corte de asas e ruinas

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2 ano antes da Muralha - Rhysand Havia muito que o barulho das moscas e os gritos dos sobreviventes
suplantara os barulhos dos tambores de guerra.
O campo de matança era agora um emaranhado de cadáveres, tanto humanos quanto feéricos,
interrompidas apenas pelo barulho de asas em direção ao céu cinza ou o bufar ocasional de um cavalo
caído. Com o calor, apesar da densa nuvem que se avizinhava, o cheiro seria, em breve, insuportável. As
moscas já se arrastavam sobre olhos que miravam fixos o céu. Elas não diferenciavam carne mortal da
imortal.
Fiz meu caminho pelo que havia sido antes uma planície repleta de grama, marcando as bandeiras meio
afundadas entre a carnificina e a lama. Levara boa parte das forças que me restavam não arrastar minhas
asas por cima de corpos e armaduras. Meu próprio poder havia sido depredado antes que a carnificina
tivesse acabado.
Havia passado as últimas horas lutando como os mortais ao meu lado: com a espada, com os punhos e
foco e brutalidade incansáveis. Havíamos segurado as legiões de Ravennia – hora após hora havíamos
mantido a linha, como eu havia sido ordenado por meu pai, como eu sabia que deveria fazer. Falhar aqui
teria sido o golpe de misericórdia na nossa parca resistência.
Eu arrodeei um cavalo marrom-dourado. Os olhos do bonito animal ainda estavam arregalados de horror,
as moscas formando uma crosta no seu flanco. O cavaleiro estava torcido por baixo dele, com a cabeça
parcialmente cortada. Não por um golpe de espada.
Não, aquelas marcas brutais eram de garras. A fortaleza iminentemente às minhas costas era muito
valiosa para ser cedida aos Leais. Não só pela sua localização no coração do continente, mas também
pelos suprimentos que guardava. Pelas forjas que trabalhavam dia e noite, labutando para suprir nossas
forças.
A fumaça das forjas já se misturava às das piras que eram acesas atrás de mim enquanto caminhava,
procurando nos rostos dos mortos. Dei ordem para que os soldados que tivessem estômago tomassem
quaisquer armas encontradas em ambos exércitos.
Precisávamos delas desesperadamente para nos importamos com coisas como honra.
Especialmente quando o outro lado não se importava em nada.
Tão quieto – o campo de batalha estava tão quieto, comparado com o caos e matança que finalmente
haviam sido interrompidos horas atrás. O Exército dos Leais havia escolhido bater em retirada ao invés
de render-se, deixando seus mortos para os corvos.
Eles não cederiam facilmente. Os reinos e territórios que queriam seus escravos humanos não perderiam
essa guerra a menos que não tivessem outra escolha. E mesmo assim... Aprendemos do jeito mais difícil,
e muito rápido, que eles não tinham nenhum apreço pelos ritos ou regras de batalha. E para os territórios
Feéricos que lutassem ao lado das forças mortais... Erámos para ser esmagados como vermes.
Espantei para longe uma mosca que zunia em meu ouvido. Minha mão ensopada com meu sangue e sangue
estranho.Sempre achei que a morte seria uma espécie de boas vindas dócil – uma espécie de canção de ninar doce
e triste que me guiaria para o que quer que houvesse do outro lado.
Me esbarrei com uma bota de um porta-estandarte Leal, espalhando lama vermelha sobre o bordado de
presa de javali na sua bandeira verde-esmeralda.
Eu agora me perguntava se a canção de ninar da morte não era uma canção amável, mas sim o zunir das
moscas. Se as moscas e vermes não seriam as damas de companhia da morte.
O campo de batalha se estendia para o horizonte em todas as direções, menos às minhas costas, onde
ficava a fortaleza.
Por três dias nós os seguramos; três dias tínhamos lutado e morrido ali.
Mas seguraríamos a linha. De novo e de novo. Eu liderei Humanos e Feéricos, me recusei a deixar que os
exércitos dos Leais quebrassem nossa linha, mesmo quando eles martelaram nosso flanco direito
vulnerável com tropas recém chegadas no segundo dia.
Usei meu poder até que ele fosse nada além de fumaça em minhas veias, e então eu usei todo meu
treinamento Illyriano, até que eu não soubesse nada além de girar meu escudo e espada e que fosse tudo o
que tivesse contra as hordas.
Uma asa illyriano semi retalhada surgiu sobre uma camada de corpos de Grão-Feéricos, como se tivesse
sido necessário seis deles para derrubar o guerreiro. Como se ele tivesse levado todos os seis com ele.
Meu coração irrompeu contra meu corpo enquanto eu movia os corpos pra longe.
Reforços haviam chegado no alvorecer do terceiro e final dia, mandados por meu pai depois de ter
implorado por ajuda. Estava muito perdido na fúria da batalha para notar quem eles eram além de uma
unidade Illyriana, especialmente quando tantos deles usavam Sifões.
Mas nas horas desde que eles tinham salvado nossos traseiros e virado a maré da batalha não avistara
nenhum dos meus irmãos entre os vivos. Não sabia nem se Cassian ou Azriel haviam lutado nessa
planície.
O último era improvável, pois o meu pai o mantinha perto como seu espião. Já Cassian... Cassian poderia
ter sido redesignado. Eu não duvidaria se meu pai o designasse para uma legião que estava para ser
massacrada como essa estava provavelmente para ser, com quase metade dela pulando fora do campo de
batalha mais cedo.
Meus dolorosos e sangrentos dedos cavavam entre as armaduras dentadas e carne dura e pegajosa
enquanto eu empurrava para longe o corpo do último Grão-Feérico empilhado sob o corpo do illyriano.
O cabelo negro, a pele dourada... Igual aos de Cassian.
Mas não era de Cassian o rosto cinzento mortal que olhava fixo para o céu.
Um suspiro escapou de mim, meus pulmões ainda duros de gritar, meus lábios secos e rachados.Precisava de água – urgentemente. Mas logo ao lado outro par de asas illyrianas surgiu da pilha de
corpos.
Tropecei e me arrastei em sua direção, deixando que minha mente flutuasse para algum lugar escuro e
quieto, enquanto eu consertava o pescoço no ângulo errado para olhar o rosto sob o capacete.
Não era ele.
Fiz meu caminho pelos cadáveres até outro corpo illyriano.
E outro. E mais outro.
Alguns eu conhecera. Alguns não. E mesmo assim o campo de mortes se estendia adiante, sob o céu.
Milha após milha. Um reino de corpos podres.
E ainda assim eu procurei.
PART ONE
Princess of Carrion CHAPTER 1 - Feyre A pintura era uma mentira.
Uma mentira brilhante e linda, explodindo com flores rosa claro e grandes feixes de luz do sol.
Eu tinha começado ela no dia anterior, um estudo ocioso do jardim de rosas vistos da janela do estúdio.
Através do emaranhado de espinhos e folhas acetinadas, um verde do mais vívido se espalhava nos
morros à distância.
Primavera incessante e implacável. Se eu tivesse pintado essa visão do jeito que meus instintos
pediram... espinhos que rasgam carne, flores que bloqueiam o sol de qualquer planta menor que elas, e
morros manchados de vermelho. Mas cada pincelada na grande tela era calculada, cada batida e giro de
cores se misturando tinha a intenção de retratar não só a primavera ociosa, mas também um cenário
ensolarado. Não feliz demais, mas alegre, finalmente sarando de horrores que eu divulguei
cuidadosamente.
Eu diria que nas últimas semanas fabriquei meu comportamento tão intricadamente quanto uma dessas
pinturas. Eu achava que, se eu fosse me apresentar como realmente queria, eu estaria adornada com
garras que rasgam carne, e mãos que enforcavam até a morte as pessoas agora em minha companhia. Eu
deixaria os corredores dourados manchados de vermelho.
Mas ainda não.
Ainda não, eu digo a mim mesma com cada pincelada, com cada movimento calculado que eu fizera
nestas últimas semanas.
A vingança rápida não ajudaria ninguém e nada além da minha própria raiva. Cada vez que eu falo com
eles, eu ouço os soluços de Elain enquanto ela era forçada a entrar no Caldeirão. Cada vez que eu olho
para eles, vejo Nestha apontando aquele dedo para o Rei de Hybern em uma promessa de morte. Cada
vez que sinto seus cheiros, minhas narinas estão novamente cheias do cheiro do sangue de Cassiaquando ele se acumulava nas pedras escuras daquele castelo de ossos.
O pincel estalou entre meus dedos. Eu o tinha partido em dois, a madeira pálida e danificada além do
reparo. Xingando sob minha respiração, eu olhei para as janelas, para as portas. Este lugar tinha muitos
olhos para arriscar arremessar o pincel na lixeira. Eu lanço a minha mente ao meu redor como uma rede,
procurando qualquer um próximo o suficiente para testemunhar, para ser espionar. Não encontrei nenhum.
