𝓛𝓪𝓿𝓮𝓷𝓭𝓮𝓻// ᵏᵃᵗˢᵘᵏᶦ ᵇᵃᵏᵘᵍᵒ

𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 1

Sabe quando você se sente cansada de tudo ao seu redor, e nada parece te agradar de verdade, e até aquilo que você amava fazer, seja, pintar, escrever, tocar, caminhar, tudo parece perder a graça, e até mesmo quando se olha no espelho não vê graça em si mesma? Me sinto assim a tento tempo que já não sei mais como e me sentir feliz e satisfeita com algo. Tenho me afogado cada vez mais ao vício. Minha vida cada vez mais miserável, já não sei mais o que fazer, Nietsche nos fala sobre o amor fati, mas como posso eu, amar minha desprezível realidade? ... Me encontro agora, na cobertura do apartamento no qual eu moro, com uma garrafa de vodca e um maço de cigarro, agora já na metade, deveria ser quase umas cinco da manhã, não tenho certeza. Deplorável, se minha mãe me visse assim sua pena e desgosto seriam tão grandes, apenas de pensar nela minha vontade de me embebedar apenas aumenta. Desde sua partida tudo parece tão complicado, papai já não é o mesmo comigo, nem com ele mesmo... Sinto sua falta. 

Logo teria que me arrumar para o trabalho e ainda estou aqui, me lamentando. A cada tragada no cigarro vejo indo bora uma parte de minha ansiedade junto com ela uma parte mim se vai. Sei que não posso ficar fugindo de meus problemas dessa forma, mais um dia se inicia, infelizmente. Penso já me levantando, cambaleando, a merda do álcool ainda não passou o efeito. 

Quando estava prestes a fechar a porta de casa, tentando fazer o mínimo de barulho possível, escuto uma tosse forçada, virando meu corpo lentamente encontro meu pai, parado perto ao sofá com os braços cruzados e um olhar... aquele olhar que não era necessário palavras para demonstrar o nojo e desgosto ao olhar para mim. O único olhar que ele tem me direcionado após tudo que aconteceu, não o culpo, de forma alguma, eu mereço esse olhar, todo esse desprezo. 

Sentindo um nojo enorme de mim mesma, já não aguentava mais me fazer de forte, não estava preparada para o dia no qual eu desmoronar, e todos os muros os quais em construí caírem, e levarem consigo todo o meu ser, me soterrando junto com memórias e momentos, não seria capaz de permanecer neste mundo, mundo miserável. 

— Onde esteve? - antes mesmo de me deixar responder ele corta minha fala- Quer saber, não quero saber,  não aguento mais ver você dessa forma, não sabe o desgosto que você me traz... - ficamos em silêncios por tortuosos segundos, que me pareceram minutos, horas. - Por favor vá para o seu quarto, saia da minha frente!

Após sua fala vou rapidamente para meu quarto, sei que não deveria baixar a cabeça assim, mas ele não esta errado, sei que o que faço não agrada a ninguém ao meu redor, muito menos a mim. 

Já não aguento mais pensar, preciso de um banho. 

Logo após meu banho me arrumo pera meu trabalho, trabalho em uma cafeteria, meu pai odeia que eu trabalhe lá, sempre dizendo que ali não e meu lugar, confesso que não é meu lugar favorito, mas é o que me mantem longe de casa, e faz com que eu não precise ficar pedindo dinheiro para meu pai. Olho o horário e vejo que chegarei atrasada, suspiro cansada, odeio essa rotina. 

Quebra de tempo

Chego na cafeteria e corro para por meu avental, por sorte, havia poucos clientes, afinal era bem cedo ainda, não se passava das 7:30 da manhã. 

— De novo atrasada Yuuma? você sabe que isso pode te trazer problemas amiga. - diz Aiko com um tom baixo e preocupado, me deixando levemente culpada.

— Ela deve ter esquecido o horário, já te falei Yuuma... que quem ganha dinheiro na cama é prostituta. - fala Harumi tirando sarro do meu atraso, que nem foi tão grande, só meia horinha, poxa!

— Cala a boca Harumi, desculpa o atraso Aiko, não vai se repetir. - digo sabendo que aquilo era uma completa mentira, não era a primeira vez e não seria a ultima a se repetir.  

Elas apenas me olham sabendo que aquilho não era verdade, afinal havia dito isso das outras vezes... mas deixaram essa passar, e cada uma para uma parte da cozinha, e eu para a recepção.

Logo escuto o sino da porta tocando, avisando sobre a entrada de um novo cliente, e uau, que cliente. Com seus traços que parecem esculpidos por algum antigo escultor grego. O vejo vasculhando o local com seus olhos carmesim, até ele parar seus olhos em mim, parecendo me analisar também, não demorando para vir ao meu encontro. 

— Bom dia, o que gostaria para hoje? - digo tentando não transparecer meu nervosismo. 

— Quero um café sem açúcar, e uma torta de limão, para comer aqui. - diz ele e eu realmente não esperava aquela voz, cheguei a arrepiar.  

— Anotado, logo estarei levando para você, aguarde uns minutinhos. - falo vendo ele apenas me dando um aceno em concordância e indo em direção a uma mesa perto da janela. 

Fico alguns minutinhos o observando, ele me parece familiar... Após fazer seu pedido, vou em direção a sua mesa. 

— Aqui, licença - peço colocando seu pedido em sua frente  - Espero que goste! - digo já saindo para voltar ao balcão, mas escuto sua voz me chamar. 

— Qual é o seu nome? - pergunta e eu fico surpresa, afinal por que ele gostaria de saber?

—  Sou Yoshida Yuuma... - o encaro com dúvida 

— Sou Katsuki Bakugo, nos conhecemos de algum lugar? 

—  Creio eu que não, porque a pergunta?

—  Percebi você me encarando com certa duvida, e você me parece familiar, mas acho que foi apenas um engano.

— Ah... perdão, eu tive a mesma sensação, de que te conhecia, mas deve ser um engano, licença agora preciso voltar ao meu trabalho - falo com a vergonha me consumindo, como ele sabe que estava o encarando? 

Saio quase correndo para o balcão, e vejo as meninas rindo, apenas bufo indignada com o riso delas. Tenho e impressão que aquela não seria a ultima vez que nos veríamos... eu deveria me concentrar no trabalho, vamos Yuuma, ânimo! 

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