Segunda Chance (REBUILD)

Ch XXVIII - Nova perspectiva

Depois de três dias na Montanha, esperando que Abby e Jackson coletassem a quantidade necessária de medula óssea do segundo lote de voluntários e fazendo a transfusão para o restante dos sobreviventes da Montanha, obtendo uma taxa de sucesso de 9 em 10, como havia alguns cujo corpo rejeitava a medula óssea ou não era forte o suficiente para suportar a transfusão, finalmente chegou a hora do grupo do Povo do Céu ir ao TonDC para os julgamentos dos líderes da Montanha, conforme havia sido acordado entre Lexa e Clarke, para ser uma forma de aproximar ainda os dois povos.

O plano era que o grupo fosse até a vila grounder, participasse da comemoração que estavam fazendo pelo fim da ameaça da Montanha e depois voltasse para Arkadia, passando pelo bunker para pegar os sobreviventes e levar todos de volta ao acampamento, para iniciar o processo de integração dos novos integrantes ao seu povo, acomodando-os e tudo mais. Também lhes daria tempo para reunir suas coisas e descansar um pouco antes de enfrentar um mundo inteiramente novo.

Clarke foi uma das primeiras pessoas a acordar no dia, ao sair da barraca que dividia mais uma vez com Charlotte e entrar no bunker, cumprimentando o grounder por quem passava, sentindo a presença familiar de Ryder, não mais do que dez passos atrás dela. O guarda-costas grounder havia se tornado uma presença constante em seus sentidos periféricos, tanto que nas poucas vezes em que esteve sem ele, parecia que algo estava errado; algo estava faltando.

Entrando no área médica da montanha, a primeira coisa que Clarke pôde ver foi Peter e Jackson verificando os pacientes, vendo se eles precisavam de alguma coisa, e Jackson foi quem primeiro notou sua presença, cumprimentando-a com um sorriso, que ela prontamente retribuiu antes de ele apontar para o escritório, respondendo à pergunta não feita sobre o paradeiro de sua mãe e, claro, se Abby estava lá, Jake também estava.

É por isso que ela não ficou nem um pouco surpresa ao ver seus pais abraçados na cama montada no escritório. Na verdade, isso só fez Clarke sorrir pelo fato de ela ter conseguido salvar seu pai e permitir que eles permanecessem assim na Terra. Quando filha, isso era tudo o que ela queria poder fazer e ver acontecer. Ela entrou muito silenciosamente e sentou-se na mesa, olhando os dados mostrados no computador sobre as transfusões.

Ela ficou com o coração partido ao ver que algumas pessoas não conseguiram, mas não havia nada que qualquer uma delas pudesse ter feito sobre isso, então Clarke escolheu se concentrar na taxa de sucesso e no quanto essas pessoas que ela uma vez havia condenado à morte eram agora à beira de uma vida nova e melhor que os espera fora destas paredes. A ideia de deixá-los ingressar no Povo do Céu foi realmente a melhor solução para todos os envolvidos. Ela estava feliz por tudo estar acontecendo como deveria.

"Não sei quem é pior, você ou eu, querida."

Clarke ouviu sua mãe dizer ao acordar e sorriu para a mulher que tentava se livrar do controle que seu marido exercia sobre ela sem acordá-lo.

"O que posso dizer? Aprendi isso com você."

Tendo finalmente se levantado sem acordar Jake, Abby se aproximou para abraçar e beijar o topo da cabeça da filha, "O que você estava olhando?"

"As pessoas que sobreviveram. Eu me sinto mal por não termos conseguido salvar a todos, mas há um limite para o que nós, humanos, podemos mexer certo, mãe?"

"Se ao menos os médicos deste lugar pensassem assim, eles não teriam cometido algumas das atrocidades que cometeram aos grounders." Clarke concordou de todo o coração. "Mas, sim, meu amor. Temos que ser responsáveis com o que fazemos e também aceitar o que não podemos fazer ou mudar. Caso contrário, onde traçamos o limite? Nós não somos deuses."

Concordando com essa afirmação, especialmente considerando o quão perto ela esteve de brincar de deus no laboratório, Clarke mudou de assunto: "Amanhã é o dia em que Dante, Cage e os outros receberão a punição que os grounders têm reservado para eles".