Eu juntei minhas mãos diante de mim, metade do pincel em cada palma. Por um momento, deixei-me ver
através da magia que ocultava a tatuagem na minha mão direita e no antebraço. As marcas do meu
verdadeiro coração. Meu verdadeiro título. Grã-Senhora da Corte Noturna.
Metade de um pensamento meu fez o pincel explodir em chamas. O fogo não me queimou, mesmo quando
devorava a madeira, o pincel e a tinta.
Quando não passava de fumaça e cinzas, eu convoquei um vento que os varreu das minhas palmas,
voando pelas janelas abertas. E como uma boa medida de precaução, eu invoquei uma brisa do jardim
para serpentear através da sala, limpando longe qualquer odor de fumaça, enchendo-o com o cheiro
mofado e sufocante de rosas. Talvez quando minha tarefa aqui estivesse terminada, também queimaria
essa mansão ao chão.
Começando com aquelas rosas.
Duas presenças que se aproximavam bateram em minha mente, e eu peguei outro pincel, mergulhando-o
no mais próximo redemoinho de tinta, e abaixei as invisíveis e escuras armadilhas que ergui ao redor do
quarto para me alertar de qualquer visitante.
Eu estava trabalhando no modo como a luz do sol iluminava as veias delicadas em uma pétala de rosa,
tentando não pensar em como eu uma vez vi isso fazer o mesmo com as asas Ilirianas, quando as portas se
abriram. Eu fiz um bom show parecendo perdida em meu trabalho, encurvando os ombros um pouco,
angulando a cabeça. E fiz uma demonstração ainda melhor de olhar lentamente por cima do meu ombro,
como se a luta para me separar da pintura fosse um verdadeiro esforço.
Mas a batalha de verdade foi o sorriso que eu forcei para a minha boca. Para os meus olhos - o o que diz
a verdade sobre a natureza genuína de um sorriso. Eu tinha praticado no espelho. De novo e de novo.
Então meus olhos facilmente se enrugaram quando eu dei um sorriso suave, mas feliz para Tamlin.
Para Lucien.
- Desculpe interromper. - Tamlin disse - escaneando meu rosto a procura de qualquer sinal das sombras
que eu me lembrava de ocasionalmente ser vítima, as que eu empunhava para mantê-lo na baía quando o
sol caía além desses contrafortes. . – “Mas eu pensei que você poderia querer se preparar para a
reunião” - eu me fiz engolir, abaixar o pincel, não mais do que a garota nervosa e insegura que eu tinha
sido há muito tempo - É ... você falou com lanthe? Ela está realmente vindo?
Ainda não a tinha visto. A Alta Sacerdotisa que havia traído minhas irmãs para Hybern, nos traído para
Hybern.E mesmo que os relatos sombrios e rápidos de Rhysand, através do vínculo de parceria,
apaziguassem um pouco do meu pavor e terror... Ela era responsável por isso. O que tinha acontecido
semanas atrás.Foi Lucien quem respondeu, estudando a pintura como se tivesse a prova que eu sabia que ele estava
procurando. – “Sim. Ela... tinha suas razões, ela está disposta a explicar a você”
Talvez junto com suas razões para colocar suas mãos em quaisquer machos que ela gostasse, eles
desejassem ou não. Por fazê-lo a Rhys, e Lucien. Eu me perguntava o que Lucien realmente pensava
disso. E o fato de que a garantia da amizade com Hybem tinha acabado sendo sua parceira. Elain.
Não tínhamos falado do salvamento de Elain uma única vez, no dia depois de eu ter voltado. Apesar do
que Jurian implícito a respeito de como minhas irmãs serão tratadas por Rhvsand, eu tinha dito a ele,
apesar de como a Corte Noturna é, eles não irão ferir Elain ou Nestha assim - ainda não. Rhysand tem
maneiras mais criativas de prejudicálos.
Lucien ainda parecia duvidar. Mas, novamente, eu também tinha sugerido, em minhas próprias "lacunas"
de memoria, que talvez eu não tivesse recebido a mesma criatividade ou cortesia.
Que eles acreditavam tão facilmente, que eles pensavam que Rhysand iria forçar alguém... eu adicionei o
insulto para a lista longa e longa de coisas para fazê-los pagar.
