|• JADE ⚡•|
Acendi meu baseado e fiquei olhando o movimentação do morro do alto da laje da minha casa. Aqui é meu lugar de paz em meio ao caos dessa minha mente perturbada.De tudo acontecia nas ruas do morro, mas o maior desastre acontecia dentro de mim.
Uma semana de passou desde que eu fiz o aborto do bebê que eu estava esperando, eu achei que eu não fosse sentir nada, mas não é bem assim. Nesse exato momento, a culpa está me consumindo por ter feito o aborto, estou a três dias sem dormir por causa da culpa que estou sentindo, todas ás vezes que fecho os olhos tentando dormir, acabo sonhando com o que eu fiz.
Podem me julgar à vontade, eu sei que o que fiz foi errado, mas era o melhor decisão que podia ter tomado naquele momento.
O meu maior sonho é poder formar uma família com alguém que eu ame verdadeiramente, quero poder ter filhos e ser mãe que nunca tive.
Queria ter motivos pra querer viver, mas a única coisa que eu não queria aconteceu, eu nasci. Minha mãe abriu as pernas pra me colocar nesse mundo sujo, violento e imundo onde só existe maldade do ser humano. A felicidade nunca bateu na minha porta, mas a tristeza sempre vinha me fazer companhia.
Quando era criança, meu sonho era viver a minha infância. Viver o hoje sem me preocupar com amanhã, viver sem precisar me preocupar se tinha roupa pra vestir, comida pra comer e cama pra dormir. Eu só queria correr, pular amarelinha na calçada, e só voltar pra casa no início da noite.
Um dia um homem chegou aqui com uma triste notícia; seu pai foi baleado e não aguentou e acabou morrendo. Sua mãe também não teve sorte, junto com a bala veio a morte.
Se isso me abalou? Não, nem um pouco.
Meu pai era um desgraçado, vagabundo e drogado, e minha mãe era só mais uma prostituta que oferecia a própria filha como mercadoria pros seus clientes, quem pagasse o preço "mais" alto iria poder me "ter" o quanto quisesse.
Depois da morte deles eu tive que fazer o possível pra sobreviver; de roubar comida no mercadinho, e até mesmo ter que me prostituir para conseguir um prato de comida, mas ninguém me disse que me manter viva seria fácil, não é? Por várias vezes tentei me matar, mas toda vez escapava da morte, a última vez que tentei me matar uma senhora acabou me encontrando a beira da morte, ela me ajudou e levou pra casa dela e foi uma mãe pra mim.
Porém, tudo que é bom dura pouco, principalmente pra mim. Ela me adotou e me tratou como se eu fosse filha dela, mas o filho dela não pensava igual ela, eu tinha catorze anos, quando ele começou a me olhar como um homem olha pra uma mulher.
Todas as vezes que ia tomar banho, eu ia morrendo de medo dela entrar no banheiro e abusar de mim, esse era o meu maior medo. O filho dessa senhora era maluco, ele sempre arrumava um jeito de implicar comigo, sempre pelos motivos mais absurdos que podia existir.
A minha "mãe" começou a reparar no jeito que olhava pra mim, sempre me olhando como se fosse um pedaço de carne. Ela ficou com medo do que podia me acontecer, enquanto ela não estava em casa, foi então que ela me deu um faca, e disse pra mim pra colocar embaixo do travesseiro e nunca tira de lá, ela disse que eu pra mim usar no momento certo. Lembro como se fosse hoje as palavras dela pra mim naquele dia.
Rosa: Eu quero que você coloque isso embaixo do seu travesseiro.- colocou a faca nas minhas mãos.- Não tenha medo, é pro seu bem! Vai chegar o dia em que você vai precisar usar essa faca e não tenha medo de usá-la, tá? - perguntou e concordei.- Nunca tire essa faca debaixo do seu travesseiro!
Dito e feito, eu realmente precisei usar aquela faca pra me defender, o filho dela uma noite enquanto ela estava trabalhando, entrou no meu quarto e tentou abusar de mim. Mas por sorte a faca estava lá, eu tirei a faca debaixo do meu travesseiro e dei uma facada nas costas dele e fugi de lá e nunca mais vi eles.
Tem vezes que penso se ela ainda está viva e se lembra de mim.
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Fatal
FanfictionPor você eu fui ao céu e ao inferno. Me viciei no teu olhar, esse teu corpo me fascina e seu jeito me alucina. Ela tem uma coisa que não sei o que é, mas me prende, me fascina que não tem em nenhuma outra pessoa, só nela.