(CAPÍTULO-2)

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Em uma noite repleta de estrelas cintilantes, uma fila de pessoas aguardava pacientemente o ônibus número dezessete. Contudo, minha experiência era tudo menos comum. De repente, vozes desconexas ecoavam à minha volta: "fulano", "oi", "eu te conheço", "você é um merda que faz merda e que é uma merda", "Bom-dia Juliano". Esses murmúrios perturbadores pareciam uma invasão à minha privacidade, como se olhos invisíveis observassem minha alma.

Minha apreensão cresceu à medida que percebi que essas palavras não coincidiam com a realidade; não havia ninguém ali além de um homem misterioso. Seus olhos, penetrantes e acusatórios, seguiam-me, e a sensação de ser alvo de uma perseguição implacável tomou conta de mim. Era como se câmeras invisíveis me filmassem em um espetáculo sombrio.

Enquanto eu tentava escapar da presença opressora, um homem corpulento e intimidador começou a perseguir-me, brandindo uma arma que mais parecia um emblema de suas inseguranças. Corri desesperado, mas ele persistia, sempre ao meu lado, como uma sombra implacável. Minha casa se tornou minha única esperança, onde tranquei a porta com todas as minhas forças. Para minha perplexidade, o homem misterioso estava ali, desafiando as leis da realidade. Sua lâmina fria tocou minha garganta, deixando-me apavorado.

Num instante inesperado, essa figura ameaçadora transformou-se em minha mãe, pedindo-me para me juntar à refeição que ela havia preparado. No entanto, ao olhar para o prato, deparei-me com uma cena de pesadelo: vermes repugnantes rastejavam por todo o alimento, liberando um fedor que sugeria a podridão de um esgoto. Minha mãe sorria de maneira perturbadora enquanto fazia perguntas sobre segredos que já havia compartilhado com ela, deixando-me estupefato: "Por que minha mãe insiste em questionar segredos que já deveriam ser conhecidos?". Recusei-me a comer, desencadeando sua raiva, seguida de ameaças de que minha vida estava em perigo. A tortura atingiu um clímax quando minha mãe tentou enforcar-me, seus dedos transformados em garras, e seus olhos demonstravam insanidade.

O cenário mudou abruptamente, e o tormento deu lugar a uma experiência surreal. Minha mãe transformou-se em um Boto cor-de-rosa, que passou a me chamar de "dama". Os vermes desapareceram, como se nunca tivessem existido, e minha casa, que anteriormente era um pesadelo, transformou-se em um idílico sítio.

No entanto, o Boto tentou me forçar enquanto me levava para o mar, deixando-me em um estado de confusão crescente. A Mula Sem Cabeça entrou em cena, ateando fogo ao sítio e transformando a boneca Emília em um boneco vodu. Minha mente estava em um turbilhão de perplexidade enquanto a boca sem cabeça atingia o boneco e me arremessava no mar, cumprindo o objetivo do Boto. A noite trágica foi sucedida por um dia repleto de visões perturbadoras e memórias sombrias, levando-me a questionar minha própria existência.

Todavia, em meu estado confuso, deparei-me com um reflexo inusitado: uma sereia. Essa ilusão inquietante foi interrompida quando um ser desconhecido se aproximou, prenunciando um desfecho obscuro. Paralisado e incapaz de me mover, observei uma figura misteriosa trajada com um manto negro. Sombras se contorciam ao seu redor, como se entidades ocultas aguardassem para me atacar.

Após essa experiência aterradora, finalmente despertei, sentindo-me exausto e desconcertado. Olhos vermelhos e uma mente turva eram as marcas dessa experiência surreal. Vestindo roupas amassadas, escovei os dentes enquanto me encarava no espelho. A última visão foi de uma mão gélida e molhada tocar meu ombro, antes de perceber aliviado que era apenas minha mãe.

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⏰ Última atualização: Jan 18 ⏰

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