Apoiei o pincel e tirei a blusa pintada de tinta, colocando-a cuidadosamente sobre o banquinho em que
estive presa por duas horas.
- Eu vou me trocar. - Eu murmurei passando minha trança solta sobre um ombro.
Tamlin assentiu com a cabeça, monitorando meus movimentos enquanto eu me aproximava deles.
- A pintura está linda.
- Está longe de estar pronta. - Eu disse trazendo a tona aquela garota que evitava elogios e cumprimentos,
que queria passar despercebida. "Ainda está uma bagunça."
Francamente, era um dos meus melhores trabalhos, mesmo que sua falta de alma só fosse aparente para
mim.
- Eu acho que todos nós estamos. - Tamlin ofereceu com a tentativa de um sorriso.
Eu contive minha vontade de rolar meus olhos, e devolvi seu sorriso, roçando minha mão sobre seu
ombro quando eu passei.
Lucien estava esperando do lado de fora do meu novo quarto quando saí dez minutos depois. Tinha me
levado dois dias para parar de ir para o antigo - para virar à direita no topo das escadas e não à
esquerda. Mas não havia nada naquele quarto velho.
Eu olhei para ele uma vez, no dia depois que eu voltei.
Móveis quebrados; A cama retalhada; Roupas espalhadas como se ele tivesse me procurado dentro do
armário. Ninguém, ao que parece, tinha tido permição para limpar.Mas foram as videiras - os espinhos - que o tornaram inviável. Meu antigo quarto tinha sido invadido por
eles. Eles tinham curvado e deslizado sobre as paredes entrelaçadas entre os escombros. Como se
tivessem se arrastado para fora das treliças sob minhas janelas como se uma centena de anos tivesse
passado e não meses.
Esse quarto era agora um túmulo. Eu juntei as suaves rosa de meu vestido de gaze em uma mão e fechei a
porta do quarto atrás de mim. Lucien permaneceu encostado na porta do outro lado da minha.
Quarto dele.
Eu não duvido que ele tivesse assegurado que eu agora ficasse do outro lado dele.
Não duvidava que o olho de metal que possuía sempre estivesse voltado para meus próprios aposentos,
mesmo enquanto dormia.
- Estou surpreso que você esteja tão calma, dadas suas promessas em Hybern. -
Lucien disse como forma de cumprimento.
A promessa que eu tinha feito de matar as rainhas humanas, o rei de Hybem, Jurian, e lanthe pelo tinham
feito a minhas irmãs. Aos meus amigos.
- Você mesmo disse que lanthe tinha suas razões. Por mais furiosa que eu possa estar, eu posso ouvi-la.
Eu não tinha contado a Lucien o que eu sabia sobre sua verdadeira natureza.
Significaria explicar que Rhys a expulsara de sua própria casa, que Rhys o fizera para defender a si
mesmo e aos membros de sua corte, e levantaria demasiadas perguntas, minando muitas mentiras
cuidadosamente elaboradas que haviam mantido sua Corte – minha Corte - segura.
Embora eu me perguntasse se, depois de Velaris, era mesmo necessário. Nossos inimigos sabiam da
cidade, sabiam que era um lugar de bem e paz. E tinham tentado destruí-lo na primeira oportunidade. A
culpa pelo ataque a Velaris, depois que Rhys a revelara àquelas rainhas humanas assombrariam meu
parceiro pelo resto de nossas vidas imortais.
- Ela vai contar uma história que você vai querer ouvir. - Lucien alertou.
Dei de ombros, dirigindo-me pelo carpete do corredor vazio. “Posso decidir por mim mesma, embora
pareça que você já decidiu não acreditar nela.”
Ele parou em um degrau ao meu lado. "Ela arrastou duas mulheres inocentes para isso.”
- Ela estava trabalhando para garantir que a aliança com Hybern fosse mais forte.
- Lucien me parou com uma mão ao redor do meu cotovelo.
Eu permiti isso, porque se eu não permitisse, repetindo o que eu tinha feito na floresta há meses atrás, ou
usando uma manobra defensiva ilíria para bater nele ou em seu traseiro, iria arruinar meu ardil. “Você é
mais esperta do que isso.”Estudei a mão larga e bronzeada enrolada ao redor do meu cotovelo. Então eu encontrei um olho castanho
avermelhado e um zumbindo com ouro.
Lucien suspirou “Onde ele a está mantendo?”
