Uma alma acordou à beira de ser uma iguaria exótica para um gigantesco verme, desencadeando um despertar abrupto que o precipitou de sua cama luxuriante diretamente para um abismo insondável. Esse buraco, tão sombrio quanto a psique de um fumante inveterado, era uma sinfonia grotesca, repleta de visões extravagantes.
Enquanto seus olhos percorriam as sombras, ele se viu cercado por dinossauros da era dos mitos, o próprio Odin, o deus nórdico, e um Comediante celestial falecido, ostentando uma máscara de palhaço como insígnia. Em um piscar de olhos, baratas colossais surgiam do éter, dançando uma dança macabra. Cada olhar revelava um espetáculo de horrores e maravilhas, demônios ascenderam enquanto anjos desceram.
Imobilizado pelo surrealismo dessa realidade distorcida, ele se via limitado em sua expressão, as paredes do buraco ameaçavam sufocá-lo, deixando-o com apenas o silêncio e uma expressão de perplexidade. No entanto, um vislumbre de luz no fim daquela jornada atormentada trouxe um raio de esperança, mas, ao mesmo tempo, suas palavras se enredaram em pesadelos inscritos nas paredes, como o próprio Hellsing. As paredes se contraíam inexoravelmente, enquanto ele continuava a cair.
Nesse buraco de tempestades temporais, pareceu que a eternidade se desenrolou ao longo de pelo menos uma década, até que finalmente emergiu em um reino de fantasia, um país das maravilhas despedaçado. Ali, uma congregação de ursinhos carinhosos, que secretamente desfrutava do sabor da carne humana, clamava por sua chegada.
Contudo, quando eles se aproximaram para recebê-lo, ele foi arrebatado pelo vento, voando como o Superman, mas seu choro revelava uma torrente de emoções conflitantes - medo e êxtase entrelaçados em um dueto inescrutável. No entanto, seu destino era incerto, pois uma colisão iminente com um martelo errante interrompeu sua ascensão, e ele caiu, observando passarinhos amarelos, um quadro de beleza serena.
Finalmente, ele encontrou o oceano, onde sereias hipnotizantes o seduziram com sua canção. Fascinado e perplexo, ele se perguntou: "Onde estou mesmo?" Seu desejo e incerteza aumentaram à medida que ele se aproximou perigosamente, até que a sereia ergueu a cabeça para consumir a dele. Ele afundou nas profundezas do mar, apenas para emergir, milagrosamente, com a cabeça regenerada. Nesse mundo, nada era o que parecia ser.
O tempo se diluía à medida que ele se afundava ainda mais naquela paisagem distorcida, suas memórias perdidas em uma névoa de delírio, enquanto aquele mundo peculiar se tornava a extensão de sua própria essência. Seus passos deslizavam graciosamente sobre um chão de gelo, seus olhos cintilavam em matizes vibrantes, imersos na beleza do desconhecido. Contudo, um terreno aparentemente doce o apanhou, transformando-se subitamente em areia movediça, uma metáfora vívida da incerteza que envolvia seu propósito.
Lutando para escapar da armadilha de areia, ele logo se viu engolido por um buraco habitado por formigas gigantes, surpreendentemente vegetarianas. Sua liberdade foi concedida quando reconheceram que ele não era uma iguaria humana. Em um piscar de olhos, ele se metamorfoseou em um gato negro com um sorriso enigmático, seus olhos eram poços de escuridão. Ele dançava com graça, embalado por uma melodia rock que desafiava as interpretações sombrias dos crentes, revelando a dualidade intrínseca da música.
Diante de espelhos múltiplos, ele se questionou sobre sua identidade em constante mutação. Em um momento, uma mulher, refletida nas águas, um cão covarde de tonalidades rosadas em outro. A chuva de sangue derramada por um avião, símbolo da ganância corporativa, ecoava como um lamento trágico. Enquanto contemplava a queda da aeronave, ele refletiu sobre a injustiça que afligia os menos afortunados, transformando o desastre em um ato de justiça.
