Capítulo 1

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San se olhava no espelho indeciso com o que via. Ele realmente iria para aquela festa ridícula por causa de Hongjoong. Lógico que tinha obrigado Yeosang ir com ele. Ele não iria ficar lá deslocado e sozinho. Usava uma roupa totalmente preta, com os cabelos descoloridos bagunçados e o piercing na sobrancelha aparente.
Seu pai tinha sido totalmente contra aquele piercing, por que como San iria lutar com aquele negócio no rosto? Por isso só usava quando estava fora do ringue e aquela festa era interessante. O momento que ele poderia chamar a atenção de Hongjoong.
Ouve a porta de casa ser aberta e logo Yeosang entra em seu quarto. Seu melhor amigo era baixo e bonito. Muito bonito, que às vezes San até ficava desnorteado com a beleza de Yeosang. Principalmente quando ele se arrumava para uma festa. O garoto usava uma calça jeans justa em suas pernas. Uma regata branca e uma jaqueta também branca. No rosto a maquiagem era delicada, com as pedrinhas no nariz chamando totalmente a atenção e as duas tranças no cabelo, com a franja caída pela lateral de seu rosto.
— É só uma festa na KQ. — San fala meio abobado ao ver o amigo.
— E isso é motivo pra eu andar de qualquer jeito? — Yeosang senta de pernas cruzadas na cama de San.
O Choi às vezes não conseguia entender como Yeosang era um dos melhores lutadores da academia onde treinam. Ele era delicado, educado e simpático, apesar de ser extremamente tímido. Mas quando estava somente de regata, os braços malhados ficavam expostos e o peitoral definido marcado, ele entendia tudo. Yeosang tinha nascido para a luta, mesmo que seu rosto dissesse ao contrário, seus golpes fortes e precisos mostravam a verdade.
— Seonghwa disse que lá já tá cheio. — Yeosang fala enquanto mexia no celular. — Precisamos ir agora.
San concorda e pega suas coisas para sair de casa. Ele esperava não se arrepender daquela escolha.
***
San já tinha chegado naquela festa havia algum tempo. Yeosang estava ao seu lado, dançando, porque apesar de ser um lutador, se ele quisesse também poderia ser um dançarino. San era mais tímido, estava no seu canto, apenas observando as pessoas que passavam por ali e procurando por Hongjoong, que ainda não tinha visto.
— Vou ir pegar algo para beber, quer alguma coisa? —  San tenta falar alto por causa da música.
—  Quero! Traz qualquer coisa.
San concorda e vai se esgueirando pelas pessoas, tentando chegar onde o bar estava. Ele não sabia o porquê daquela festa, só tinha percebido que aquele pessoal de artes era muito animado. As festas que ele costumava ir eram em cima de um ringue, dando socos e chutes nas pessoas para comemorar.
Depois de pegar as bebidas, San caminhava devagar e com maior cuidado possível, tentando não esbarrar em ninguém. O garçom tinha colocado tanto refrigerante naqueles copos que ele estava cogitando a ideia de não levar nada para Yeosang e tomar tudo sozinho.
Dá risada daquele pensamento e balança a cabeça discordando de si mesmo. Nunca faria algo daquele tipo com o melhor amigo.
Aqueles segundos de distração foram o suficiente para que San esbarrasse em um corpo e derrubasse todo o refrigerante em sua roupa.
—  Mas que porra! —  San exclama e solta os copos no chão, que espalham ainda mais do líquido.
—  Você de novo! —  O garoto exclama e olha para o estrago na roupa de San.
San olhava para o garoto à sua frente. Tinha o nariz protuberante, mas nada que ficasse feio, já que ficava muito bonito no rosto de mandíbula bem marcada, boca pequena com lábios finos e olhos um tanto grandes. Os cabelos estavam presos e um pouco cacheados, mas dava para ver a parte de baixo pintada de branco e o resto era preto.
O lutador respira fundo e passa as mãos pela roupa que agora estava arruinada. Sua regata grudava por completo em seu corpo e a calça de couro escorria o líquido, indo direto para dentro de seu coturno.
—  Como assim eu de novo? Você que não presta atenção no caminho! —  San fala com rispidez na voz.
—  É a segunda vez que você esbarra em mim. Esses dias perto dos estúdios.
San se lembrava vagamente de ter realmente esbarrado em uma pessoa quando estava indo atrás de Hongjoong. Então era aquele garoto?
—  Não importa! Agora preciso me limpar.
San fala já empurrando o estranho e indo em direção ao banheiro. Mal havia chegado ali. O que mais poderia acontecer para sua noite ficar tão ruim? Bufa alto enquanto puxava com força as folhas de papel. Liga a torneira e joga um pouco de água na regata que usava, logo sentindo o seu peitoral gelar.
