Eu mal tinha escutado qualquer sussurro sobre Jurian nessas últimas semanas - não tinha visto o capitão
humano ressuscitado desde aquela noite em Hybern.Jurian havia renascido pelo Caldeirão através de seus odiosos restos, os que Amarantha usara como
troféu por quinhentos anos, sua alma aprisionada e consciente de tudo ao redor com o seu olho,
magicamente preservado.Ele era louco - já tinha enlouquecido há muito tempo, antes mesmo do rei de Hybern o ter ressuscitado
para guiar as rainhas humanas por um caminho de ignorância subserviência.
Tamlin e Lucien sabiam. Sabiam e tinham visto aquele brilho nos olhos de Jurian.
Mas... Eles pareciam não se importar completamente que o rei de Hybern possuía o Caldeirão - que eracapaz de rachar o mundo no meio. Começando com a muralha. A única coisa que se interpunha entre os já
reunidos exércitos Feéricos letais e asvulneráveis terras humanas abaixo.
Não, aquela ameaça não parecia manter Tamlin ou Lucien acordados à noite. Ou de convidar esses
monstros para sua casa.
Tamlin me prometera, quando retornei, que eu ficaria a par de cada planejamento,de cada reunião. E ele
tinha cumprido sua palavra e tinha dito que Jurian chegaria em dois dias com dois outros comandantes de
Hybern e eu estaria presente no momento.
E de fato eles desejavam investigar a muralha, buscar por um ponto perfeito para que pudessem render aoCaldeirão, assim que ele tivesse recuperado suas forças.
Ter transformado minhas irmãs em Feéricas tinha, aparentemente, sugado suas forças.
Minhas presunções sobre isso tinhamdurado pouco.
Minha primeira tarefa: descobrir onde eles pretendiam atacar e quanto tempo levaria para que o
Caldeirão recobrasse sua força total. Então passar a informação para Rhysand e os outros.
Tomei cuidado extra ao me vestir naquele dia, depois de um jantar abastado comuma Ianthe "cheia de
culpa" que tomara todo caminho possível para beijar nossos traseiros, o meu e o de Lucien. A
sacerdotisa aparentemente queria esperar até que os comandantes de Hybern estivessem acomodados
para fazer sua entrada. Ela arrulhou algo sobre querer que eles tivessem a oportunidade de nos conhecer
antes que ela interrompesse o encontro. Mas um olhar para Lucien e eucompreendi que ele concordava
comigo: ela havia planejado alguma entrada gloriosa.
Fazia pouca diferença para mim - para meus planos.
Planos que eu mandara pelo laço da parceria na manhã seguinte, palavras e imagens tropeçadas ao longo
de um corredor de noite.Não ousava a usar o laço com muita frequência. Havia mecomunicado com Rhys apenas uma vez desde
que chegara ali. Uma única vez, nas horas posteriores à minha entrada no antigo quarto e espiar o que os
espinhos haviam conquistado.
Foi como se tivesse gritado à uma grandedistância, como falar debaixo d'água.
Estou a salvo e bem. Havia disparado pelo laço. Contarei o que sei em breve. Esperei, deixando que as
palavras viajassem na escuridão. Então, perguntei: eles estão bem? Estão feridos?
Não me lembrava de o laço entre nós sertão difícil de ouvir, mesmo quando eu ainda morava nesse lugar
e ele costumava se certificar de que eu estava respirando, que meu desespero ainda não tinha me
engolido por inteiro. Mas a resposta deRhys veio um minuto depois: Eu te amo. Eles estão bem, estão
se curando.
E foi isso.
Como se fosse tudo que ele pudesse ajeitar. Havia voltado para meus novos aposentos, trancado a porta,
e encapsulado todo o ambiente numabolha dura de ar para manter qualquer cheiro das minhas lágrimas
silenciosas, enquanto eu me enrolava num canto do banheiro.
Já tinha sentado nessa posição e observado as estrelas durante longas horas da noite.
Agora eu olhava para o céu sem nuvens além das largas janelas, para os pássaros cantando uns para os
outros e queria rugir.
Não ousara pedir mais detalhes sobre