Astrid Parker Nunca falha - Remake

Capítulo 1

PIPER DELACORTE, dirigia seu Wrangler 1998 preto que herdara de seu irmão três anos atrás após o ter perdido em uma severa luta contra o câncer. O irmão, Philip Delacorte era um chefe executivo de uma editora de livros e estava casado com Simon Everwood, um famoso escritor de romances. A rádio tocava qualquer música qualquer que ela não estava dando a mínima, estava focada em chegar em seu apartamento que compartilhava com um border collie de cinco anos de pelagem sedosa tricolor, preta, branca com traços de dourado nas bochechas, sobrancelhas e pernas.

Estacionou na garagem do condomínio e estava prestes a pegar o elevador quando ouviu uma vibração que vinha do bolso da frente da sua calça skinning preta. Colocou a mão no bolso na segunda vez quando pegou o celular que ainda vibrava tentando ver o nome no display do aparelho.

Lilah Green

Um sorriso carinhoso brotou no canto da sua boca, quanto tempo fazia desde que não via a velha amiga? Sabia que a um ano tinha se mudado de Nova Iorque e se mudado para Bright Falls por estar em um relacionamento sério com uma pessoa que ela não via a muito tempo, Claire Sutherland. O antigo grupo de melhores amigas de Astrid Parker, outro nome que escutava ao acaso quando falava com Delilah.

Lembranças começaram a correr solta pela sua mente, inclusive, lembranças de uma certa loira de cabelo até os ombros e franja até as sobrancelhas. Que inferno! Será que ela jamais poderia falar com a grande amiga sem associar rapidamente a irmã postiça dela?

DesAstrid?

Parece que poderiam se passar anos, décadas, até mesmo entrar em outros relacionamentos que Astrid sempre conseguiria invadir os pensamentos de Piper. Soltou o ar pela boca que não fazia ideia que estava segurando, fechou os olhos com força e tornou a abri-los. Sim, como pode ocorrer isso toda vez, Santo Deus! Piper já tinha quase 31 anos e já tinha saído e conhecido mulheres por demais da conta.

Tentou diversas vezes engatar em um relacionamento amoroso sério, mas quando completava um ano, assim como a maldição de todas as princesas da Disney da qual ela não era fã, magicamente as suas parceiras soltavam as melhores frases clichês de términos. Suas preferidas eram: "Eu acho que me enganei quanto ao que sentia e não era amor"; "Preciso de um tempo para entender o que realmente procuro" e a campeã de todas, a famosa: "Não é você, sou eu".

Todas essas frases ditas das mais diferentes formas possíveis ela já ouviu, embora doesse na hora e afogasse suas lamúrias com um delicioso Bourbon, no fundo ela achava que era melhor assim. O aparelho preto continuava a vibrar nas suas mãos a tirando daquele transe de suas retrospectivas infernais. Ela deslizou o dedo pela tela.

- Oi Lilah, o que foi? – disse quando saia do elevador seguindo até a porta preta do seu apartamento e colocando a chave.

- Que porra de demora foi essa Piper? Quase se passou um século – o humor sarcástico da amiga não mudara nada em anos.

- Oi para você também Green, a saudade é reciproca! – Piper, posicionava o telefone no ombro para poder fechar a porta e falar com o border collie que estava todo feliz com a sua chegada.

Piper escutou uma bufada da amiga.

- Tudo bem, a Claire e eu estamos pensando em morarmos finalmente juntas aqui em Bright Falls, claro que isso ainda irá demorar umas seis semanas, mas pensei em convidar você antecipadamente para vir para cá. Seria bom rever você após esse tempo.

Piper ficou em silêncio e Delilah teve que ter certeza que a amiga ainda estava ali a chamando diversas vezes.

- Sim, sim, eu estou aqui. Só me pegou de surpresa. – disse Piper, soltando um suspiro que a amiga reconhecia bem.

- Pi, ainda com esse amor platônico por ela? Está falando sério?

A amiga não queria revelar isso, afinal já faziam anos e nunca tinha dado em nada, era apenas uma paixonite infantil boba, sobretudo, platônica.

- Eu não sei Lilah. – Parou de falar com Freud e se dirigia para a geladeira pegando uma garrafa de água e tornou a beber para depois voltar a falar. – Ela ainda se parece com uma jovem Cate Blanchett, só que mais arrogante?

Dessa vez foi a vez de Delilah ficar em silêncio, a irmã mais nova postiça tinha aderido outros significados em sua vida e recordava desse apelido que compartilhava com a amiga.

- Hum... ainda uma Cate Blanchett, só que menos arrogante a depender do momento.

- Então isso só piora a minha situação.

- Puta que pariu Piper, esquece a Astrid e sou eu que estou te convocando para Bright Falls, sei que você pode tirar até dois meses de licença se você quiser lá da clínica que você trabalha e todo mundo iria virar o traseiro sem você. Agora faz as porcarias dessas malas, traz o cachorro e venha logo pra cá! – Delilah desligou o telefone sem mais nem menos ou mesmo esperou por uma resposta da amiga.

Iria colocar o celular na bancada de mármore escuro da cozinha quando novamente aquele aparelho começou a tocar, dessa vez não olhou para a tela do celular e simplesmente atendeu.

- Veio receber a resposta pelo seu pedido? – disse Piper.

- Qual pedido? – uma voz grossa e masculina falou, não era Delilah, mas claramente, ela sabia quem era, Simon Everwood, seu cunhado. – Oi cunhadinha!

- Oi Simon, como vão as coisas? – perguntou ao cunhado ao perceber que não era mais a sua amiga boca suja de antes.

- Tão séria, com quem estava falando, mais uma das suas conquistas? – indagava Simon com seu tom super protetor. Desde que Phil falecera, ela parecia ter ganhado um irmão mais velho por tabela e Simon tinha aderido a postura do senhor preocupado com ela também.

- Pode ficar tranquilo, não há conquistas no momento e foi só uma amiga de infância que me ligou minutos atrás para fazer um pedido. – Ou será que Piper deveria dizer intimando-a?

- Ótimo, não sei se recorda, mas a vovó Pru fará uma reforma na pousada, já intimei Jordie a vir para Bright Falls, ela já deve está a caminho daqui e adoraria que a minha velha cunhada também estivesse aqui. Eu precisarei de toda a família reunida.

De fato, Simon, Jordan e a vovó Prudence fora tudo o que sobrou de família, com uma mãe que morrera quando deu a luz de Piper, só eram, o pai, Phil e Piper que restaram dos Delacorte. Até ser resumida somente nela, Piper Delacorte.

Simon era um bom cunhado e os Everwood estiveram em seus momentos desde muito tempo e por diversos momentos se apoiaram. A herança de Phil resumiu em deixar meio a meio entre o ex-marido e a irmã.

- Hum... e deixe-me adivinhar, você quer que eu apareça em Bright Falls? – suspirou pesadamente, parecia um complô que a empurrava de volta aquela pequena cidade perdida no Oregon.

- Você não parece surpresa, devo deduzir que já haviam feito esse pedido para você antes?

- Sim e acho que devo entender isso como uma intimação inadiável!

- Seja quem for que a pediu para vir para cá, estou devendo uma para ela. Então, não demore, faça as malas e venha para cá! Ficará na pousada conosco! – Simon desligou sem esperar sua resposta. Mas o que havia com aquele pessoal e a falta de senso sobre esperar por uma resposta dela? Suspirou mais uma vez.

- Bom Freud, parece que iremos para Bright Falls. – soltou um sorriso, embora, estivesse com aquele nó na garganta, ou melhor, estava com o passado a alguns quilômetros de distância dizendo "Olá".