Em algum lugar na Terra do Nunca, crianças indefesas permaneciam cativas, perseguidas por uma sombra sinistra e um menino que havia perdido sua humanidade. A contagem implacável das vítimas já atingira vinte, como o tic-tac de um relógio implacável. A triste sina dessas crianças estava selada, sua esperança roubada em uma ilha onde o perigo espreitava a cada esquina.
O jovem, outrora tão cheio de si, foi tragicamente engolido pelas sombras da Terra do Ninguém, um destino cruel selado pelo Bicho-Papão, que arrebatou outro jovem em sua cruel fome.
A Cuca, uma mestra das ilusões, com um movimento de seu dedo, fazia o mundo dançar ao som do Trevo, enquanto o Treco roubava da mente da criança sua imaginação doentia. Ele vagava por uma realidade em constante expansão, na qual cada vislumbre arrancava risadas até que a própria morte viesse para levá-lo.
Antes de escapar da floresta enigmática, ele brincou com as folhas, um derradeiro jogo antes que o Curupira disparasse um fogo ardente, queimando sua perna. Entre gargalhadas, o Curupira proclamou: "Parece que não temos apenas um saci-pererê aqui", enquanto o jovem fugia desesperadamente, seus olhos brilhando com cores surreais, testemunhando gatos voadores que misteriosamente se tornavam invisíveis.
Ao alcançar um lago, ele arrancou sua própria perna com as garras do gato que, de forma estranha, usava botas de folhas cortantes da Floresta do Inferno, nos olhos da própria Alice na rua. Ao tentar conter o fluxo de sangue, a falta de hemoglobina e o peso esmagador do coração o levaram a uma morte agonizante. Poucos minutos depois, ele se tornou alimento para vermes, vítima do implacável ciclo da vida e morte.
O garoto despertou em uma cama revestida de suor e em um estado de confusão, percebendo que a cama não era a sua, pois ao seu lado jazia uma garotinha loira com lábios manchados de mingau. O desespero tomou conta dele, sua mente turva como as curvas de um enigmático diálogo com os seres do submundo. Correu freneticamente na tentativa de escapar, mas a futilidade de sua fuga foi evidente, como se o ursinho de pelúcia já o tivesse previsto. Uma vez mais, o garoto encontrou uma morte estranhamente "agradável", desfeito pelas mordidas famintas de ursos insaciáveis, enquanto o mingau se derramava.
Em sua nova aparição, ele acordou atordoado, em um quarto sombrio e desordenado. O indicativo noturno na janela apontava para as duas e meia da manhã, e a atmosfera no quarto era densa e sinistra. Ele percebeu a presença inquietante de um animatrônico com olhos rubros, cujo olhar o consumia como um desespero suicida.
Esgotado, ele sucumbiu à exaustão, apagando-se do mundo. Foi então que um estranho amiguinho começou a brilhar nos olhos, entoando uma canção de "Feliz Aniversário". "Bom dia, morto!", ecoou uma saudação perturbadora.
O alarme cruel interrompeu o sono do garoto, às cinco e quarenta e sete, em um quarto desordenado e uma cama imersa em suor. Ele emergiu com um medo persistente e, ao perceber que estava em sua própria casa, uma onda de alívio lavou sobre ele. Caminhou até a cozinha, ainda abalado pelas visões perturbadoras.
No banheiro, sob o chuveiro, ele procurou dissipar o mal-estar provocado por aqueles sonhos paranoicos.
"Que tipo de sonho é esse?", refletiu, perplexo.
Seu amigo, após ouvir a história, dirigiu-se ao banheiro, enquanto ele permanecia olhando fixamente para a parede onde o amigo estava. No entanto, quanto mais ele observava, mais mãos sangrentas, como se corroídas por ácido sulfúrico, emergiam de lugares obscuros.
Quando o amigo retornou, ele girou a cabeça, questionando a realidade do que via. Contudo, à medida que o tempo avançava, algo inescapável parecia convocá-lo, uma força desconhecida que o arrastava para o abismo dos mistérios sombrios.
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ALUCINAÇÃO
Gizem / GerilimCRIADORES DA HISTÓRIA: VINICIUS JOSÉ E CAUÊ-DIAS Ano de Lançamento (2024)