Ápice

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Talvez fosse um pouco anormal haver ônibus funcionando em plenas 02h30m da madrugada, e talvez fosse ainda mais estranho Bakugou estar nele, no último assento, bem no meio do corredor

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Talvez fosse um pouco anormal haver ônibus funcionando em plenas 02h30m da madrugada, e talvez fosse ainda mais estranho Bakugou estar nele, no último assento, bem no meio do corredor. 

Não só ele, mas também havia uma mulher bebendo alguma coisa naquele copo com canudo irritante, e também um outro otário bombado lendo uma revista que, pelo tamanho de suas mãos, chegava a ser cômico de se ver.

Também era cômico de ser um loiro com cara de parrudo jogado num ônibus, com metade do cabelo lambido para trás em gel, jaqueta de couro preta, uma social laranja, calça jeans escura toda rasgada com correntes e um coturno preto com laranja, com piercings na orelha e olhos vermelhos intensos, encarando um ponto fixo e se perguntando como diabos uma vida inteira poderia ser arruinada em tão pouco tempo.

Tudo bem que ele tinha seus vinte e tantos anos — mais perto dos trinta do que dos vinte, na realidade —, mas se sentia em um drama juvenil, onde tudo dava mais errado do que certo. E ficou ainda pior quando Katsuki começou a se questionar sobre o quê ele fez de errado para que tudo acabasse daquele jeito. Pensava como que aquela vagabunda conseguiu fazer tudo acabar daquele jeito.

As feições calmas não enganavam ninguém; o sangue de Bakugou fervia no mais puro ódio e raiva. Desde quando toda aquela merda começou. Desde quando Camie fez aquela burrada e acabou com sua vida. Ok que Katsuki suportou tudo aquilo pelo fruto que deu, mas agora? Agora tudo foi por água abaixo e tudo o que ele mais queria naquele momento era gritar e explodir.

Exatamente quando pensou em explodir, sentiu um baque na lateral do ônibus que fez o transporte público parar. Pela janela, viu um carro e dele descer cinco pessoas, todas aparentemente bêbadas, talvez voltando de alguma festa, tanto faz, só sabia que eles estavam bêbados e pareciam delinquentes. Os viu caminhando até a entrada do ônibus; os viu gritando eufóricos e batendo para entrarem, e também viu a motorista confusa e perdida, até com medo. 

Bakugou sentiu algo se acender em seu peito. Olhou suas mãos. Elas já estavam feridas, porque ele já havia dado socos em coisas aleatórias da rua naquele dia. Mas ele talvez não se importasse de dar mais socos. Na verdade, ele adoraria; não havia socado pessoas ainda.

Nunca implorou tanto para que a porta do ônibus se abrisse. 

Os tapas e as risadas, junto das lamúrias para que a motorista abrisse a porta ficavam mais altos; os poucos passageiros também começaram a notar a situação. A motorista estava nervosa. O loiro estava ansioso. 

A porta abriu.

Os jovens entraram, e eles realmente pareciam membros de alguma banda punk ou algo tipo, completamente agitados. Havia um moreno com sorriso ligeiro, uma negra de cabelos volumosos e rosas, um loiro com um raio estúpido no cabelo, um arroxeado com olheiras maiores do que poderia se dizer normal e um ruivo de cabelos espetados e forte. Esse em particular chamou mais a sua atenção, porque sua jaqueta era da sua banda de rock favorita, Kiss. Mas isso não importava.

Por Cinco MinutosOnde histórias criam vida. Descubra agora