Ouve a porta abrindo e vê pelo mesmo espelho o garoto de antes entrar, com um olhar preocupado.
—  Olha, eu sinto muito. —  Entrega uma toalha para San. —  Não tive intenção de estragar sua roupa.
San aceita aquele pano, já que os papeis estavam deixando sua roupa cheia de pedaço de papel molhado.
—  Meu nome é Wooyoung. Comecei na escola essa semana.
—  Legal, Wooyoung. —  San responde e logo volta para a pia. Ainda sentia seu peitoral colando.
Wooyoung deixava seu olhar percorrer pelo corpo daquele garoto. Ele era forte. Os braços eram muito bem desenhados, com os músculos bem marcados e definidos. As costas, a parte que ele conseguia ver também tinha músculos. Em um pingo de curiosidade, imaginou como seria o abdômen do rapaz e as pernas, que eram bem marcadas naquela calça de couro.
Passa a língua pelos lábios e deixa um sorriso nada casto surgir em seus lábios. O estranho era totalmente gostoso. A bunda chamava muita atenção.
Estava tendo uma vista privilegiada de onde estava.
—  E você, qual seu nome? —  Wooyoung finalmente pergunta.
—  Choi San. —  San responde sem paciência e passa as mãos molhadas pelos cabelos, tentando tirar a franja de seus olhos.
—  Já acabou ai? A gente pode voltar e pegar seus refrigerantes de novo. Dessa vez eu te ajudo.
San se vira e apoia as mãos na beira da pia, revirando os olhos. Não queria ajuda daquele cara. Na verdade queria distância dele. Ele tinha arruinado sua roupa e ele nem tinha visto Hongjoong ainda. Como iria vê-lo com cheiro de refrigerante e colando como estava?
—  Não quero mais nada. Só vou voltar para o Yeosang.
Esse era o problema de San. Ele nunca deixava ninguém se aproximar de si. Sempre esperava o pior das pessoas. E em sua frente tinha uma pessoa muito simpática, cheia de sorrisos e sendo gentil, mesmo sem ele ter pedido por aquilo. Ele ficava assustado. Estava esperando o momento pelo que o tal do Wooyoung fosse embora.
—  Tudo bem. Desculpa ter arruinado a sua noite. —  Wooyoung fala totalmente rendido. Não iria insistir. Já tinha entendido os sinais que era para manter distância. Faria aquilo.
Sai do banheiro e suspira alto. As pessoas naquela cidade não eram nem um pouco receptivas. Nem mesmo os alunos de sua sala. Todo mundo que tentou se aproximar fazia de tudo para que ele desistisse e se mantivesse o mais longe possível. Por que sua mãe teve que ter aquela ideia de largar tudo em sua antiga cidade e se mudar para aquela? Ele era tão feliz lá.
San enfia o pano no bolso da calça e arruma as amarras que usava no braço. Yeosang já devia estar estranhando sua demora em voltar para onde eles estavam. Sai do banheiro e tenta voltar para o amigo, mas o que vê em sua frente praticamente abre um buraco abaixo de seus pés.
Era Hongjoong beijando Seonghwa.
Hongjoong, o cara por quem ele era apaixonado, beijando o seu irmão, que sabia sobre seus sentimentos.
Dá dois passos para trás e sente seu corpo ser segurado por mãos macias. Olha assustado para trás e vê Wooyoung, o olhando, completamente preocupado. San sente seus olhos encherem de lágrimas e o peito apertar, como se todo seu ar estivesse sendo arrancado dali, o deixando no escuro e sem saber o que fazer.
Wooyoung acompanha o olhar de San e entende que algum daqueles dois devia ser o motivo daquela reação. Sem pensar direito, puxa o garoto pela mão, que se deixa ser arrastado pela multidão, vez ou outra olhando para trás, ainda conseguindo ver aquela cena com clareza.
Só entende que estava fora da escola quando sente o vento cortando seu corpo e o fazendo tremer por causa da roupa molhada. San solta a mão de Wooyoung e caminha até a fonte de água que tinha ali na praça, em frente a escola. Se debruça ali e sente a ânsia de vômito invadir seu corpo.
Não conseguia vomitar, não conseguia chorar, não conseguia gritar. Ele não conseguia acreditar no que tinha visto lá dentro. Nunca pensou que Seonghwa fosse capaz de fazer aquilo com ele. Sempre soube de seus sentimentos. Acompanhou todo o processo de San se apaixonando por Hongjoong. O próprio irmão teve coragem de machucá-lo daquela forma. Sem se importar se aquilo iria doer ou não.