Eu sabia quem ele queria dizer Eu balancei a cabeça. “Eu não sei. Rhysand tem uma centena de lugares
onde eles poderiam estar, mas duvido que usasse qualquer um deles para esconder Elain, sabendo que
estou ciente deles.”
- Diga-me de qualquer maneira. Liste todos eles.
- Você vai morrer no momento em que colocar os pés em seu território.
- Eu sobrevivi bem quando encontrei você.
- Você não podia ver que ele tinha me escravizado. Você deixou ele me levar de volta. - Mentira, mentira,
mentira.
Mas a dor e a culpa que eu esperava não estavam lá. Lucien lentamente soltou seu aperto. “ Preciso
encontrá-la.”
- Você nem mesmo conhece Elain, o vínculo da Parceria é apenas uma reação física que acalma seu bom
senso.
- Foi isso que aconteceu com você e Rhys?
Uma pergunta quieta e perigosa. Mas eu fiz o medo entrar em meus olhos, deixei-me arrastar acima
memórias do tecelão, do escultor, do verme Middengard de modo que o velho terror encharcasse minha
voz.
- Eu não quero falar sobre isso. - Eu disse, minha voz em uma agitação áspera.
Um relógio soou no nível principal. Eu enviei uma oração silenciosa de agradecimento à Mãe e comecei
um passo rápido.
- Nós vamos nos atrasar.
Lucien apenas assentiu com a cabeça. Mas eu senti seu olhar nas minhas costas, fixos na minha espinha,
conforme eu desci as escadas. Para ver lanthe.
E, finalmente, decidir como eu faria para retalhar ela em pedaços.
***
A Alta Sacerdotisa parecia exatamente como eu me lembrava, em ambas as memórias que Rhys me
mostrou e em meus próprios sonhos acordados sobre usar as garras escondidas sob minhas unhas para
talhar seus olhos, então sua língua, então abriu sua garganta.
Minha raiva se tornara uma coisa viva dentro do meu peito, um batimento cardíaco ecoando q me acalmava para dormir e me despertava ao acordar. Eu me acalmei enquanto olhava para lanthe através da
mesa de jantar formal, Tamlin e Lucien me acompanhando.
Ela ainda usava o pálido capuz e o círculo de prata com a sua límpida pedra azul.
Como um Sifão - a jóia em seu centro me lembrou dos Sifões de Azriel e Cassian.
E eu me perguntava se, como os guerreiros ilírios, a jóia de alguma forma ajudou a dar forma a um dom
inesgotável de magia em algo mais refinado, mais mortal. Ela nunca o tinha removido - mas, novamente,
eu nunca tinha visto lanthe chamar qualquer poder maior do que acender uma bola de fogo féerico em
uma sala.
A Alta Sacerdotisa abaixou seus olhos azuis para a mesa de madeira escura, o capuz lançando sombras
em seu perfeito rosto.
- Quero começar por dizer quão verdadeiramente arrependida eu estou . Eu agi por um desejo de ...
conceder o que eu acreditei que talvez você desejasse, mas não se atreveu a dar voz, e ao mesmo tempo
manter nossos aliados em Hybem satisfeitos com nossa lealdade.
Bonitas mentiras envenenadas. Mas encontrando seu verdadeiro motivo... eu estava esperando essas
semanas por esta reunião. Tinha passado essas semanas fingindo convalescer, fingindo curar os horrores
que eu tinha sobrevivido nas mãos de Rhysand.
- Por que haveria de querer que minhas irmãs aguentassem isso? - Minha voz saiu tremendo, fria – Ianthe
levantou a cabeça, examinando meu rosto inseguro, se não um pouco distante. “Porque então você
poderia estar com elas para sempre. E se Lucien tivesse descoberto que Elain era sua parceira antes,
teria sido... devastador perceber que ele teria apenas algumas décadas.”
O som do nome de Elain em seus lábios emitiu um grunhido pela minha garganta.
Mas eu o soltei, caindo naquela máscara de tranqüilidade dolorida, a mais nova em meu arsenal.
Lucien respondeu: "Se você espera nossa gratidão você estará esperando sentada, lanthe."
Tamlin lançou-lhe um olhar preocupado - tanto com as palavras quanto com o tom.
Talvez Lucien matasse lanthe antes que eu tivesse a chance, apenas pelo horror em que ela colocara sua
parceira naquele dia.
