que levaria-nos rumo a rodoviária, foi aí que percebemos a loucura que estávamos fazendo. Havia só nós e mais ninguém. Não haviam regras a serem cumpridas, nem pessoas pra obedecer, e lá naquela ponte estávamos correndo muito, de mãos dadas, rumo a um só objetivo, com toda a Porto Alegre abaixo de nós.