Quando percebe que não iria mesmo vomitar, San deixa o corpo escorregar para o chão e junta as pernas e as abraça, apoiando a cabeça nos joelhos, chorando com toda a força que tinha dentro de seu corpo.
Wooyoung estava desesperado. Via aquele garoto chorando, ali jogado no chão, como se tivesse tido o coração estraçalhado, mas ele entendia, a cena que ele viu, sabia que algum daqueles dois era o responsável por aquela dor.
—  Olha, eu não sei o que você tá passando, mas se quiser conversar, eu tô aqui. —  Wooyoung fala baixo e se senta ao lado de San.
San podia ouvir a voz daquele garoto, ele parecia estar longe. Era como se tudo estivesse muito longe. Ouve um celular vibrando. Podia sentir em sua perna. Consegue tirar o aparelho e nem olha quem é. Apenas continua o segurando com força. Em algum momento ele sente o celular ser tirado de sua mão.
—  Oi. Não. Sou o Wooyoung. —  Silêncio. —  Acho que aconteceu alguma coisa com ele. —  Silêncio. —  Estamos aqui fora. Em frente a fonte.
San já não chorava mais. Em algum momento se concentrou na voz de Wooyoung e então conseguiu controlar as lágrimas, mas ainda não tinha coragem de erguer a cabeça. Sabia que seus olhos estavam completamente inchados.
—  Eu acho que o Yeosang tá vindo aqui. Ele que te ligou.
San ergue a cabeça assim que ouve o nome de Yeosang. Ele era um péssimo amigo! Tinha esquecido o outro lá dentro só para poder chorar sua dor e não se lembrou do garoto em nenhum momento.
—  San! —  Yeosang grita assim que vê o amigo e corre até ele, ajoelhando em sua frente, limpando os rastros de lágrimas que corriam por seu rosto. —  Eu também vi. Liguei pra você na hora. Eles não tinham esse direito.
San morde o lábio com força e deita a cabeça no ombro largo de Yeosang, que fazia carinho em seus cabelos. Ele estava arrasado.
—  Eu fui muito babaca em acreditar que alguém iria olhar para mim tendo o Seonghwa do lado, Sang! É o Seonghwa.
—  E dai? Você é Choi San. Você é tão mais lindo quanto seu irmão. Entenda isso, San. —  Yeosang senta no chão e ergue o rosto de San. —  Os dois foram babacas por fazer isso, você não tem culpa nenhuma disso.
San balança a cabeça, tentando negar. Wooyoung ainda continuava ali do lado, ouvindo tudo, observando com atenção aquele cuidado todo. Queria realmente entender o que estava acontecendo, mas no momento era só um peão dentro daquele tabuleiro todo.
—  Vem, eu vou te levar pra casa.
Yeosang não espera resposta de San e logo o tira do chão, arrancando um suspiro de surpresa de Wooyoung. Aquele garoto parecia um boneco de porcelana e tinha levantado San sem esforço nenhum.
—  Muito obrigado por ter cuidado dele. De verdade. Não sei como te agradecer.
—  Não se preocupe. Só garanta que ele vai ficar bem. Ele parece bem machucado.
Yeosang concorda e arrasta San para sua casa, que para sorte dos dois era na rua de trás. Wooyoung observa os dois se afastarem. Olha em direção à escola e para sua casa. Ele tinha perdido completamente a vontade de continuar naquela festa. Decide finalmente ir para sua casa.
Em certo momento, San pede para ser levado para a casa de Yeosang, porque simplesmente não conseguia pensar na possibilidade de chegar em casa e dar de cara com Seonghwa em algum momento, mesmo que isso fosse acontecer. Agora se encontrava encolhido na cama do melhor amigo, enquanto recebia um carinho em seus cabelos descoloridos.
— Eu sinto muito pelo que você viu, San. — Yeosang murmurava. — Seonghwa não tinha esse direito. Ele sabia dos seus sentimentos pelo Hongjoong.
— Eu que sou um idiota mesmo em acreditar que alguém realmente iria olhar para mim, enquanto tenho o Seonghwa como irmão e você como melhor amigo. Eu sou quase o patinho feio no meio de vocês.
— Ei, não fale assim de você, San! Você é tão lindo quanto nós dois. E não estamos falando de beleza aqui, mas sim da traição do seu irmão, que não tinha direito de fazer o que fez.
— Tá tudo bem, Sang, essa dor uma hora vai passar. Agora vamos dormir, prefiro dormir do que ficar perdido nessa dor.
Yeosang concorda e se ajeita na cama, para que San pudesse deitar em seu peito e finalmente dormir.

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Demorei, mas voltei.
Espero que estejam gostando da história!!

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⏰ Última atualização: Jan 13 ⏰

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