cap 1- Freiheit 89

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          Tatuado em traços grossos, como estava na moda no início dos anos 2000, tenho tatuado em meu braço esquerdo, "Freiheit 89" (Liberdade 89), eu só sei que está no meu braço esquerdo, porque eu sempre posso facilmente verificar com um peque...

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Tatuado em traços grossos, como estava na moda no início dos anos 2000, tenho tatuado em meu braço esquerdo, "Freiheit 89" (Liberdade 89), eu só sei que está no meu braço esquerdo, porque eu sempre posso facilmente verificar com um pequeno truque. Tenho uma fraqueza terrível na mão esquerda. Então, com uma caneta imaginária na mão, eu rapidamente desenho um rabisco na minha coxa e já sei que essa deve ser a minha mão direita, porque o Bill é destro. Escolhi tatuar Freiheit 89 no meu braço esquerdo, pois é o lado onde bate o meu coração. Um lugar bem apropriado! Liberdade é provavelmente a palavra mais importante da minha vida. Meu maior desejo, minha necessidade mais íntima e profunda. Olhando para trás agora, entendo perfeitamente por que essa palavra tem um significado tão importante para mim. Tudo começou no ventre da minha mãe.

É 1 de setembro de 1989. A Alemanha está separada por uma espessa parede de concreto cinza! Enquanto milhares de manifestantes, após décadas, ousam cada vez mais sair às ruas ansiando por independência, gritando suas palavras de ordem, em busca de mudança e liberdade, enquanto isso uma mulher de vinte e um anos está em trabalho de parto, Simone Charlotte Ingeborg Kaulitz 1 minha mãe. Ela acaba de ter dois desses odiados nomes legalmente removidos de seu passaporte, é agora só se chama Charlotte. Isso é incrivelmente importante para ela, mas confuso para a maioria de seus amigos, meu irmão e eu. Enquanto fosse fisicamente possível para ela, ela marchou, protestou fortemente grávida com um escudo na mão e exigiu revolução. Agora são cinco horas da manhã, e ela está no Hospital católico St. Elisabeth-DDR em Leipzig-Connewitz. Ao seu lado, os gemidos altos de duas mulheres com quem tem de dividir o quarto. Seu pedacinho de privacidade está pendurado em divisórias de papel que foram temporariamente puxadas entre as camas do hospital como cortinas- Exceto por duas mulheres estranhas, ela está sozinha, nenhum homem para segurar sua mão. Nenhuma mãe para garantir que tudo ficará bem e que ela não está sozinha. Nenhum pai desejando sorte, dizendo que ela consegue.

Fomos concebidos na véspera de Ano Novo, na noite de 1988 para 1989. Minha mãe voltou para sua cidade natal, Magdeburgo, para uma noite de festa. Ela havia começado um estágio como livreira em Leipzig e complementou seu salário de aprendiz com trabalhos de modelo. Mamãe chegou a ser "Miss Verão 87" uma vez. Na véspera de Ano Novo, ela veio a Magdeburgo e conheceu seu ex, meu pai, com quem não estava junto há muito tempo. Foi assim que surgimos. Em 2020, provavelmente não teríamos nascido, não nessas circunstâncias. Uma mulher de vinte anos com um diploma do ensino completo, em meio a sua segunda graduação, sem um emprego consolidado ou uma perspectiva, grávida é sem o apoio dos pais... Isso só acontece com "vagabundas". Todas as meninas "decentes" têm outros planos maiores como estudar, fazer carreira e, eventualmente, se tornarem mães trabalhadoras. Qualquer outra coisa é absolutamente inaceitável no nosso tempo. Quando imagino que minha mãe estava sozinha, atrás do muro na Alemanha Oriental, nessa situação e grávida de gêmeos, me pergunto seriamente como ela poderia ter sido tão corajosa em passar por isso tudo sozinha! Hoje sei que ela era apenas ingênua.

CARREIRA SUICIDA | Bill Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora