Brincadeiras de Halloween

37 4 6
                                    


Hoje inicia a WeekAcampamento, que vai até dia 21! Eu não podia não participar então vou tentar trazer histórias no tema de cada dia. O de hoje é "Fantasmas" 

Mas não prometo que conseguirei trazer todas a tempo. Peço desculpas pelo meu sumiço de MESES e aproveitem a história <3

~~~

O mestiço observava o por do Sol sem dar muita atenção. Desde que sua vida havia acabado, e apenas seu espírito restara, o jovem vira seus dias tornarem-se totalmente tediosos. No início até parecia mais interessante, encarar o mundo ao seu redor com uma nova forma de perspectiva. Mas com o tempo começara a se sentir sufocado. Ele via as pessoas por aí no acampamento, via seu amigos, mas não podia conversar com eles e demoraria décadas e mais décadas para isso ser possível novamente. Ele não sabia muito bem o porquê, mas algo lhe impedia de se aproximar das pessoas. O máximo que fazia de vez em quando era brincar com sua flor, levando-a para diversos lugares diferentes e ria com Eokor tendo que adivinhar onde ela poderia estar. Ou pregar peças na Ruiva, escondendo seus materiais de costura. Esse era o máximo de interação que tinha agora. Os outros fantasmas haviam desaparecido, apenas Mônica e Pedro via de vez em quando vagar por aí. Ayu, Danrique, e Orion, nunca mais os achou. Sua teoria é que talvez eles estivessem no "lugar melhor" que ouvira sua vida inteira falarem sobre, e se perguntava por que raios continuava "preso" ali se esse fosse o caso.

Um repentino raio solar em seus olhos o fez sair de seus devaneios, quase cegando-o por um momento, e então percebeu que a manhã já começara. Tudo estava iluminado e as pessoas começavam aos poucos a acordar. Decidira sair dali antes que alguém o visse. Andando de longe, enquanto observava o acampamento atrás dos arbustos e árvores, percebera que tudo estava decorado com abóboras, morcegos, e demais enfeites "assombrosos". Fora então que se lembrou que aquele dia era o famoso feriado de Halloween. Uma ideia surgiu em sua mente. E se fizesse algumas "brincadeiras" com as pessoas? Elas já acreditavam que o acampamento era mal assombrado - o que me partes era verdade - principalmente a noite, então não achariam estranho se situações fora do comum acontecessem naquele dia certo? Com uma nova esperança de acabar com seu tédio crescendo em seu peito, Elfo começara a caminhar em direção ao Pedro Acampamentos. Buscaria coisas e seres que ele poderia usar. Planejava brincar com as pessoas da tarde para noite, pois achava que assim seria mais divertido. Como uma criança animada com um brinquedo novo, ele começara a investigar a sede.

~•~

Gritos femininos eram ouvidos abaixo no restaurante, e o mestiço estava indignado vendo do telhado. Ainda nem tinha feito nada demais, apenas soltado alguns ratos pelo local, e a mulher já estava assustada. Pensara então, que ela devia ter sorte em viver uma vida simples. Imagina se ela tivesse que lutar contra mobs hostis? Estaria ferrada. Seus pensamentos foram cortados ao ouvir uma voz familiar de alguém tentando controlar a situação. Eokor. Coincidentemente, ele aparecera ali pouco antes da mulher começar a gritar, e pela sua expressão parecia tão entediado quanto seu amigo fantasma, mas agora tentava esconder um sorriso. Elfo sorriu também, ao lembrar que quase qualquer brincadeira e desafio maluco que ele se propunha a fazer, ao invés de por juízo em sua cabeça, Eokor ajudava-o e ainda "piorava" suas ideias. Sua felicidade logo fora substituída por uma dor sufocante em seu peito. Saudade. Ele tentava ignora-la, fingir que ela não existia, mas ela estava lá. Sempre. Era ainda pior para si, pois via seus amigos todos os dias e eles não sabiam. Jamais saberiam.

Levou seu braço esquerdo aos olhos, quando percebeu que iria chorar. Tentou afastar seus repentinos devaneios angustiantes, e focar no que estava fazendo ali. Queria se divertir com pegadinhas bobas naquela noite. Não se lamentar mais uma vez da situação em que se encontrara. Limpou os olhos e ao abri-los novamente, percebeu que suas brincadeiras estavam dando certo. Um cara fugia de morcegos, uma criança brincava com borboletas monarcas, e um grupo de jovens olhava intrigado pra uma flor brilhante bem no meio de um jardim. Então, em meio a lágrimas, ele riu. Se perguntava quando fora a última vez que se divertira assim. Levantou sua cabeça e olhou a lua cheia. Parecia ter um brilho diferente naquela noite. Ou talvez ele só achasse diferente por estar olhando-a pela primeira vez de cima de um telhado como um fantasma. Ao olhar para baixo novamente, pela janelinha que lhe dava vista ao restaurante, teve a impressão de ver Eokor olhando diretamente para si, sorrindo. Se estava mesmo olhando ou não Elfo não saberia dizer, porque em menos de 2 segundos desviara sua atenção para uma pessoa que se aproximou.

O mestiço teve vontade de fugir, e se afastou dali até estar bem longe da janela.Suspirando, Elfo começou a se perguntar se seu amigo sabia sobre ele. Que se tornara um fantasma e perambulava sempre por aí. Eokor sempre fora bem perceptivo e descobria coisas que mais ninguém descobriria. Não seria estranho se de alguma forma ele soubesse sobre o esverdeado. Por mais ruim que essa hipótese talvez lhe devesse parecer, Elfo sentiu-se consolado. Talvez não estivesse tão sozinho assim como pensara. Uma nova esperança nascera em seu coração, enquanto ouvia pessoas desesperadas abaixo de si. E ao invés de se preocupar com elas, desceu do telhado e caminhou em direção a próxima localidade de seu "espetáculo".

Acampamento | One-ShotsOnde histórias criam vida. Descubra agora