- Não. - lanthe respirou, os olhos arregalados, a imagem perfeita de remorso e culpa. "Não, eu não espero
gratidão no mínimo. Ou perdão. Mas compreensão... esta é a minha casa também". Ela levantou uma mão
esguia vestida em anéis de prata e pulseiras para abarcar o quarto, a mansão. "Todos nós tínhamos que
fazer alianças que não acreditávamos que jamais teríamos forjado - talvez desagradáveis, sim, mas... as
forças de Hybern são grandes demais para serem detidas. Agora só podemos resistir a isso como a
qualquer outra tempestade. " Um olhar para Tamlin. "Nós trabalhamos tanto para nos preparar para a
chegada inevitável de Hybern - todos esses meses. Eu cometi um grave erro, e eu sempre lamentarei
qualquer dor que eu causei, mas vamos continuar este bom trabalho juntos. Vamos encontrar uma maneira
de garantir que nossas terras e pessoas sobrevivam ".  À custa de quantos outros? - Perguntou Lucien.
Mais uma vez, esse olhar de advertência de Tamlin. Mas Lucien o ignorou.
- O que eu vi em Hybern. - Disse Lucien, segurando os braços de sua cadeira com força suficiente para
que a madeira gemesse. "Todas as promessas que ele fez de paz e imunidade..." Ele parou, como se
lembrando que lanthe poderia muito bem contar isso de volta para o rei. Afrouxou seu aperto na cadeira
flexionando seus dedos longos antes de se estabelecer sobre os braços novamente. “Temos que ter
cuidado.”
- Vamos ter. - Prometeu Tamlin. "Mas nós já concordamos com certas condições.
Sacrifícios. Se nos separarmos agora ... mesmo com Hybern como nosso Aliado, temos de apresentar
uma frente sólida. Juntos."
Ele ainda confiava nela. Ainda pensava que Lanthe tinha feito apenas uma má escolha. Não tinha idéia do
que espreitava sob a beleza, as roupas e os piedosos encantamentos.
Mas, novamente, essa mesma cegueira o impediu de perceber o que rondava sob minha pele também.
Ianthe inclinou a cabeça novamente. "Eu me esforçarei para ser digno de meus amigos."
Lucien parecia estar tentando muito, muito fortemente não revirar os olhos. Mas Tamlin disse “Nós todos
vamos tentar”
Essa era sua nova palavra favorita: tentar.
Eu só engoli, certificando-se de que ele ouviu - e assentiu lentamente, mantendo meus olhos em lanthe.
"Nunca mais faça algo assim."
Um comando de tolo - um que ela esperava que eu fizesse, pela rapidez com que ela assentiu.
Lucien recostou-se em seu assento, recusando-se a dizer qualquer outra coisa.
- Lucien tem razão. Disse eu, o retrato de preocupação. “E quanto ao povo nesta corte durante este
conflito?” Eu fiz uma careta para Tamlin. "Eles foram brutalizados por Amarantha - não tenho certeza de
quão bem eles vão suportar viver ao lado de Hybern.
Eles sofreram bastante. "
A mandíbula de Tamlin se apertou. "Hybem prometeu que nosso povo permanecerá intocado e sem
perturbações." Nosso povo. Eu quase fiz uma careta -
enquanto eu acenei novamente em compreensão. "Era uma parte do nosso negócio."
Quando ele vendeu toda a Prythian e esgotou tudo de decente e bom em si mesmo, para me recuperar.
“Nosso povo estará seguro quando Hybern chegar ... Apesar de ter dado a ordem para que as famílias ...
se mudem para a parte oriental do território, por enquanto.”
Bom. Pelo menos ele tinha considerado aquelas baixas em potencial - pelo menos ele se importava tanto com o seu povo, entendendo que tipo de jogos doentios Hybern gostava de jogar e que ele poderia jurar
uma coisa, mas significar outra. Se ele já estava movendo os que mais estariam em risco durante o
conflito para fora do caminho, fez o meu trabalho aqui mais fácil. E para o leste - um pouco de
informação que eu guardei. Se o leste estivesse seguro, então o oeste... Hybern estaria realmente vindo
dessa direção.
Chegando lá. Tamlin soltou um suspiro. "Isso me leva à outra razão por trás desta reunião.”
Eu me preparei, educando meu rosto para transmitir uma leve curiosidade, conforme ele declarou: "A
primeira delegação de Hybern chega amanhã." A pele dourada de Lucien empalideceu. Tamlin
acrescentou “Jurian estará aqui ao meio-dia.”

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